Ação turca preocupa UE
23 de fevereiro de 2008Tanto a União Européia (UE) como o governo alemão se declararam preocupados com a ofensiva do Exército da Turquia no norte do Iraque, iniciada nesta sexta-feira (22/02) com o objetivo de combater rebeldes curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e que já causou a morte de ao menos 29 pessoas, segundo informações dos militares turcos.
O chefe da diplomacia da UE, Javier Solana, considerou que a ofensiva turca não é a forma mais apropriada para lidar com os problemas do terrorismo curdo. "Compreendemos as preocupações da Turquia, mas entendemos que essa ação no Iraque não é a melhor resposta", afirmou. "A integridade territorial do Iraque nos é muito importante."
A Comissão Européia apelou à Turquia para que evite ações militares "desproporcionais" e disse estar acompanhando a situação de perto. "A União Européia entende a necessidade da Turquia de proteger sua população do terrorismo", disse a porta-voz da comissão de Ampliação da UE, Kristina Nagy.
O porta-voz do ministério alemão das Relações Exteriores, Martin Jäger, disse que o governo em Berlim acompanha com "muita preocupação" a ofensiva militar turca no norte do Iraque. Segundo Jäger, a presença turca coloca em risco a estabilidade da região. Ele apelou para que o governo turco restrinja suas ações ao combate ao terrorismo. "De qualquer forma, o respeito ao direito internacional deve ser a medida de todas as ações."
Apoio dos EUA
Os Estados Unidos declararam seu apoio à ofensiva turca. Segundo a secretária de Estado, Condoleezza Rice, o PKK é um inimigo comum da Turquia e dos EUA, bem como do povo iraquiano. Mas ela pediu ao governo turco para que não "desestabilize" a situação no Iraque.
O governo turco disse que a ação será por um período limitado de tempo e que as tropas retornarão à Turquia o mais rápido possível. O objetivo seria impedir o PKK de usar as montanhas no norte do Iraque como uma base para ataques contra a Turquia.
Segundo os militares da Turquia, cinco soldados turcos e 24 rebeldes curdos morreram no primeiro dia da ofensiva. A imprensa turca diz que 10 mil soldados participam da operação, mas o governo afirma que são 3 mil. O Iraque diz que não passam de mil.
O PKK, que é considerado um grupo terrorista tanto pela UE como pelos Estados Unidos, luta desde 1984 pela independência e autonomia da região curda no sudeste da Turquia. Os confrontos com as forças de segurança turcas já causaram a morte de cerca de 35 mil pessoas.