Acordo que criaria segunda maior empresa do mundo no setor ferroviário prejudicaria consumidores europeus, diz Comissária de Concorrência da UE. Alemães e franceses argumentam querer fazer frente à concorrência da China.
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A Comissão Europeia, o órgão executivo da União Europeia (UE), vetou nesta quarta-feira (06/02) a fusão da empresa francesa Alstom com a concorrente alemã Siemens por considerar que isso prejudicaria a concorrência nos mercados de trens de alta velocidade e de sistemas de sinalização, apesar das advertências dos governos alemão e francês contra o veto.
"Essa fusão resultaria em preços mais altos para os sistemas de sinalização que mantêm os passageiros seguros e para as gerações futuras de trens de alta velocidade. A Comissão proibiu a fusão porque as empresas não desejavam abordar nossas sérias preocupações", disse a comissária para a Concorrência, a dinamarquesa Margrethe Vestager.
Em reação, os governos alemão e francês defenderam o afrouxamento das regras de concorrência da União Europeia. O ministro alemão da Economia, Peter Altmaier, disse que os dois países estão trabalhando numa proposta para facilitar fusões desse tipo. Seu colega francês, Bruno Le Maire, disse que a decisão de Vestager atende aos interesses econômicos da China.
A decisão da UE levanta a questão de como fazer frente ao crescente poder econômico da China, onde o governo não hesita em criar monopólios apoiados pelo Estado.
A Alstom é conhecida como a fabricante dos trens TGV, e a Siemens fabrica os trens de alta velocidade ICE. Ambas enfrentam a crescente concorrência da chinesa CRRC, que teve faturamento de 33 bilhões de dólares no ano passado. A Alstom faturou 9,4 bilhões de dólares, e a unidade de trens da Siemens, cerca de 10 bilhões.
Uma investigação da Comissão, em julho de 2018, revelou que o grupo resultante da fusão entre as duas empresas do setor ferroviário se transformaria em líder no mercado de sistemas de sinalização para várias grandes linhas de trem e de metrô.
Além disso, a empresa resultante adquiriria uma posição dominante no mercado de materiais para trens de alta velocidade, ocupando grande parte do mercado tanto na Europa como no resto do mundo, com a exceção de Coreia do Sul, Japão e China, que não estão abertos à concorrência.
A investigação também levou em conta a concorrência no mercado global, especialmente por parte de empresas da China, explicou a Comissão, que sofrera pressão dos governos francês e alemão para aprovar a fusão sob o argumento de que, de outra maneira, as empresas europeias não conseguirão competir com a gigante chinesa CRRC.
Bruxelas concluiu que "é muito improvável" que a entrada de empresas chinesas no mercado de trens de alta velocidade venha a representar um problema de concorrência para Alstom e Siemens no futuro.
No mercado de sinalização, a Comissão confirmou que atualmente não há participação de empresas chinesas no Espaço Econômico Europeu e acredita que "levará muito tempo" até que elas possam se transformar em fornecedores efetivos na Europa.
"Não vemos os chineses chegando. Os chineses não estão em lugar algum, muito menos na Europa", afirmou Vestager. Segundo ela, 90% dos negócios da CRRC estão no mercado chinês.
A Alstom afirmou que o veto é um claro retrocesso para a indústria na Europa, e a Siemens defendeu reformas urgentes na política industrial da União Europeia.
Alstom e Siemens anunciaram em setembro de 2017 a fusão com a qual pretendiam criar a segunda maior empresa do mundo no setor ferroviário, com dimensão para enfrentar a concorrência global e em particular da gigante chinesa CRRC.
AS/efe/rtr/ap
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A companhia ferroviária alemã Deutsche Bahn apresentou oficialmente o ICE 4, novo integrante de sua frota de trens de alta velocidade da série InterCity Express. Ele deverá entrar em circulação em dezembro de 2017.
Foto: Deutsche Bahn/Foto: Detlev Wecke
O rei dos trilhos
O presidente da companhia ferroviária alemã Deutsche Bahn, Rüdiger Grube, apresentou em Berlim o novo carro-chefe da empresa. Segundo a Deutsche Bahn, a marca ICE (InterCity Express) é conhecida por 100% dos alemães. Embora seja responsável por apenas 8 a 10% do faturamento da empresa, o ICE é diretamente associado à imagem da Deutsche Bahn.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
O novo modelo
A quarta geração do ICE deverá começar a circular em dezembro do ano que vem, após uma fase de testes. Estes testes com o novo ICE 4 (à direita na foto, ao lado do ICE 3) devem começar ainda em 2016. O novo trem tem 346 metros de comprimento e capacidade para 830 passageiros.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Opção pelo espaço interno
O espaço entre as poltronas poderia ter sido reduzido, aumentando a capacidade para 1.000 passageiros. Mas a companhia ferroviária optou pelo conforto: há espaço suficiente para as pernas, mais lugar para a bagagem, e também se pensou nos cadeirantes.
Foto: Deutsche Bahn AG
Versátil e econômico
Apesar da possibilidade de instalar tantas poltronas, o trem de 12 módulos é relativamente leve. E o consumo de energia por assento é até 22% menor que o de um ICE da primeira geração. A velocidade máxima é de 250 quilômetros por hora, 50 km/h a menos que o modelo anterior.
Foto: picture-alliance/dpa
TEE, o antecessor
Antes do ICE, existiu o Trans Europ Express (TEE). Este tipo de trem circulou entre 1957 e 1987 entre os países da então Comunidade Econômica Europeia, mais Áustria e Suíça. Ele só tinha vagões de primeira classe. Na foto, o lendário TEE "Rheingold".
Foto: Getty Images/J.Macougall
Atração turística
Assim era o vagão com bar do trem de luxo TEE "Rheingold" na década de 1960. Ainda hoje os fãs do mundo ferroviário podem fazer passeios neste trem e reviver o passado.
Foto: Imago
Trens voadores
Nos anos 1930, para concorrer com automóveis e aviões, a companhia ferroviária Deutsche Reichsbahn apostou nos trens movidos a diesel. Tão velozes que passaram a ser chamados "trens voadores", eles encurtaram de forma significativa as viagens entre cidades. Assim surgiu uma rede de transporte rápido, que serviu de base para o atual ICE.
Foto: Imago/Arkivi
Os primórdios do trem-bala
Já em 1903, um grupo de estudos do transporte rodoviário fazia testes com trens rápidos. Uma automotriz trifásica da Siemens atingiu 210 km/h no trecho de teste em Berlim, mas a tecnologia só seria desenvolvida depois da Primeira Guerra Mundial.
Foto: Siemens AG
Concorrência internacional
O mais rápido dos trens-bala continua sendo o francês TGV (Train à Grande Vitesse, trem de alta velocidade), que circula desde 1981. Sua mais nova versão, o AGV (Automotrice à Grande Vitesse, automotriz de grande velocidade), atingiu 574 km/h em 2007. Normalmente, no entanto, eles andam a no máximo 320 km/h. Trens com a base do TGV circulam na Alemanha, Bélgica, Reino Unido, Suíça e Itália.
Foto: picture-alliance/dpa/C. Sasso
Velaro, sem locomotiva
A Siemens Velaro é uma família de trens de alta velocidade sem locomotiva, mas com a potência de tração distribuída. Há motores sob cada eixo. O mais rápido de todos da série é o Harmony CRH 380A, em circulação na China. Num teste em 2010, ele atingiu 486 km/h. O trem liga Pequim e Xangai com uma velocidade operacional de 380 km/h.
Foto: imago/UPI Photo
Japão, o pioneiro
Mas foi no Japão que o trem-bala circulou primeiro. Quando foi inaugurado, nos Jogos Olímpicos de 1964, o antecessor do Shinkansen já andava regularmente a 210 km/h. Hoje em dia, trens da nova geração, como o da foto, têm uma velocidade operacional de 320 km/h.
Foto: Reuters/Kyodo
Futuro a 1200 km/h
O Hyperloop é um sistema de transporte pneumático que está sendo desenvolvido na Califórnia. Os estreitos vagões do Hyperloop flutuarão sobre um colchão de ar que eles mesmos formam ao se locomoverem em alta velocidade – que pode chegar a 1.225 km/h.