UE receberá 1 milhão de pedidos de asilo em 2015, prevê OCDE
22 de setembro de 2015
Bloco europeu deve conceder o status de refugiado a até 450 mil pessoas – maior número registrado desde a Segunda Guerra Mundial. Europeus têm "obrigação e capacidade" para lidar com a crise migratória, diz relatório.
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Em meio à atual crise migratória, a União Europeia (UE) deverá receber 1 milhão de pedidos de asilo em 2015, de acordo com um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado nesta terça-feira (22/09).
A organização estima que de 350 mil a 450 mil pessoas irão receber o status de refugiado ou similar na UE em 2015 – mais do que em qualquer crise de refugiados no continente desde a Segunda Guerra Mundial. Somente desde o início deste ano, 700 mil pedidos de asilo foram registrados no bloco, mais que o total de 630 mil em 2014.
A organização afirma que, apesar da magnitude do fenômeno, a Europa "tem tanto a obrigação como a capacidade de lidar com esta trágica crise sem precedentes". A Alemanha é o país da Europa que mais recebe requerentes em números absolutos. Já a Áustria, Suécia e Suíça têm as maiores taxas em relação à população desses países, conclui o relatório.
O documento destaca ainda que o movimento atual de refugiados é sem precedentes não só em relação aos números, mas também quanto a diversidade dos países de origem dos migrantes. Isso torna mais difícil a análise do processo de pedidos de asilo e a integração dos refugiados no longo prazo, afirma a OCDE.
Embora sírios, afegãos, iraquianos, sérvios, kosovares e albaneses representem 60% dos refugiados, um grande número de pessoas foge também de países africanos, em particular da Eritreia, Nigéria e Somália.
Integração rápida é essencial
O relatório afirma que o número de crianças desacompanhadas que fazem a jornada à Europa cresceu – um detalhe que chama a atenção em relação aos movimentos migratórios anteriores. Essas crianças, segundo a OCDE, são um problema específico, uma vez que elas exigem alojamento especial, cuidados e educação.
A organização alerta que é pouco provável que a situação nos principais países emissores se estabilize num futuro próximo, o que significa que grandes fluxos de refugiados podem ser esperados nos próximos anos.
A OCDE assinala que, apesar de num primeiro momento o processo de asilo e o suporte a refugiados ser caro, a história mostra que migrantes podem fazer contribuições valiosas aos países que os acolhem, pagando mais impostos em relação aos valores de benefícios sociais recebidos.
No entanto, para isso acontecer, os países têm que tomar medidas imediatas para promover a integração, incluindo a promoção de aulas de idiomas, avaliação de habilidades pessoais, ajuda quanto aos problemas sociais e de saúde, além de programas para aumentar a chance de emprego dos migrantes. O relatório diz ainda que a integração das mulheres migrantes deve receber atenção especial.
FC/dw/rtr/dpa/efe/lusa
Iniciativas a favor dos refugiados
Muitos alemães têm acolhido os refugiados e oferecido apoio a eles. Isso inclui também pessoas famosas, como o músico Udo Lindenberg e o ator Til Schweiger.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
"Aktion Arschloch"
Esta iniciativa criada por um professor de música tentou levar o antigo hino antinazista "Schrei nach Liebe" ("Grito por amor") de volta às paradas. A música havia sido lançada pela banda Die Ärtze em 1993 e, 22 anos depois, de fato voltou às paradas, chegando ao primeiro lugar. Tanto a banda como as lojas online querem doar o valor arrecadado à organização Pro Asyl, que se dedica a refugiados.
Foto: aktion-arschloch.de
"Agora seremos amigos"
O roqueiro Udo Lindenberg fez em Bremen um show para cerca de cem refugiados e voluntários que trabalham nos abrigos. Entre as músicas executadas está uma novidade, a canção "Wir werden jetzt Freunde" (Agora seremos amigos), cuja letra é uma calorosa recepção aos refugiados: "Venha, agora seremos amigos, esta é a tua casa, e ninguém vai te expulsar daqui", canta o velho roqueiro.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Kastl
Curso de alemão
O ator Til Schweiger criou uma fundação – com seu próprio nome – para auxiliar os refugiados. Ela conta com diversos apoiadores, como o técnico da seleção alemã, Jogi Löw, o rapper Thomas D e o ator Jan Josef Liefers. Com a fundação, Schweiger quer apoiar um abrigo de refugiados em Osnabrück, por exemplo oferecendo cursos de alemão.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Roupas "Refugees Welcome"
O trio de rap e electropop Deichkind foi à cerimônia de entrega do prêmio de música alemã Echo, em marco, vestindo roupas com a frase "Refugees Welcome" ("Refugiados são bem-vindos"). Camisetas e moletons com a expressão são vendidos na loja online da banda, e os lucros são doados para a organização Pro Asyl.
Foto: Reuters/Michael Sohn
Instrumentos musicais
"Esporte e música são as coisas que as pessoas têm para tornar a sua vida mais alegre", afirmou o compositor Heinz Rudolf Kunze em entrevista ao jornal "Neue Presse". Ele fez um apelo às pessoas para que elas doem instrumentos musicais aos refugiados. "Essas pessoas tão humilhadas não precisam apenas de roupas e alimentos, elas também precisam de algo para se ocupar", afirmou.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Weihs
Marcha para refugiados
A atriz Katja Riemann declarou ao jornal "Welt am Sonntag" que está planejando uma marcha em prol dos refugiados. Ela disse já estar em contato com a Anistia Internacional e a Pro Asyl. "Nós temos de voltar às ruas", ressaltou. "Não devemos deixá-las para os neonazistas ou para o Pegida."
Foto: picture-alliance/dpa/Wagner
"De saco cheio dos nazistas"
"O direito de asilo não é negociável, é um direito humano", afirma a campanha Kein Bock auf Nazis – expressão equivalente a "de saco cheio dos nazistas". A iniciativa conta com o apoio de 24 bandas e músicos alemães. Entre muitos outros estão nomes como Die Toten Hosen, Die Ärzte, Deichkind, Fettes Brot, Jan Delay, Tocotronic e Die Beatsteaks.