1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Ultradireitistas devem ser vigiados, diz Gabriel

31 de janeiro de 2016

Vice-premiê alemão condena declarações da líder do Alternativa para a Alemanha, que defendeu uso de armas de fogo contra refugiados nas fronteiras. Popularidade do partido, no entanto, cresce no país.

Deutschland SPD Bundeswirtschaftsminister
Sigmar Gabriel, vice-chefe de governo e líder social-democrataFoto: Getty Images/C. Koall

O vice-chanceler federal da Alemanha, Sigmar Gabriel, afirmou que o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) contraria a ordem democrática do país ao defender o uso de armas de fogo contra refugiados nas fronteiras.

Em entrevista ao jornal Bild am Sonntag, neste domingo (31/01), Gabriel reivindicou que os ultradireitistas sejam excluídos dos debates televisivos nas emissoras alemãs de direito público. Para ele, o AfD deve ser submetido à vigilância do Departamento Federal de Proteção da Constituição (BfV).

"Antes, vigorava na Alemanha uma regra clara: não ajudamos os partidos que se voltam contra as bases da livre ordem democrática do nosso país a divulgar sua propaganda pela televisão", lembrou o também presidento do Partido Social-Democrata (SPD).

Numa alusão indireta ao regime comunista da extinta Alemanha Oriental e ao Muro de Berlim, Gabriel comentou que, tendo nascido em Dresden, no leste alemão, a líder do AfD, Frauke Petry, deveria saber o que significa atirar nas pessoas numa fronteira.

Reações indignadas da política

Neste sábado, numa entrevista ao jornal Mannheimer Morgen, Petry se manifestou a favor de que a Polícia Federal alemã dispare contra os migrantes que tentem ingressar no país ilegalmente, "se necessário". Deve-se usar os meios "que constam da lei" para impedir que "tantos refugiados possam entrar pela Áustria sem estarem registrados", exigiu a ultradireitista.

Os comentários geraram reações indignadas de todos os partidos representados no Bundestag (câmara alta do Parlamento alemão). Thomas Oppermann, chefe da bancada federal do SPD, disse que essa é uma "agitação intolerável" contra os refugiados, que lembraria a licença para atirar em vigor na fronteira entre as Alemanhas.

Segundo Peter Tauber, secretário-geral da União Democrata Cristã (CDU), com tais gafes o AfD se desmascara como "um monte de reacionários, para quem nada significam democracia, Estado de direito e valores como amor ao próximo e a compaixão".

O vice-chefe de bancada do A Esquerda, Jan Korte, tachou as declarações de desumanas, brutais e antidemocráticas. O porta-voz para assuntos internos do Partido Verde, Volker Beck, alegou que a legenda de Petry é "realmente perigosa".

O Sindicato da Polícia alemã rechaçou a sugestão que classificou como "ideologia radical". Nenhum policial vai atirar contra refugiados, assegurou em Berlim o vice-presidente do sindicato, Jörg Radek.

Frauke Petry: usar os meios "previstos na lei" para impedir entrada ilegalFoto: picture-alliance/dpa/J. Stratenschulte

Apoio recorde para AfD

Apesar das críticas, o Alternativa para a Alemanha se destaca nas enquetes com os melhores índices de aceitação entre o eleitorado.

No relatório "Tendências do domingo", feito pelo instituto de pesquisa de opinião Emnid, o partido apresentou um recorde de 12% das intenções de voto dos entrevistados – dois pontos porcentuais a mais do que na semana anterior.

Com o resultado, os populistas de direita se reafirmaram como a terceira força política do país, à frente do A Esquerda (10%).

Ainda firme na primeira posição, a CDU de Angela Merkel e o partido-irmão União Social Cristã (CSU) caíram dois pontos, ficando em 34% – índice de popularidade mais baixo já alcançado pelos conservadores desde julho de 2012. O SPD, terceira legenda da coalizão de governo, teve um ponto percentual a menos, alcançando 24%. O quinto lugar coube ao Partido Verde, com 9%.

AV/afp/rtr/dpa

Pular a seção Mais sobre este assunto