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UE promete 1 bilhão de euros para luta contra ebola na África

20 de outubro de 2014

Ministros do bloco dizem que vão nomear coordenador europeu para enfrentar a epidemia e rejeitam suspender voos diretos de países afetados. OMS divulga que Senegal e Nigéria estão livres do vírus.

Symbolbild Westafrika Rotes Kreuz
Foto: picture-alliance/dpa/ Benoit Matsha-Carpentier

A epidemia de ebola movimentou dois encontros nesta segunda-feira (20/10) na Europa. Em Luxemburgo, os ministros de Relações Exteriores da União Europeia (UE) se comprometeram a intensificar os esforços para obter 1 bilhão de euros em ajuda para combater o surto na África Ocidental. Além disso, rejeitaram a ideia de suspender os voos diretos vindos da região afetada.

Já em Berlim, na Cúpula Mundial da Saúde, médicos, especialistas e diplomatas criticaram a demora da ajuda e a falta de preparo das grandes potências mundiais.

Até então, a contribuição total da UE está em 500 milhões de euros, sendo que 160 milhões vieram do Reino Unido. Porém, a Holanda já prometeu enviar uma fragata para a África Ocidental, alcançando, assim, um valor semelhante ao do Reino Unido.

"Dinheiro é muito importante, equipamento é muito importante, pessoal é muito importante", disse a chefe da política externa da UE, Catherine Ashton.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, quer que o valor de 1 bilhão de euros em ajuda ao combate à epidemia seja alcançado já na cúpula de chefes de governo e de Estado da UE, marcada para este fim desta semana em Bruxelas.

Já a ideia de tentar impedir que o vírus fosse transportado para a Europa suspendendo os voos diretos que conectam França e Bélgica com Guiné e Libéria foi rejeitada pelos ministros.

"Em vez de ir até Paris ou Bruxelas, passageiros [da África Ocidental] iriam até Dubai ou a outro lugar e vir de lá [para a Europa]", argumentou o ministro do Exterior francês, Laurent Fabius. "Dessa forma, nós não seriamos mais capazes de verificar nada."

Aviões equipados para pacientes

Ainda no encontro em Luxemburgo, os ministros do Exterior concordaram em nomear um coordenador europeu para o tema ebola e que todos os voluntários terão atendimento médico confiável na Europa, caso sejam infectados pela doença. Se o tratamento não possa ser feito de forma adequada no próprio país, será decidido de "caso para caso" sobre um transporte por um avião especial.

Essa ideia vai de encontro com a sugestão do ministro do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, que propôs que países europeus menores sejam apoiados no uso de missionários e ajudantes por uma "missão civil da UE" – chamados de capacetes brancos. Essa missão poderia, entre outros, colocar à disposição aviões especialmente equipados para a evacuação do pessoal de apoio, que foram infectados na África Ocidental enquanto combatiam a epidemia.

Ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier, prometeu avião equipado para transportar pacientes com ebola para novembroFoto: AFP/Getty Images/Emmanuel Dunand

Até então, nenhum país europeu possui aeronaves com as quais pacientes com doenças altamente contagiosas possam ser transportados. Estas precisam atualmente ser alugadas nos Estados Unidos. O governo da Alemanha quer, até o início do envio de voluntários à região afetada em meados de novembro, ter os seus próprios aviões disponíveis.

Críticas ao esforço internacional

O ebola também foi o principal tema da Cúpula Mundial da Saúde, realizada em Berlim, nesta segunda-feira. O diretor da ONG Médicos Sem Fronteiras, Florian Westphal, resumiu o empenho das potências mundiais no combate ao surto: "Muito tarde e muito pouco."

"A comunidade internacional não estava preparada, e ficou por muito tempo indisposta a ouvir os nossos avisos", reclamou Westphal perante médicos, especialistas e diplomatas no salão do Ministério das Relações Exteriores.

Comissário alemão, Walter Lindner (dir.), foi claro na Cúpula Mundial da Saúde: "Precisamos de mobilização, voluntários e coordenação"Foto: picture-alliance/dpa/Bernd von Jutrczenka

O comissário do governo alemão responsável pelo combate ao ebola, Walter Lindner, também reiterou a urgência de uma ação conjunta na luta contra a doença: "Precisamos de mobilização, voluntários e coordenação."

O ex-diplomata alemão no Quênia passou os últimos oito dias na Libéria para obter um quadro da situação. "Nunca vivenciei algo assim antes", resumiu ele a experiência.

Segundo o especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS), Roberto Bertollini, ainda são necessários cerca de mil voluntários internacionais. Mas o recrutamento é difícil devido ao alto risco de infecção.

De acordo com a Cruz Vermelha da Alemanha, apenas 117 voluntários adequados foram encontrados até então no país. Os últimos números da OMS sugerem que mais de 9.200 pessoas foram infectadas pelo ebola. Mais de 4.500 delas morreram.

Mas o combate ao ebola também trouxe sinais positivos. Segundo a OMS, Senegal e Nigéria detiveram o ebola com sucesso. Nos últimos 42 dias, ou seja, depois de duas fases de incubação do vírus, nenhum caso novo foi relatado nestes dois países. Além disso, #link:18007660:a enfermeira espanhola Teresa Romero#, que havia contraído o ebola no hospital onde dois missionários morreram, está livre do vírus.

PV/afp/epd/ap

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