UE vai revisar triagem de passageiros na África Ocidental
16 de outubro de 2014
Ministros da Saúde concordam em realizar auditoria para avaliar sistema de controle de saída dos países afetados pela epidemia de ebola. Em Madri, aeronave é isolada por suspeita de viajante infectado.
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Os ministros da Saúde da União Europeia (UE) concordaram nesta quinta-feira (16/10) em iniciar uma revisão imediata da triagem de passageiros em aeroportos dos países atingidos pela epidemia de ebola na África Ocidental.
"A Comissão Europeia vai imediatamente realizar uma auditoria do sistema de controle de saída dos países afetados para verificar a sua eficácia e reforçá-la, caso necessário", disse o comissário de Saúde da UE, Tonio Borg.
O encontro em Bruxelas foi convocado sob caráter emergencial e contou com a participação de 21 ministros– a UE possui 28 países-membros. A revisão do controle de saída em Libéria, Guiné e Serra Leoa – os países mais afetados pelo surto do vírus – serão conduzidos em coordenação com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Há relatórios conflitantes sobre se a triagem é eficaz ou não. Os controles estão sendo feitos, mas o problema é saber se eles estão sendo eficazes", afirmou Borg.
Os ministros concordaram também em "coordenar medidas nacionais" nos pontos de entrada dos 28 países-membros – ainda que qualquer decisão sobre o controle do ebola recaia sobre cada Estado.
A ideia é ao menos universalizar protocolos e procedimento nos questionários aos passageiros nos aeroportos, e usar as informações do sistema de vistos para saber quando um passageiro de risco está chegando à Europa. Um banco de dados também seria criado identificar o paradeiro dos viajantes.
Cautela com voos diretos
Apenas dois países europeus recebem voos diretos de países afetados pelo ebola – França e Bélgica, que têm rotas com Guiné e Libéria, respectivamente. De acordo com a UE, há uma média de 11 voos aterrissando por semana, com um total de entre 2.000 e 2.500 pessoas.
A França, por exemplo, vai começar a triagem de passageiros por ebola no sábado, no aeroporto internacional Charles de Gaulle, em Paris.
Porém, alguns especialistas estão céticos sobre se triagens nos aeroportos de chegada podem prevenir a propagação do vírus, já que o ebola tem um período de incubação de 21 dias.
O ministro da Saúde da Alemanha, Hermann Groehe, advertiu que "nenhum sistema de saúde do mundo pode eliminar a possibilidade de que poderá existir um caso de doença importada".
Já a ministra da Saúde italiana, Beatrice Lorenzin, afirmou que o risco de um surto de ebola na Europa se mantém bastante baixo.
"Nós não temos um risco real de ter uma epidemia na Europa. Temos bons hospitais, bons sistemas de saúde e bons médicos para tratar nossos cidadãos", disse.
Aeronave é isolada em Madri
Dez pacientes com casos suspeitos ou confirmados de ebola já foram levados à Europa. No começo da semana, um médico sudanês morreu em um hospital em Leipzig, na Alemanha. Mas o único caso registrado de infecção em solo europeu permanece sendo o de uma enfermeira espanhola que trabalhava no hospital em Madri onde dois missionários morreram da doença.
Na capital espanhola, uma aeronave da companhia francesa Air France, vindo de Paris, ficou isolada no aeroporto de Barajas por mais de duas horas nesta quinta-feira. A medida foi tomada depois que a tripulação informou as autoridades espanholas que um passageiro, que iniciou sua viagem na Nigéria, foi visto tremendo durante o voo.
"O passageiro estava tremendo, mas não apresentava febre", disse uma porta-voz da Air France.
Segundo a agência de notícias EFE, ele foi levado para a unidade de isolamento do hospital Carlos 3º, o mesmo onde a enfermeira espanhola foi infectada, no começo de outubro.
Maior surto de ebola da história
A África enfrenta a pior epidemia de ebola. Não existem medicamentos ou vacina para conter a doença. Perante surto, a Organização Mundial da Saúde liberou o uso de substâncias experimentais em pacientes infectados.
Foto: Reuters
Conhecido desde 1976
O vírus do ebola foi descoberto em 1976 na República Democrática do Congo por uma equipe de pesquisadores da Bélgica. A doença foi batizada com o nome do rio que passa pelo vilarejo onde ela foi identificada pela primeira vez. Desde então, já houve 15 epidemias nos países africanos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Foto: Reuters
Chances mínimas
Há diversas variações do vírus, e apenas algumas causam a febre hemorrágica. Ainda não há vacina ou medicamentos aprovados para combater o ebola. A doença é fatal na maioria dos casos: a taxa de mortalidade é de 90%. O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais.
Foto: AFP/Getty Images
Sintomas
Os sintomas, que aparecem entre 2 e 21 dias após a infecção, são fraqueza, dores de cabeça e musculares, calafrios, falta de apetite, dor de estômago e de garganta, diarreia, vômitos e febre hemorrágica. As principais regiões do corpo afetadas são o aparelho digestivo, o baço e o pulmão.
Foto: picture alliance/AP Photo
Contágio
A transmissão do ebola ocorre apenas através de fluídos corporais, ou seja, deve haver contato direto entre as pessoas ou animais infectados, e também por meio do contato com ambientes contaminados. Ele se propaga, por exemplo, em hospitais, entre enfermeiros e médicos que tratam de pessoas infectadas. Além disso, pode ser transmitido ao se tocar no corpo de pessoas que morreram dessa doença.
Foto: Reuters/Unicef
De animais para humanos
Animais infectados também transmitem a doença. O ebola foi introduzido na população humana através de contato com sangue, secreções, órgãos e fluídos corporais de animais que carregavam o vírus. Morcegos, por exemplo, são hospedeiros do vírus, mas eles não adoecem e podem carregar o ebola consigo até o fim da vida.
Foto: picture-alliance/dpa
Informação é o melhor remédio
Campanhas de esclarecimentos sobre o ebola são fundamentais para conter o avanço da epidemia. A única maneira de evitar uma infecção são medidas preventivas, como melhores condições de higiene nos hospitais, uso de luvas e a quarentena.
Foto: Sia Kambou/AFP/Getty Images
Atual epidemia
Os primeiros casos do atual surto de ebola foram confirmados em março deste ano na Guiné. Desde então, a pior epidemia dessa doença da história já se alastrou por seis países africanos. Casos já foram registrados na Libéria, em Serra Leoa, na Guiné, na Nigéria, na República Democrática do Congo e no Senegal.
Foto: picture-alliance/dpa
Fronteiras fechadas
Os governos de Serra Leoa, Libéria e Nigéria decretaram estado de emergência devido à epidemia. O surto levou alguns países africanos a colocar em quarentena regiões fortemente atingidas pela doença. Além disso, para tentar evitar a propagação da epidemia, países como Guiné, Libéria e Costa do Marfim fecharam suas fronteiras.
Foto: Reuters
Mais de mil mortes
A OMS considerou o atual surto de ebola com o maior e pior da história. Desde março, mais de 3 mil casos da doença já foram confirmados e mais de 1.500 pessoas morrem de ebola. Entretanto, a agência teme que mais de 20 mil pessoas possam ser infectadas até que a epidemia seja controlada.
Foto: DPA
Vida em risco
No atual surto há uma elevada taxa de infecção entre profissionais de saúde que cuidam de pacientes com ebola. Mais de 240 médicos e enfermeiros já foram infectados e mais de 120 morreram. A falta de roupas de proteção e o cansaço após jornadas exaustivas de trabalho são as razões para essas infecções. Alguns deles estão recebendo o tratamento em países europeus e nos Estados Unidos.
Foto: Getty Images/Afp/Seyllou
Medicamentos experimentais
O médico americano Kent Brantly foi tratado nos Estados Unidos com o soro experimental ZMapp. Após três semanas de isolamento ele foi curado. Mas a eficácia desse medicamento é controversa. Um padre espanhol tratado com esse soro não sobreviveu. Perante a gravidade da crise, a OMS aprovou em meados de agosto a utilização de substâncias experimentais contra o ebola.