UE prevê chegada de 3 milhões de refugiados até 2017
5 de novembro de 2015
Comissão Europeia afirma que afluxo de migrantes pode ter impacto pequeno, porém positivo sobre a economia do bloco europeu no longo prazo. ONU diz que número de requerentes de asilo não deve diminuir no inverno.
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Três milhões de migrantes devem chegar à União Europeia (UE) até 2017, com um impacto positivo sobre a economia do bloco, segundo previsão da Comissão Europeia divulgada nesta quinta-feira (05/11).
A comissão prevê que, no total, um milhão de pessoas chegue ao bloco europeu em 2015, 1,5 milhão em 2016, e meio milhão em 2017. Isso significaria um aumento de 0,4% da população europeia, levando em conta os pedidos de asilo negados.
Para o comissário de Economia da UE, Pierre Moscovici, os migrantes poderiam ajudar a impulsionar a economia europeia. "Haverá um impacto sobre o crescimento, fraco porém positivo, para a UE como um todo, e isso vai aumentar o PIB em 0,2% a 0,3% até 2017."
Segundo ele, isso poderia ajudar a combater "ideias feitas" e a defender a política da Comissão europeia de apoio a migrantes.
Apesar de, no curto prazo, a crise migratória aumentar os gastos públicos, no longo prazo, haverá um estímulo econômico devido ao aumento do número de trabalhadores disponíveis, caso políticas adequadas forem implementadas para facilitar o acesso ao mercado de trabalho, afirmou o comissário.
Cerca de 760 mil refugiados já chegaram à UE neste ano, a maioria de origem síria, sobrecarregando centros de acolhimento e autoridades fronteiriças. Mais de 3,4 mil morreram na tentativa de cruzar o Mediterrâneo em 2015.
A maioria das pessoas chegou à Europa através da Itália e da Grécia. Hungria e Áustria foram fortemente afetadas pelos fluxos migratórios, e Alemanha e Suécia – os países que mais acolhem migrantes – estão sentindo o impacto da crise.
Fluxo continua no inverno
Nesta quinta-feira, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) afirmou que até 5 mil refugiados devem continuar chegando à Europa por dia durante o inverno.
"Se esse for o caso, serão outros 600 mil refugiados e migrantes chegando à Europa entre novembro deste ano e fevereiro do ano que vem", disse William Spindler, porta-voz do Acnur.
Em anos anteriores, as travessias de migrantes no Mediterrâneo caíram significativamente no inverno, uma vez que as condições meteorológicas mais duras dificultam ainda mais a arriscada viagem. No entanto, isso não deve acontecer neste ano.
"Para aqueles que continuam a chegar à Europa, um tempo cada vez mais frio e úmido vai aumentar as dificuldades já existentes e pode resultar em mais mortes se não forem tomadas medidas urgentemente", considera a agência da ONU. A organização pediu 96 milhões de dólares em apoio adicional para o inverno, com o objetivo de preparar os abrigos e centros de recepção.
LPF/ap/afp/rtr
O medo do frio
Apesar das temperaturas cada vez menores, o fluxo de refugiados que chega à Europa não diminui. Às pressas, são criados alojamentos para o inverno. Cerca de 100 mil abrigos temporários devem estar em breve à disposição.
Foto: picture-alliance/AP/Hussein Malla
O frio chega
O inverno sequer chegou à Alemanha, porém, ao fim de sua exaustiva viagem pela rota dos Bálcãs, muitos refugiados já sofrem com as extremas condições climáticas. Na fronteira da Alemanha com a Áustria as temperaturas ainda ficam acima da casa dos dois dígitos durante o dia, porém à noite elas caem para abaixo de zero.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Weigel
Abrigo necessário
De um bosque próximo os refugiados buscaram lenha para uma fogueira. Diferente das mais de 60 mil pessoas que pediram abrigo na Áustria em 2015, estes refugiados querem seguir até a Alemanha. Para que cenas como essa não sejam mais vistas, devem ser criados em breve cerca de 100 mil abrigos de trânsito na rota migratória dos Bálcãs, 5 mil deles na Áustria.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Weigel
Tenda como abrigo de fronteira
Desde a sexta-feira é permitido que apenas cerca de 50 refugiados por hora passem pela fronteira entre a Alemanha e a Áustria – uma medida para facilitar o registro de cada pessoa. No tempo em que esperam, uma tenda recém instalada na cidade austríaca Kollerschlag abriga os refugiados do frio. Aquecida e com piso de madeira, o local tem espaço para mil pessoas.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Scharinger
Aguardando na fronteira verde
Se o acordo entre as autoridades austríacas e alemãs sobre o trânsito de apenas 50 refugiados por hora vai funcionar por muito tempo, é questionável. Os acampamentos na fronteira entre os dois países estão superlotados. Mais de mil refugiados aguardam nas cidades de Kufstein e Kollerschlag (foto) por uma autorização para entrar na Alemanha.
Foto: Getty Images/AFP/C. Stache
Condições adversas nos Bálcãs
Dificuldades muito maiores têm os demais países da rota migratória dos Bálcãs para construir estruturas resistentes ao inverno. Nos últimos dias, na cidade eslovena Rigonce, muitos refugiados necessitaram suportar chuva e frio praticamente sem abrigo. A maioria dos abrigos de emergência da Eslovênia não são preparados para o inverno. Nos demais países dos Bálcãs, a situação não é melhor.
Foto: picture-alliance/AA/S. Mayic
Fuga perigosa pelo Mar Egeu
A ilha grega Lesbos é, para muitos refugiados, o primeiro destino. As águas do norte do Mar Egeu já esfriaram para cerca de 20 graus – até o fim do ano, a temperatura ainda deve cair até os 17 graus. "Quando as condições climáticas piorarem, os traficantes de pessoas devem reduzir os preços, então ainda mais refugiados devem tentar a fuga para a Europa", estima a correspondente da DW Omaira Gill.
Foto: Reuters/G. Moutafis
Alojamentos aquecidos na Baixa Saxônia
Como "solução temporária de emergência", autoridades e políticos alemães decidiram acomodar refugiados em tendas. Isso foi no verão. Porém, neste meio tempo já ficou claro: muitos refugiados precisarão enfrentar o inverno alemão nesses mesmos espaços. E nem todas as tendas – como as deste campo na Baixa Saxônia –, podem ser aquecidas.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Steffen
Frio mortal
Não é apenas na Europa que os refugiados temem por um inverno rigoroso. Cerca de 200 mil pessoas vivem na serra Bekaa-Ebene, no Líbano, sob abrigos improvisados feitos de lonas. No ano passado (foto) eles sofreram com a neve e o gelo. Os proprietários das terras se opõem ao uso de tendas resistentes ao frio. Eles não querem que os sírios permaneçam no local por muito tempo.