Em 2018, Topografia do Terror recebeu número recorde de visitantes. Dedicado aos horrores praticados pelo regime nazista, local ganha cada vez mais importância na manutenção da memória.
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Berlim foi palco de expressivos momentos históricos do século 20. Da cidade partiram ordens para as maiores atrocidades cometidas durante esse período. Décadas depois, esse passado permanece presente na capital alemã como uma alerta.
Em Berlim, a história alemã e seus crimes estão expostos confrontando a todos. Não há como negá-los ou ignorá-los. Para alguns, essa herança faz da capital alemã uma cidade pesada e triste. Para mim, essa reflexão constante contribui para a formação de uma sociedade solidária e crítica.
Uma das bases da sociedade alemã, a cultura da memória, mantém esse passado vivo para promover uma reflexão crítica sobre a história e também a busca por um futuro melhor: lembrar é fundamental para evitar a repetição dos horrores cometidos pelo regime nazista.
Entre tantos museus e memoriais da capital, um dos mais visitados na cidade é a Topografia do Terror. Em 2018, o número de visitantes bateu recorde, com 1,38 milhão. O memorial foi construído no terreno que, entre 1933 e 1945, abrigou a sede da Gestapo, considerada a central do horror nazista. A antiga sede da polícia secreta nazista possuía ainda uma prisão. Estima-se que 15 mil opositores do regime tenham sido detidos e torturados neste local.
A Segunda Guerra Mundial levou à destruição da sede da Gestapo. Suas ruínas, posteriormente, foram derrubadas. O terreno e sua história ficaram esquecidos após a construção do Muro de Berlim em suas imediações.
Em 1987, o terreno recebeu a exposição temporária Topografia do Terror, num pavilhão provisório. Diante do sucesso, a exposição foi prolongada por um ano e depois permanentemente. Em 1990, foi aprovada a construção de um centro de documentação e visitação no local.
Além de ser um centro de documentação, a Topografia do Terror também é um museu com exposições permanentes sobre a Gestapo, os crimes nazistas e os horrores praticados neste período.
Moradores e turistas em Berlim deveriam incluir em suas atividades pela cidade, pelo menos, uma visita a esse memorial. Conhecer essa história de atrocidades é fundamental para evitar que esse terrível passado seja relativizado, como alguns populistas de direita tentam frequentemente fazer.
A visita a Topografia do Terror mostra que o regime nazista e Adolf Hitler não foi apenas um "cocô de pássaro em mil anos de uma história alemã de sucesso”, como falou o líder do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) Alexander Gauland. É chocante ser confrontado com o tamanho da perversidade humana.
Com a morte das últimas testemunhas e sobreviventes deste período, esses memoriais se tornam cada vez mais importantes para evitar que essa história seja esquecida, mantendo viva a memória destes tempos sombrios.
A Topografia do Terror fica na Niederkirchnerstraße 8, e é aberto diariamente das 10h às 20h. A entrada é livre.
Clarissa Neher trabalha como jornalista freelancer para a DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
A capital alemã é muitas coisas: sede do governo, metrópole cultural, centro de vida noturna. Mas, acima de tudo, ela é eletrizante, uma cidade em constante mutação. Talvez, por isso, os turistas gostem tanto dela.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Vista do alto
A torre "Fernsehturm", com seus 368 metros de alturam é a estrutura mais alta da Alemanha. Em um dia claro, a plataforma de observação oferece visibilidade de até 40 quilômetros. Acima da plataforma, fica o restaurante giratório, que realiza uma rotação a cada 30 minutos.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Um lugar feliz
Em 1989, quando o Muro de Berlim caiu, artistas de todo o mundo pintaram sobre a barricada de concreto cinza. A East Side Gallery é até hoje a mais longa galeria ao ar livre do mundo. A arte criada espontaneamente ainda reflete a alegria que se espalhou por toda a Berlim com a queda do Muro.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Museus e galerias
Rodeada pelo rio Spree, a Ilha dos Museus foi nomeada Patrimônio Mundial pela Unesco em 1999. Lá, é possível admirar tesouros artístico de todo o mundo, como um busto da rainha egípcia Nefertiti e o Altar de Pérgamo, construído entre 160 e 180 a.C. em homenagem a Zeus, o reio do Olimpo. Berlim tem ainda outros 175 museus e cerca de 300 galerias de arte.
Foto: Fotolia/fhmedien_de
Diversidade cultural
Cosmopolita, ricamente colorida e com um entusiasmo pela vida — assim Berlim apresenta-se durante o festival Carnaval das Culturas. Cerca de 180 nacionalidades chamam a cidade de casa. E todo o mês de maio eles — recém-chegados e berlinenses estabelecidos — celebram o que é, provavelmente, a melhor festa de rua da cidade.
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Em constante mutação
Desde a Reunificação, em 1990, os guindastes não param: a Potsdamer Platz foi reconstruída, o Reichstag (prédio do Parlamento alemão) ganhou uma cúpula e o quarteirão do governo foi construído. O Palácio de Berlim, que deverá ser concluído em 2019, está lentamente tomando forma. Ninguém sabe ainda, porém, se o novo - e muito atrasado - aeroporto de Schönefeld estará aberto até lá.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Zinken
Tapete vermelho
Em fevereiro, Berlim estende o tapete vermelho para receber estrelas do cinema. Desde 1951, o Festival Internacional de Cinema de Berlim, conhecido como Berlinale, é um dos principais do mundo. Estrelas do cinema amam a cidade, mesmo em outras épocas do ano, como Arnold Schwarzenegger e Emilia Clarke, que estiveram na capital para a estreia do mais recente "Exterminador do Futuro".
Foto: picture-alliance/dpa/C. Carstensen
Memória preservada
O Memorial do Holocausto, composto por 2.711 placas de concreto para lembrar os seis milhões de judeus europeus mortos pela Alemanha nazista, é o memorial mais visitado de Berlim. Outros monumentos incluem os dedicados às Forças Aliadas que libertaram a cidade no final da Segunda Guerra Mundial, aos que morreram tentando escapar pelo muro e aos herois da força aérea de Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Stache
Parques e jardins
Há mais de 2.500 parques em Berlim, mas o "New York Times" nomeou, recentemente, o pequeno "Prinzessinnengarten" como um dos mais belos espaços verdes da cidade. Esse antigo terreno baldio no bairro de Kreuzberg foi transformado em um jardim orgânico, em que mais de 500 tipos de vegetais são cultivados por centenas de voluntários locais.
Foto: picture-alliance/dpa
Vida noturna
A vida noturna de Berlim, conhecida como uma das mais excitantes do mundo, oferece diversão para todos os gostos, do indie rock ao hip hop e house. Alguns dos melhores DJs do mundo tocam em clubes como Berghain e Watergate. Muitas pessoas vão a Berlim só para isso — elas chegam à cidade na sexta-feira à noite e passam o fim de semana inteiro na balada antes de voltarem para casa.
Foto: picture-alliance/schroewig
Capital canina
Cerca de 100 mil cães vivem na cidade, fazendo de Berlim a capital canina da Alemanha. Mas quando os berlinenses dizem que "ladram, mas não mordem", eles estão se referindo a eles próprios. Os moradores são conhecidos por não serem muito simpáticos: "Berliner Schnauze", o termo em alemão para focinho, é usado para caracterizar a rispidez no trato considerada típica do berlinense.