Crime em Dubai
21 de fevereiro de 2010O ministro do Exterior de Israel, Avigdor Lieberman, se encontrará em Bruxelas nesta segunda-feira (22/02) com colegas da União Europeia (UE). Na reunião, já planejada há algum tempo, ele certamente terá que ouvir perguntas incômodas. Há suspeitas de que o serviço de inteligência israelense Mossad esteja por trás do assassinato do suposto comerciante de armas Mahmud al-Mabhuh em 19 de janeiro último.
O mistério sobre o assassinato de um dos líderes da organização palestina Hamas em Dubai também preocupa autoridades alemãs. A promotoria pública em Colônia investiga se um dos assassinos teria tirado passaporte na cidade, usando documentos falsos.
Europeus estão preocupados
Israel está recebendo uma crescente pressão de seus aliados europeus pelo incidente. Na semana passada, o Reino Unido pediu a Israel para cooperar na investigação do aparente uso de passaportes britânicos falsos no assassinato. Também a Irlanda manifestou preocupação.
Vários ministros do Exterior da UE querem conversar sobre o assassinato nesta segunda-feira, à margem da reunião com Lieberman em Bruxelas, embora o assunto não esteja oficialmente na ordem do dia.
O Ministério do Exterior dos Emirados Árabes Unidos (EAU) convocou neste domingo os embaixadores de países da UE para informá-los das investigações sobre o caso. O chefe da diplomacia árabe, Anwar Mohammed Qarqash, apelou pela colaboração dos países envolvidos no caso.
Passaporte teria sido emitido em Colônia
A polícia de Dubai afirmou que os 11 suspeitos de terem assassinado Mahmud al-Mabhuh em um hotel de luxo no emirado tinham passaportes e chips de celular do Reino Unido, França, Irlanda e Alemanha e que, muito provavelmente, eram agentes israelenses.
Segundo a revista alemã Der Spiegel, um dos passaportes teria sido emitido em 18 de junho do ano passado na cidade de Colônia. O porta-voz da promotoria pública da cidade disse que o órgão abriu inquérito para apurar a informação.
A revista alemã informou ainda que as autoridades de segurança alemãs também supõem que o Mossad esteja envolvido no assassinato. O chefe da polícia de Dubai havia afirmado ter 99% de certeza de que o crime foi executado pelo Mossad.
Israelense nega envolvimento
O passaporte teria sido requisitado por um homem chamado Michael Bodenheimer, que apresentou, para isso, um passaporte israelense de 2008 junto com a certidão de casamento de seus pais. Sua família teria raízes alemãs e teria sido perseguida pelos nazistas.
De acordo com o semanário alemão, ninguém com aquele nome vive no endereço fornecido. Um dos suspeitos entrou em Dubai com o mesmo passaporte no dia 19 de janeiro.
Um religioso israelense chamado Michael Bodenheimer negou qualquer envolvimento com o caso. Ele disse ao jornal israelense Maariv que nunca deu entrada em um passaporte alemão.
O único homem chamado Michael Bodenheimer existente na lista telefônica de Israel é um rabino morador de um subúrbio de Tel Aviv. "É verdade que meus pais nasceram na Alemanha, mas nasci nos Estados Unidos e é de lá que tenho meu passaporte", disse Bodenheimer, que é também o diretor de uma escola religiosa no assentamento judaico de Kiriat Sefer, na Cisjordânia.
O vice-ministro de Relações Exteriores de Israel, Danny Ayalon, afirmou no fim de semana que as relações diplomáticas entre seu país e os aliados europeus continuam sólidas. Ao mesmo tempo, ele disse que não há indicações de envolvimento de seu país no caso.
Netanyahu teria autorizado assassinato
O jornal britânico Sunday Times noticiou que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, teria autorizado pessoalmente o assassinato. Para isso, ele teria se encontrado em janeiro deste ano com o chefe do Mossad, Meir Dagan. Na reunião, também teriam estado presentes membros do esquadrão imbuído da missão.
O jornal Gulf News afirmou, citando o chefe de polícia de Dubai, Dahi Chalfan Tamimi, que o assassinato também contou com a colaboração de um membro do Hamas. O palestino teria dado informações aos assassinos sobre o lugar onde se encontrava Al-Mabhuh e teria tido um "papel importante" na operação.
MD/rtrs/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer