Um dos maiores icebergs da história se solta na Antártida
Katharina Wecker ip
12 de julho de 2017
Bloco de gelo de 5,8 mil quilômetros quadrados se desprende do segmento Larsen C, alterando mapa do continente gelado. Cientistas dizem que não haverá impacto no nível do mar, mas alertam para riscos de longo prazo.
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Um bloco de gelo de 5,8 mil quilômetros quadrados se desprendeu da plataforma de gelo Larsen C, formando um dos maiores icebergs já registrados e alterando o mapa da Antártida.
Cientistas que há anos vinham observando a crescente rachadura na plataforma Larsen C anunciaram nesta quarta-feira (12/07) que o iceberg de trilhões de toneladas finalmente se rompeu nos últimos dois dias e está agora à deriva no Mar de Weddell.
A ruptura acabou acontecendo mais rápido do que se esperava. Depois de avanços lentos ao longo de anos, a rachadura se prolongou por 17 quilômetros dentro de uma semana, em maio. A plataforma de gelo Larsen C foi reduzida em tamanho em um recorde de 10% e tem agora a sua menor extensão.
Embora o novo iceberg tenha pouco ou nenhum impacto imediato na região, na biodiversidade ou nos níveis do mar, os cientistas estão preocupados com os efeitos a longo prazo da separação.
Ciclo natural e mudanças climáticas
Rupturas de icebergs na Antártida fazem parte de um ciclo natural. O gelo constantemente avança sobre o oceano. Como resultado, a plataforma de gelo cresce em média 700 metros por ano. Em algum momento, uma parte dela se separa, reiniciando o ciclo. Por isso, cientistas afirmam que a formação deste novo iceberg não está necessariamente ligada às alterações climáticas.
"Este iceberg não aumentará os níveis globais do mar", disse a geofísica Daniela Jansen, do Instituto Alfred Wegener de Pesquisa Polar e Marinha em Bremerhaven, na Alemanha. "É como cubos de gelo num copo de água. Eles não aumentam a quantidade de água no copo quando derretem."
Mas a nova ruptura pode fazer com que a plataforma de gelo Larsen C se torne instável e, eventualmente, colapse. Ao norte, duas plataformas menores já passaram por esse processo. A Larsen A desapareceu em 1995. Sete anos depois, a Larsen B entrou em colapso.
Iceberg gigante se desprende da Antártida
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Os cientistas atribuem esses dois colapsos e o recuo de várias plataformas de gelo da Antártida nas últimas décadas ao aquecimento global. "O colapso de Larsen A e de Larsen B foi associado ao aumento das temperaturas do oceano na Península Antártica", disse Jansen. "A questão agora é se a tendência vai se espalhar para o sul e desestabilizará também a Larsen C."
Os cientistas irão agora monitor a Larsen C para ver se ela manterá o ciclo natural e voltará a crescer ou se derrete ainda mais e, eventualmente, colapse. No entanto, dados do projeto da pesquisa Midas, na Universidade de Swansea, no Reino Unido, já apontaram para um eventual colapso.
Isso pode levar décadas. Mas, ao contrário dos icebergs que se desprendem da plataforma de gelo, a camada de gelo atrás dela está sobre a terra. Se esse gelo derreter, ele acrescentará água adicional ao mar, levando a um aumento nos níveis oceânicos.
Apesar do seu grande tamanho, o novo iceberg não é páreo para outros que já se desprenderam do continente gelado. Em 2000, por exemplo, o iceberg B-15, de 11 mil quilômetros quadrados, descolou-se da plataforma de gelo Ross. A própria plataforma de gelo Larsen C já deu origem a icebergs maiores, como um de 9 mil quilômetros quadrados em 1986.
Lições para o futuro
A Antártida é um sistema extremamente complexo, e os cientistas ainda não a monitoraram por tempo suficiente a ponto de detectar tendências e fazer previsões. Essa é uma das razões pelas quais a ruptura da plataforma de gelo Larsen C atraiu tanta atenção.
"Recebemos novas imagens de satélite a cada seis dias. É muito emocionante, porque agora podemos monitorar todo o processo, algo que não conseguíamos fazer antes", disse Jansen.
Ela acrescentou que as lições aprendidas com a Larsen C são muito importantes para o futuro. "Os dados nos permitem criar modelos capazes de gerar previsões de longo prazo para plataformas de gelo ainda maiores."
Os cientistas estão preocupados que o colapso das plataformas de gelo, assim como das camadas de gelo sobre a terra, possa desestabilizar as geleiras na Antártida Ocidental. A camada de gelo sobre a terra da Antártida Ocidental contém água congelada suficiente para aumentar o nível do mar em cerca de 6 metros caso derreta.
Dez ações contra as mudanças climáticas
Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir.
Foto: picture-alliance/dpa
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Foto: picture-alliance/dpa
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Foto: Mobisol
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Foto: Gemeinde Saerbeck/Ulrich Gunka
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Foto: 350.org/Linda Choritz
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Foto: DW/G. Rueter
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen
Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
Foto: Getty Images/J. Sullivan
Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Foto: imago/R. Lueger
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Foto: Oliver Ristau
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.