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Ultranacionalistas protestam contra Putin em Moscou

4 de novembro de 2012

Após anos de proibição, governo permitiu manifestação de ultranacionalistas nas ruas da capital. Eles protestaram contra o presidente russo e a política de imigração no país. Ativistas alertam para aumento da xenofobia.

Foto: AP

Com frases de efeito, bandeiras simbolizando a Rússia pré-revolução e ícones religiosos, milhares de ultranacionalistas foram às ruas de Moscou neste domingo (04/11). Vestidos de preto, eles protestaram durante a "Marcha Russa" contra a política migratória do governo e pela renúncia do presidente Vladimir Putin.

O presidente russo é acusado de negligenciar os direitos da população eslava do país e de fazer vista grossa para a imigração ilegal. Um dos organizadores da marcha, Alexander Belov, disse que a desilusão quanto ao presidente Putin só está aumentando.

"Putin é o líder de um regime criminal. Eles (os manifestantes) estão cansados dele", frisou. Quanto à política migratória do governo, Belov disse que "atualmente as melhores pessoas estão sendo forçadas a deixar a Rússia e ir para o Ocidente".

De acordo com a organização do evento, cerca de 20 mil manifestantes participaram da manifestação. Já a polícia de Moscou estimou o número em cerca de 6 mil.

Xenofobia

Xenofobia está crescendo na Rússia, dizem observadoresFoto: KIRILL KUDRYAVTSEV/AFP/Getty Images

Ativistas dos direitos humanos dizem que a xenofobia está crescendo e cada vez mais russos são simpáticos à causa nacionalista. Eles afirmam que as ações dos extremistas de direita vão aumentar os problemas étnicos na Rússia. Além disso, alertam para a perseguição a trabalhadores vindos dos países do Cáucaso e da Ásia Central.

Putin rebateu tentativas de inflamar sentimentos nacionalistas, evocando a história multiétnica do país. Muitos moscovitas reclamam do aumento do número de imigrantes sem qualificação dos ex-países soviéticos empobrecidos da Ásia Central.

"Sou contra a ausência de um regime de visto para os países da Ásia Central", diz Andrei Goldin, professor universitário de 38 anos. Ele afirma, ainda, que é contra a preferência de financiamento na região do Cáucaso em detrimento de regiões russas.

Autoridades autorizaram a marcha dos nacionalistas pela capital, apesar dos pedidos da Federação dos Imigrantes na Rússia para que o evento fosse prorrogado ou mesmo cancelado. Esta foi a primeira vez, em muitos anos, que as autoridades permitiram a realização de uma marcha no centro de Moscou. Antes, esse tipo de evento era permitido apenas nas regiões periféricas da cidade.

Maior protesto contra Putin

Putin vem enfrentando um crescente movimento de protesto contra seu governo desde que se reelegeu pela terceira vez, em maio deste ano, e o movimento anti-Putin está se tornando popular, principalmente entre os ultranacionalistas. O presidente vem enfrentando a maior onda de protestos desde que chegou ao poder, há 12 anos.

A manifestação deste domingo coincidiu com o Dia da União Popular, feriado nacional que marca o aniversário de 400 anos da expulsão dos invasores poloneses em Moscou.

Muitos observadores receiam que a Rússia mergulhe no caos caso forças nacionalistas alcancem o poder. E acusam Alexei Navalny, possivelmente o líder mais carismático do movimento anti-Putin, de flertar abertamente com os ultranacionalistas.

FC/afp/dpa/dapd
Revisão: Mariana Santos

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