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Um dos símbolos de Berlim completa 50 anos

17 de junho de 2019

Projetado para aniversário da República Democrática Alemã e para ser ponto de encontro da Berlim Oriental, Relógio do Horário Mundial sobreviveu à Reunificação e é uma das principais atrações na Alexanderplatz.

Relógio do Horário Mundial na Alexanderplatz
Foto: Fotolia/sp4764

Neste ano, o Relógio do Horário Mundial na Alexanderplatz completa 50 anos. O monumento, que atrai turistas do mundo todo, se tornou, além de um famoso ponto de encontro da antiga Alemanha Oriental, um dos atuais símbolos da capital alemã.

O Relógio do Horário Mundial saiu do papel após o projeto do designer Erich John desbancar os concorrentes num concurso organizado pela República Democrática Alemã (RDA) no âmbito da reconstrução da praça, que havia ficado em ruínas no fim da Segunda Guerra Mundial. O novo monumento deveria ser inaugurado nas comemorações dos 20 anos da Alemanha Oriental.

Lançado em 1968, o concurso buscava projetos para a construção de um ponto de encontro na nova Alexanderplatz. Alguns anos antes, durante obras na praça, foi descoberto naquele local ruínas de uma antiga coluna que possuía instrumentos meteorológicos – um objeto muito comum nas ruas da cidade no século 19. Em Berlim, por volta de 1900, havia várias destas colunas que, além das horas, mostravam também temperatura e pressão atmosférica.

Diante da descoberta, o edital do concurso estabeleceu que o novo monumento deveria ser inspirado no antigo objeto, porém, representando os avanços tecnológicos da Alemanha comunista. Cerca de 20 propostas foram inscritas.

John conquistou o júri do concurso com seu Relógio do Horário Mundial. O projeto deveria ser construído em apenas nove meses e entregue em setembro de 1969, alguns dias antes da comemoração dos 20 anos da RDA, em 7 de outubro daquele ano. Cerca de 120 pessoas trabalharam na obra.

Em entrevista recente ao jornal B.Z., John afirmou que sua ideia era uma provocação, mostrando exatamente o contrário da construção do Muro de Berlim, que isolou a cidade, e pregando um mundo aberto. O designer, de 87 anos, contou ainda que o Relógio do Horário Mundial comprou sua liberdade. Devido à fama que ganhou após ser premiado, pode viajar para Paris, Cidade do México, Washington e dar quatro meses de aulas numa universidade em Ohio, nos Estados Unidos. Sua família, no entanto, nunca conseguiu permissão para acompanhá-lo.

A vitória no concurso foi uma surpresa para John. Afinal, o projeto era uma clara confrontação ao controle de ir e vir praticado por regime comunista. A indireta parece ter passado despercebida pelo governo da RDA e se tornou uma grande ironia: no centro da principal praça de Berlim Oriental havia um relógio que marca o horário de um mundo inacessível para a grande maioria dos moradores daquele lado da cidade.

Pesando 16 toneladas e medindo 10 metros de altura, o imponente monumento indica a hora de 146 cidades. Depois da queda do Muro e do fim da RDA, o monumento foi restaurado e corrigido. Durante sua construção, ocorreram alguns erros e cidades foram colocadas no fuso-horário errado, algumas localidades também foram acrescentadas.

Em 2015, o Relógio do Horário Mundial foi tombado pelo patrimônio histórico. Hoje, ele é um dos pontos preferidos de turistas, que costumam procurar o nome da cidade ou do país onde moram para guardar de lembrança numa fotografia.

Clarissa Neher é jornalista da DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.

 

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