Temor de golpe de Estado
30 de abril de 2007A Comissão Européia voltou nesta segunda-feira (30/04) a advertir os militares turcos para que se mantenham afastados do processo eleitoral para escolha do novo presidente da Turquia. A advertência também foi feita pelo Conselho da Europa, órgão do qual a Turquia faz parte. Já o governo alemão insistiu para que haja uma solução para a crise "sobre bases democráticas e constitucionais".
O temor dos europeus é de que os militares protagonizem um novo golpe de Estado na Turquia. A queda-de-braço envolvendo o governo e o Exército teve reflexos na Bolsa de Valores da Istambul, que registrou forte queda.
Para esta terça ou quarta-feira é aguardada com expectativa uma decisão do Tribunal Constitucional sobre a legitimidade da eleição presidencial, em resposta a uma queixa feita pela oposição. A Comissão Européia, órgão executivo da União Européia (UE), reforçou a importância dessa decisão ser "totalmente independente de influências inadmissíveis".
Para o secretário-geral do Conselho da Europa, Terry Davis, "os militares deveriam permanecer nas casernas e não se imiscuir na política". As últimas declarações são "uma tentativa consciente de influenciar a eleição do novo presidente", afirmou.
Decisão do tribunal
A oposição encaminhou queixa ao tribunal pedindo a suspensão das eleições, argumentando que, o primeiro turno eleitoral, em 27 de abril, fora realizado sem o quórum exigido pela lei. O segundo turno está marcado para a próxima quarta-feira.
O candidato único é o atual ministro das Relações Exteriores, Abdullah Gül, que representa o partido governista e islamista AKP. A oposição boicota o processo eleitoral.
Logo após o final do primeiro turno, o Exército divulgou comunicado em tom ameaçador, no qual realça seu papel de guardião do laicismo. O texto foi dirigido ao AKP e entendido como uma ameaça dos militares ao governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, acusado de tolerar o islamismo radical e de questionar a separação entre Igreja e Estado.
Protestos
No final de semana, centenas de milhares de pessoas foram às ruas de Istambul para protestar contra o governo de Erdogan e a favor da democracia e da separação entre Igreja e Estado no país. "A Turquia é laica e continuará sendo", afirmavam cartazes exibidos pelos manifestantes.
Na votação da última sexta-feira, Gül obteve 357 votos, ficando abaixo do mínimo de dois terços exigido pela legislação turca para que fosse eleito. No primeiro e no segundo turno da eleição, que é indireta, são necessários os votos de dois terços dos parlamentares. No terceiro e no quarto turnos, a maioria simples é suficiente. (as)