UE vai deixar de enviar lixo plástico a países pobres
18 de novembro de 2023
Acordo, que ainda depende de aprovação formal no Parlamento e no Conselho Europeu, proíbe a exportação de material para países de fora da OCDE. Só em 2020, bloco exportou cerca de 33 milhões de toneladas de lixo.
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A União Europeia (UE) não poderá mais enviar seu lixo plástico a qualquer país no exterior, segundo acordo costurado nesta sexta-feira (17/11) por representantes do bloco para pôr fim à exportação desses rejeitos a nações mais pobres.
A medida, que ainda precisa ser aprovada formalmente pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu, proíbe a exportação de lixo plástico para países de fora da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo que congrega 38 países, a maioria nações ricas do Hemisfério Norte – há um prazo de dois anos e meio a contar da data de vigor do acordo para implementação da medida.
O acordo também prevê regras mais rígidas para a exportação desses rejeitos para países da OCDE – incluindo maior monitoramento e a obrigação de notificação e consentimento prévios.
Critérios mais duros também valerão para a exportação de lixo em geral, que só poderá ser enviado a países de fora da OCDE se for provado que terá um processamento ambientalmente correto e em acordo com padrões trabalhistas internacionais. A Comissão Europeia vai elaborar uma lista de países destinatários desses rejeitos e atualizá-la a cada dois anos, segundo o Parlamento Europeu.
O tratado, porém, abre uma brecha para a continuidade da exportação de lixo plástico para países pobres: cinco anos após a entrada em vigor das novas regras, países de fora da OCDE poderão solicitar permissões de importação desses rejeitos, desde que suas indústrias nacionais de gestão de resíduos provem que têm condições de processá-los adequadamente.
A medida foi anunciada pelo Parlamento Europeu enquanto as Nações Unidas negociam, no Quênia, um tratado global para reduzir a poluição por plástico.
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Menos de um terço do plástico descartado na Europa é reciclado
Só em 2020, segundo a Comissão Europeia, os 27 países-membros da UE exportaram cerca de 33 milhões de toneladas de lixo. Boa parte foi para a Turquia, mas também para países de fora da OCDE, como Índia, Indonésia e Paquistão.
A maior parte do plástico que é descartado na Europa é incinerado; menos de um terço é reciclado, e metade do que é coletado para reciclagem é exportado para ser processado em países de fora do bloco – ativistas têm denunciado que parte do que é enviado ao exterior vai parar em aterros e rios.
Segundo dados da UE, a produção global de plástico saltou de 1,5 milhões de toneladas em 1950 para 359 milhões em 2018. O Pacto Ecológico Europeu, o Green Deal, prevê a reciclagem, até 2030, de 55% do lixo de embalagens plásticas.
ra/le (AP, dpa, ots)
Microplástico, o perigo minúsculo
O plástico conquistou o mundo: cada vez mais embalagens, brinquedos e objetos do cotidiano são feitos com esse material, com grandes consequências para o meio ambiente e também para a saúde humana.
Foto: picture alliance/JOKER/A. Stein
Pequeno como um grão de areia
Microplásticos são pequenas partículas de plástico. Elas têm menos de cinco milímetros e são adicionadas a diversos produtos. O microplástico também é produzido pela decomposição de resíduos plásticos ou pela abrasão de pneus e de tecidos sintéticos durante a lavagem de roupas.
Foto: picture alliance/JOKER/A. Stein
Pasta de dentes com microplástico
Vários fabricantes não se importam, e muitas pessoas não sabem: os pequenos pontos azuis na pasta de dentes são bolinhas de plástico. Elas auxiliam na escovação e na limpeza. Mais tarde essas bolinhas provavelmente vão parar no mar. Os tratamentos de esgoto não conseguem filtrar o microplástico.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Sauer
Cosméticos com muito plástico
Bolinhas de plástico também estão presentes em esfoliantes ou em sabonetes líquidos. O consumidor não é informado adequadamente pelos fabricantes sobre a presença de plástico em seus cosméticos, e ambientalistas e também autoridades sanitárias reivindicam a proibição do microplástico.
Foto: picture-alliance/empics/Y. Mok
Fibras sintéticas viram microplástico
A maior parte do microplástico espalhado pelo planeta é liberado por fibras sintéticas. Cerca de 60% das roupas contêm fibras sintéticas, e a tendência ao uso desse fio barato está aumentando rapidamente. Durante a lavagem de uma jaqueta de fleece são liberados até 1 milhão de fibras. Na Europa, cerca de 30 mil toneladas de fibras sintéticas vão para o esgoto todos os anos.
Foto: Imago/Mint Images
Plástico na água potável
O microplástico não polui apenas rios e oceanos – milhões de pessoas ingerem fibras de plástico invisíveis com a água da torneira diariamente. Pesquisadores americanos investigaram mais de 150 amostras de água da torneira em países dos cinco continentes e encontraram fibras de plástico microscópicas em 83% delas.
Foto: Colourbox
Microplástico no mar
Microplásticos são lcriados a partir da abrasão de plástico. Uma parte deles vai parar no mar. A principal origem são fibras sintéticas, seguidas de pneus, poluição urbana e marcação rodoviária. A parcela de microplástico proveniente de produtos de higiene pessoal é comparativamente pequena.
Uma bomba-relógio
O lixo plástico também se transforma em microplástico: uma sacola precisa de até 20 anos, uma garrafa plástica de até 450 para se decompor. Cada habitante do planeta "precisa", em média, de 60 quilos de plástico por ano. Nos Estados Unidos e na Europa Ocidental esse número ultrapassa 100 quilos. Cerca de 2% de todo o plástico produzido no mundo acaba no mar.
Foto: Getty Images/M.Clarke
Preso no plástico
A maré de plástico atinge animais e pessoas, mas ainda não se sabe exatamente como. As pesquisas ainda estão no começo. O que está claro, no entanto, é que plástico e microplástico vão parar em todos os estômagos, causando a morte por inanição de animais aquáticos. Os riscos para a saúde humana ainda são desconhecidos.
Foto: Reuters/Francis Perez/Courtesy of World Press Photo Foundation
Menos plástico?
Plástico é barato e prático para o dia a dia. Apesar disso, é crescente a discussão em todo o mundo sobre o que os políticos podem fazer: proibir sacolinhas, copos descartáveis e microplásticos em cosméticos, instituir a obrigação de reciclar ou criar um imposto sobre o plástico? Mas o melhor é cada pessoa adotar suas próprias atitudes para reduzir o consumo de plástico.