UE mantém permissão para soja geneticamente modificada
12 de setembro de 2019
Mais alta corte da União Europeia rejeita ação movida por três ONGs alemãs pedindo a proibição da comercialização do produto no bloco. Organizações alegaram não haver estudos suficientes para determinar riscos à saúde.
Anúncio
Produtos que contêm soja geneticamente modificada produzida pela empresa agroquímica Monsanto podem continuar sendo comercializados na União Europeia (UE), decidiu nesta quinta-feira (12/09) a mais alta corte do bloco comunitário.
O Tribunal de Justiça da União Europeia, sediado em Luxemburgo, rejeitou uma ação aberta por três ONGs alemãs, que pediam a proibição da venda das sementes. A decisão da corte é final, sem possibilidade de recurso.
A Comissão Europeia autorizou a venda de produtos que contêm a soja geneticamente modificada em 2012. Essa aprovação foi precedida por um parecer positivo da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA), que concluiu que esse tipo de soja é tão seguro quanto a soja convencional em relação aos efeitos na saúde humana ou animal e ao meio ambiente.
As organizações não governamentais TestBioTech, European Network of Scientists for Social and Environmental Responsibility e Sambucus contestaram a decisão com base na argumentação de que não foram realizadas pesquisas suficientes sobre os potenciais riscos à saúde dos grãos geneticamente modificados. Assim, solicitaram à Comissão Europeia que reexaminasse a autorização.
Atualmente, não há cultivo de plantas geneticamente modificadas na Alemanha. No entanto, existem cerca de 60 autorizações de importação de alimentos e rações geneticamente modificados na União Europeia.
Segundo o Ministério da Agricultura e Alimentação alemão, a grande maioria das importações de soja da UE, de cerca de 35 milhões de toneladas anuais, é geneticamente modificada.
Na Alemanha, esses produtos agrícolas são predominantemente utilizados na alimentação animal e precisam ser rotulados como "geneticamente modificado". Por outro lado, alimentos com esse rótulo são bastante raros no país, segundo o ministério.
A Monsanto modifica a soja para torná-la mais resistente a insetos e herbicidas. Consequentemente, a soja se torna menos suscetível a pragas e mais resistente ao glifosato.
Segundo a multinacional alemã Bayer, que controla a Monsanto, os grãos foram desenvolvidos na América do Sul. A soja geneticamente modificada é plantada desde 2013 em cerca de 73 milhões de hectares de terra no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
A origem de 10 alimentos que hoje são globalizados
A maioria do que se coloca no prato diariamente procede de lugares espalhados pelo mundo. Um novo estudo do Centro Internacional para a Agricultura Tropical (CIAT) identificou a origem de alimentos considerados globais.
Foto: picture-alliance/Ch. Mohr
Manga, verde, amarela ou rosa – e asiática
Ela é tropical e parece bem brasileira, mas originalmente surgiu no Sul da Ásia. A manga, assim como o coco, foi trazida para o Brasil com a colonização portuguesa e se adaptou bem ao clima. Ela faz parte da dieta de alimentos não nativos, que vem crescendo no mundo em consequência de preferências culturais, desenvolvimento econômico e urbanização, conforme comprovou o estudo do CIAT.
Foto: DW/A. Chatterjee
Arroz para meio mundo
O arroz vem originalmente da China mas virou item básico da dieta de mais da metade da população mundial. A produção de cada quilo exige de 3 mil a 5 mil litros de água. Em alguns países produtores, a contaminação por arsênico dos lençóis freáticos é tão forte, que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) alertou para as consequências do consumo do cereal.
Foto: Tatyana Nyshko/Fotolia
Trigo nosso de cada dia
O trigo já era cultivado há mais de 7 mil anos na região do Mar Mediterrâneo. Na forma de pão ou de outras massas, como o macarrão, é um dos alimentos mais importantes do mundo. Cultivado em enormes campos de monocultura, o cereal é também usado para alimentar animais . Os campeões do cultivo são China, Índia, Estados Unidos, Rússia e França.
Foto: Fotolia/Ludwig Berchtold
Milho, dos astecas aos transgênicos
Originário do Centro do México, o milho hoje é plantado em todos os continentes. Apenas 15% da safra vai parar nos pratos, pois a maior parte serve como ração para animais. A indústria o aproveita, ainda, para fabricar xarope de glucose e produzir combustível. Nos Estados Unidos, cerca de 85% da produção é de milho transgênico, e outros países vão pelo mesmo caminho.
Foto: Reuters/T. Bravo
Batata, dos Andes para a Europa
As batatas consumidas hoje em dia são variações de espécies silvestres dos Andes, na América do Sul. Só há cerca de 300 anos o tubérculo passou a ser cultivado em grande escala na Europa, sendo fundamental na dieta de países como a Alemanha e Irlanda. Atualmente, porém, o cultivo da batata no continente está em declínio, enquanto cresce nos maiores centros de produção: China, Índia e Rússia.
Foto: picture-alliance/dpa/J.Büttner
Açúcar, de cana ou beterraba
A cana-de-açúcar vem do Oeste da Ásia, embora não se saiba exatamente de onde. Já há mais de 2.500 anos era usada para adoçar. O Brasil é atualmente o principal produtor, com grande parte da safra destinada ao bioetanol, também para exportação. A colheita é um trabalho árduo e, em geral, mal pago. O açúcar de cana é mais barato no mercado mundial do que o de beterraba, originário da Europa.
Foto: picture-alliance/RiKa
Banana, a preferida global
Cheia de vitaminas, a banana engorda menos do que reza sua fama. Fruta preferida em escala mundial, ela tem origem no Sudoeste Asiático. Hoje é cultivada principalmente na América Latina e Caribe, a custos tão baixos que saem mais baratas na Alemanha do que as maçãs cultivadas no próprio país. As condições para os trabalhadores rurais costumam ser ruins e há uso intensivo de pesticidas.
Foto: Transfair
Café, prazer com reflexos sociais
Procedente da Etiópia, o café é a segunda bebida mais consumida e principal fonte de renda de cerca de 25 milhões de produtores no mundo. Contando-se as famílias, são 110 milhões de pessoas dependentes das flutuações do mercado mundial. Contudo vem ganhando espaço a negociação por cooperativas e empresas de comércio justo. Mais de 800 mil pequenos agricultores já aderiram a esse sistema.
Foto: picture-alliance/dpa/N.Armer
Chá, relíquia colonialista
O chá vem da China e era servido aos imperadores. Tirando a água pura, é a bebida mais consumida do planeta: a cada segundo, mais de 15 mil xícaras são ingeridas. Considerado bebida nacional na Inglaterra, o chá ainda hoje é produzido principalmente nas antigas colônias do Império Britânico, como o Quênia, Índia e Sri Lanka. As condições do trabalho no campo são catastróficas.
Foto: DW/Prabhakar
Cacau, presente dos deuses
Os astecas, na atual América Central, usavam os grãos de cacau como moeda e oferenda. Também preparavam com eles uma bebida que diziam vir dos deuses. Não é difícil de acreditar: hoje o chocolate é amado no mundo inteiro. Produzido numa estreita faixa próxima ao Equador, o cacau sofre flutuações de preço no mercado mundial que afetam duramente os pequenos agricultores.