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Um em cada seis estrangeiros na Alemanha busca refúgio

2 de novembro de 2017

Cerca de 1,6 milhão de pessoas se encontram no país por razões humanitárias. Falha de registros provoca discussão sobre cerca de 30 mil requerentes de refúgio cujo paradeiro seria desconhecido das autoridades do país.

Refugiados fazem fila para serem registrados em Zirndorf, no sul da Alemanha
Refugiados fazem fila para serem registrados em Zirndorf, no sul da AlemanhaFoto: picture-alliance/dpa/D. Karmann

Cerca de 1,6 milhão de pessoas em busca de refúgio viviam na Alemanha no final de 2016, segundo números divulgados nesta quinta-feira (02/11) pelo Departamento Federal de Estatísticas. Isso significa que quase um sexto dos estrangeiros que vivem na Alemanha está no país por razões humanitárias.

Em dois anos, o número aumentou em 851 mil, ou 113%. A cifra inclui tanto imigrantes a quem já foi concedido refúgio, quanto aqueles que pretendem requerer refúgio ou os que tiveram pedido de refúgio rejeitado, mas ainda não deixaram o país. O Departamento Federal de Estatísticas, entretanto, reconheceu não saber quantas dessas pessoas constam mais de uma vez nos registros. 

Cerca da metade dos requerentes ou dos que já obtiveram refúgio vem de três países: Síria, Afeganistão e Iraque. A maioria das pessoas com pedidos de rejeitados vem da Sérvia e da Albânia. Quase dois terços do 1,6 milhão de pessoas em busca de proteção são homens, e a idade média é de 29,4 anos. 

Como resultado da crise dos refugiados, o número dos recursos judiciais apresentados contra pedidos de refúgio negados é quase cinco vezes maior que há um ano, segundo informação do governo alemão. Tribunais do país registraram cerca de 322 mil recursos do tipo de janeiro a junho deste ano. No mesmo período do ano anterior, eles eram cerca de 69 mil.

O Departamento Federal de Estatísticas admite que cerca de 392 mil estrangeiros não puderam ser levados em consideração nas estatísticas, porque não foi possível verificar se vieram por razões humanitárias.

As autoridades alemãs admitem haver deficiências estruturais na coleta de dados realizada pelo Registro Central de Estrangeiros da Alemanha. Entre as falhas, está, por exemplo, a manutenção de nomes de pessoas que já deixaram o país. Atualmente, o registro passa por uma reformulação.

Números controversos

Uma dessas supostas falhas possivelmente deu origem a uma reportagem veiculada pelo tabloide Bild nesta quinta-feira. A publicação afirma que o governo alemão não teria conhecimento do paradeiro de 30 mil imigrantes que tiveram seus pedidos de refúgio recusados. 

O governo alemão desmentiu a notícia, afirmando que o periódico fez uma interpretação distorcida das estatísticas. Segundo o Ministério do Interior alemão, a diferença entre o número de pessoas intimadas a deixar a Alemanha contido no Registro Central de Estrangeiros (AZR) e a cifra de requerentes de refúgio que ainda recebem ajuda social do governo não permite tirar tal conclusão.

O Bild estimou que no final de 2016, mais de 54 mil estrangeiros estavam registrados como intimados a deixar a Alemanha, mas que, segundo estatísticas oficiais, apenas 23.600 deles continuavam recebendo os benefícios sociais a que requerentes de refúgio têm direito. A publicação supôs, com disso, que as autoridades alemãs não saberiam do paradeiro dos cerca de 30 mil restantes, que seriam requerentes de refúgio que não estariam mais recebendo os benefícios.

Entretanto, o Ministério do Interior declarou que somente metade dos nomes registrados no AZR como intimados a deixar o país são de pessoas cujo pedido de refúgio foi rejeitado. O segundo maior grupo é constituído daqueles cujo visto ou outras autorizações de residência expiraram e que, por isso, foram intimadas a deixar o país. Nem todas as pessoas neste grupo e nem todos requerentes de refúgio rejeitados têm direito a benefícios sociais, segundo o governo alemão.

MD/epd/dpa

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