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Ultradireitista AfD reforça posição anti-islâmica

1 de maio de 2016

Partido populista de direita afirma "o islã não faz parte da Alemanha" em seu programa e defende proibição de minaretes e véus que cubram o rosto. Imigração é tolerada apenas com qualificação e vontade de se integrar.

Frauke Petry: "Queremos impor nosso programa como alternativa ao establishment político"Foto: picture alliance/dpa/M. Murat

O partido Alternativa para a Alemanha (AfD) cimentou seu rumo anti-islâmico neste domingo (01/05), ao incluir a frase "o islã não faz parte da Alemanha" em seu programa partidário. Além disso, o partido defende a proibição de minaretes, dos chamamentos do muezim e de véus e vestimentas que cubram totalmente o corpo das mulheres muçulmanas.

Apesar de se opor abertamente a uma religião específica, os direitistas da AfD se declaram a favor das "liberdades de fé, consciência e confissão". Porém, o exercício da liberdade religiosa deve ter limites claros, ressalva em seu programa partidário, definido durante o congresso de dois em Stuttgart, encerrado neste domingo.

A legenda acabou desistindo da formulação anterior, que declarava o islã incompatível com a Lei Fundamental (Constituição alemã). A formulação proposta por alguns membros mais moderados, de que "o islã políticonão faz parte da Alemanha", também foi rechaçada, com o argumento de que o islã seria sempre político. Os que defendiam o diálogo com grupos muçulmanos foram vaiados durante o congresso.

Petry, Storch e Meuthen durante o congressoFoto: picture-alliance/dpa/M. Murat

"Queremos maiorias para impor nosso programa"

Outro tema controvertido foi a imigração, contra a qual, "sobretudo a de culturas estranhas", muitos participantes do encontro se posicionaram no sábado. No segundo dia do congresso, porém, alguns defenderam uma mudança de rumo. A declaração final deixa de lado as formulações mais extremas, admitindo que "imigrantes qualificados para o mercado de trabalho e com elevada disposição para se integrar são bem-vindos".

A legenda também quer limitar o poder das autoridades europeias. Se isso não for possível, ela pretende se empenhar pela saída da Alemanha da União Europeia. Frauke Petry, uma dos presidentes da AfD, salientou que essa é uma perspectiva de longo prazo.

Ela mencionou que o partido almeja ampliar sua bancada parlamentar: "Queremos formar maiorias, para que possamos impor nosso programa como alternativa ao establishment político." O também líder partidário Jörg Meuthen reforçou que o objetivo é firmar a AfD como "uma nova força conservadora no país".

Os participantes do encontro se mostraram indignados com a notícia de que seus nomes e endereços completos haviam sido publicados num site de esquerda. As informações foram obtidas por hackers, que se infiltraram em computadores do partido.

Há temor de os membros do partido possam ser alvos de atentados. A vice-presidente Beatrix von Storch já está sob proteção policial, devido a ameaças de morte. No sábado, o início do encontro teve atraso de uma hora e meia devido a um protesto de grupos de esquerda.

Demais partidos alemães condenam

A AfD incluiu, ainda, em seu programa:

– Eleição direta para presidente da Alemanha.

– Referendos segundo o modelo suíço, o que permitiria ao partido levar adiante consultas populares, por exemplo, sobre a saída da Alemanha da zona do euro.

– A Turquia não poderá jamais ser membro da UE.

– Reforma da União Europeia em prol de mais soberania para os Estados nacionais. A AfD defende que a UE seja apenas uma união econômica.

Membros de outros partidos políticos na Alemanha classificaram a legenda como reacionária e populista. "Isso é uma composição explosiva para a convivência pacífica na Alemanha", comentou o chefe da bancada do Partido Verde, Anton Hofreiter.

Para o secretário-geral da União Democrata Cristã (CDU), Peter Tauber, "a AfD quer retornar a uma Alemanha que nunca existiu", e isso não é ser conservador, é ser reacionário.

A secretária-geral do Partido Social-Democrata (SPD), Katarina Barley, frisou que as propostas dos ultradireitistas colocam em risco centenas de postos de trabalho. Para a copresidente do A Esquerda, Katja Kipping, a AfD é "o partido da arrogância social e do fundamentalismo cristão".

AS/afp/dpa/ard

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