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"Um homem de paz": líderes reagem à morte de Gorbachev

31 de agosto de 2022

Da Alemanha ao Japão, líderes ressaltam coragem e determinação do último presidente soviético em prol da paz. E apontam contraste entre sua atuação pelo fim da Guerra Fria e a atual guerra da Rússia contra a Ucrânia.

Ex-líder soviético Mikhail Gorbachev
Mikhail Gorbachev em Moscou, maio de 2017Foto: Sergei Karpukhin/REUTERS

Ao ser informado da morte do último presidente da União Soviética, Mikhail Sergeyevich Gorbachev, o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, o elogiou como "reformador corajoso", que "possibilitou que a Alemanha fosse unificada, que a Cortina de Ferro desaparecesse".

"Não esqueceremos que através da perestroika [reestruturação] foi possível a Rússia tentar estabelecer uma democracia, que democracia e liberdade fossem possíveis na Europa", prosseguiu, ressalvando que o ex-líder morreu numa época em que "não só a democracia fracassou na Rússia", mas em que o país e seu presidente, Vladimir Putin, traçaram novas trincheiras no continente e começaram uma terrível guerra.

"Justamente por isso, pensamos em Mikhail Gorbachev e sabemos que significado ele teve para o desenvolvimento da Europa e também de nosso país, nos últimos anos", acrescentou Scholz.

Em declaração divulgada online, sua antecessora, Angela Merkel, definiu o ex-chefe de Estado soviético como "um político mundial único" que mudou o mundo para melhor. Ela expressou o desejo de "que a memória de sua conquista histórica possibilite uma pausa para reflexão, justamente nestas terríveis semanas e meses da guerra da Rússia contra a Ucrânia".

Chefe de governo alemã de 2005 a 2021, Merkel afirmou que Gorbachev transformou fundamentalmente a vida dela e que recebera a notícia de sua morte "com grande tristeza". Ela recordou a glasnost (abertura) e a perestroika, sem as quais "também a revolução na RDA [República Democrática Alemã, de governo comunista, 1949 a 1990] não teria sido possível".

Sem fornecer maiores detalhes, o Hospital Central Clínico de Moscou informou que Mikhail Gorbachev morreu na noite desta terça-feira (30/08), aos 91 anos, "após enfermidade grave e prolongada".

Louvores de líderes mundiais, Putin reticente

Em mensagem de condolências divulgada pelo Kremlin nesta quarta-feira, o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, reconheceu que o morto ilustre teve "grande impacto sobre o curso da história do mundo": "Guiou nosso país através de um período de mudanças complexas e dramáticas e de grandes desafios de política exterior, econômicos e sociais."

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, referiu-se a seu homólogo soviético como "um homem de notável visão", que, enquanto dirigente da URSS, "trabalhou com o presidente Ronald Reagan para reduzir os arsenais nucleares de nossos dois países" e, "após décadas de repressão política brutal, abraçou reformas democráticas".

Dotado de "imaginação para ver que um futuro diferente era possível, e de coragem para arriscar sua carreira inteira a fim de lográ-lo", os atos de Gorbachev teriam resultado em "um mundo mais seguro e maior liberdade para milhões", avaliou o democrata americano.

Segundo o presidente da França, Emmanuel Macron, Gorbachev foi "um homem de paz, cujas escolhas abriram um caminho de liberdade para os russos" e cujo "comprometimento com a paz na Europa mudou nossa história comum".

O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, enfatizou que Gorbachev "pôs fim à experiência da União Soviética com coragem e determinação": "Seu desejo de paz e sua oposição a uma visão imperialista da Rússia lhe renderam o Prêmio Nobel. Essas mensagens são mais relevantes do que nunca, diante da tragédia da Ucrânia."

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, comentou: "Sempre admirei a coragem que ele mostrou em levar a Guerra Fria a uma conclusão pacífica. Numa época de agressão de Putin à Ucrânia, o compromisso incansável dele em abrir a União Soviética permanece um exemplo para todos nós."

O premiê japonês, Fumio Kishida, afirmou que Gorbachev "deixou para trás um grande desempenho como líder mundial, apoiando a abolição das armas nucleares".

Segundo seu homólogo australiano, Anthony Albanese, "Mikhail Gorbachev se caracterizou por seu calor, esperança, determinação e enorme coragem, e, num mundo que estava profundamente dividido, era guiado por um instinto de cooperação e unidade".

Legado inesquecível de paz

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, referiu-se a "um estadista sem igual, que mudou o curso da história": "Ele fez mais do que qualquer outro indivíduo para dar um fim pacífico à Guerra Fria. O mundo perdeu um líder global eminente, multilateralista dedicado e incansável advogado da paz."

Para a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o último presidente da URSS era "um líder digno de confiança e respeito" que "desempenhou um papel crucial para dar fim à Guerra Fria e fazer cair a Cortina de Ferro". "Isso abriu o caminho para uma Europa livre. Não vamos esquecer esse legado", destacou.

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Jens Stoltenberg, frisou que, além de levar ao fim da URSS e da Guerra Fria, as "reformas históricas" do político russo "abriram a possibilidade de uma parceria entre a Rússia e a Otan". Portanto "sua visão de um mundo melhor permanece um exemplo".

A ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, afirmou: "Em momentos decisivos da nossa história, Mikhail Gorbachev optou pelo caminho da paz e compreensão, contribuindo assim para o fim da Guerra Fria e para a Reunificação alemã. A Alemanha será eternamente grata por isso."

Para seu homólogo Zbigniew Rau, da Polônia, Gorbachev "ampliou o âmbito da paz para os povos escravizados da União Soviética, num grau sem precedentes, dando-lhes esperanças de uma vida mais digna".

av/lf (AP, Reuters, AFP, DPA)

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