UE propõe vetar importações de alimentos de áreas desmatadas
17 de novembro de 2021
Comissão Europeia prevê exigir que empresas que exportem produtos como soja e carne bovina comprovem que suas cadeias não usam áreas desmatadas. Greenpeace avalia que proposta deve isolar ainda mais o Brasil.
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A Comissão Europeia apresentou nesta quarta-feira (17/10) uma proposta para proibir a importação de madeira e de alimentos que tenham origem em áreas desmatadas. A lista de produtos listadas na iniciativa inclui algumas das commodities mais exportadas pelo Brasil, como soja e carne.
O plano, que a Comissão Europeia, o braço Executivo da UE, deseja tornar uma regra vinculante para todas as nações do bloco prevê que empresas que exportem para UE demonstrem que produtos como soja, carne bovina, óleo de palma, cacau, café e madeira mostrem que suas cadeias de produção são "livres de desmatamento".
O comissário europeu para o Meio Ambiente, Virginijus Sinkevicius, disse que o plano pretende não simplesmente combater "o desmatamento ilegal, mas também a remoção de vegetação para ampliar terras agrícolas".
O plano prevê ainda que a medida seja estendida a derivados, como produtos à base de couro ou móveis de madeira.
A Comissão Europeia ainda não informou quando o pacote pode ser adotado e entrar em vigor.
A proposta ocorre em meio à pressão de grupos ambientalistas e num momento delicado para o Acordo de Livre Comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, que está paralisado desde 2019, quando vários países europeus começaram a denunciar o avanço do desmatamento no Brasil para criticar o tratado.
Países europeus como França, Holanda e Áustria também têm mencionado políticas antiambientais do presidente brasileiro Jair Bolsonaro para barrar a ratificação do acordo.
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WWF: proposta não vai longe o suficiente
A UE é o terceiro maior mercado consumidor de alimentos do mundo, atrás apenas dos EUA e China. De acordo com um levantamento da ONG WWF, o consumo de produtos como carne, óleo de palma e soja pela União Europeia é responsável por 17% do desmatamento em áreas tropicais do planeta.
Por este motivo, a WWF e outras ONGs elogiaram o plano da UE como um primeiro passo, mas afirmam que não vai longe o suficiente.
Para a WWF, este é um "bom início", mas a ONG apontou que, em 2018, quase 25% das importações de soja para UE tiveram como origem da região do Cerrado, um bioma gravemente ameaçado.
Greenpeace espera pressão sobre Bolsonaro
O Greenpeace mencionou "uma luz de esperança" para a proteção ambiental, mas criticou o fato de o plano não abordar o desmatamento para a produção de borracha e milho, ou para a criação de porcos e aves.
Ainda segundo o Greenpeace, a proposta europeia e compromissos bilaterais recentemente assinados na COP26 pela China e EUA para combater o desmatamento "deve aumentar o isolamento e pressionar o governo Bolsonaro em suas políticas ambientais".
A proposta europeia foi anunciada poucos dias depois de um acordo firmado na COP26 em que vários países, inclusive o Brasil, se comprometeram acabar com o desmatamento ilegal até 2030.
jps/lf (AFP, ots)
As principais florestas do mundo precisam de proteção
Na COP26, 100 países se comprometeram a acabar com o desmatamento e revertê-lo até 2030. Quais são as ameaças às florestas mais importantes do mundo?
Foto: Zoonar/picture alliance
Floresta Amazônica
A floresta amazônica é um importante sumidouro de carbono e um dos lugares com maior biodiversidade do mundo. Mas décadas de exploração intensa e criação de gado dizimaram cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados, e menos da metade do que restou está sob proteção. Um estudo recente mostrou que algumas partes da Amazônia agora emitem mais dióxido de carbono do que absorvem.
Foto: Florence Goisnard/AFP/Getty Images
Taiga
Esta floresta subártica nórdica, composta principalmente de coníferas, se estende pela Escandinávia e por grandes partes da Rússia. A conservação da taiga varia de país para país. Na Sibéria Oriental, por exemplo, a rígida proteção da era soviética deixou a paisagem praticamente intacta, mas a crise econômica que se seguiu na Rússia gerou níveis cada vez mais destrutivos de extração madeireira.
Foto: Sergi Reboredo/picture alliance
Floresta Boreal do Canadá
As taigas subárticas da América do Norte são conhecidas como florestas boreais e se estendem do Alasca ao Quebec, cobrindo um terço do Canadá. Cerca de 94% das florestas boreais do Canadá estão em terras públicas controladas pelo governo, mas apenas 8% são protegidas. O país, um dos principais exportadores mundiais de produtos de papel, derruba delas cerca de 4 mil km2 por ano.
Foto: Jon Reaves/robertharding/picture alliance
Floresta Tropical da Bacia do Congo
O Rio Congo nutre uma das florestas tropicais mais antigas e densas do mundo, abrigando alguns dos animais mais icônicos da África, entre os quais gorilas, elefantes e chimpanzés. Mas a região também é rica em petróleo, ouro, diamantes e outros minerais valiosos. A mineração e a caça impulsionaram seu rápido desmatamento. Se não houver mudanças, a mata desaparecerá totalmente até 2100.
Foto: Rebecca Blackwell/AP Photo/picture alliance
Florestas Tropicais de Bornéu
A região ecológica de 140 milhões de anos se expande por Brunei, Indonésia e Malásia e abriga centenas de espécies ameaçadas, como o orangotango vermelho e o rinoceronte de Sumatra. Grandes áreas são degradadas pela exploração de madeira, azeite de dendê, celulose, borracha e minerais. O desmatamento proporcionou acesso a áreas remotas, impulsionando o comércio ilegal de animais selvagens.
Foto: J. Eaton/AGAMI/blickwinkel/picture alliance
Floresta de Primorie
Localizada no extremo leste da Rússia, a floresta de coníferas abriga o tigre siberiano e dezenas de outras espécies ameaçadas de extinção. Por ficar junto ao Oceano Pacífico, a floresta tem condições tropicais no verão e clima ártico no inverno. Sua localização isolada e esforços de preservação a deixaram em grande parte intacta, mas a expansão do corte comercial tornou-se uma ameaça crescente.
Foto: Zaruba Ondrej/dpa/CTK/picture alliance
Floresta temperada valdiviana
A floresta valdiviana cobre uma estreita faixa de terra de Chile e Argentina, na costa do Pacífico. Árvores perenes, de crescimento lento e longa vida, dominam partes da floresta, mas sua extração extensiva ameaça a vegetação endêmica, que está sendo substituída por pinheiros e eucaliptos de rápido crescimento, mas incapazes de sustentar a biodiversidade da região.
Foto: Kevin Schafer/NHPA/photoshot/picture alliance