Massas de ar subtropicais chegam até o Ártico e deixam termômetros da região, que geralmente ficam nos 30 graus negativos, perto de zero. Mês de novembro foi o mais quente em mais de 130 anos.
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Meteorologistas alertam que uma tempestade próxima à Islândia nesta quarta-feira (30/12) deverá mover massas de ar subtropicais até o Polo Norte, deixando as temperaturas no Ártico mais altas dos que os habituais 30º negativos do inverno na região.
As temperaturas no Polo Norte estavam nesta quarta-feira em torno de 0º Celsius. O arquipélago de Spitzenberg, na Noruega, situado dentro do círculo polar ártico, chegou a registrar 3º de temperatura.
O serviço meteorológico islandês prevê temperaturas entre zero e 5ºC, em combinação com ventos fortes e mar alto. A leste, uma zona de alta pressão se instalou sobre a polônia e a Rússia, deixando o ar relativamente seco na Europa Ocidental. Já o Reino Unido, que vem sofrendo fortes enchentes nos últimos dias, vai enfrentar ainda mais chuvas e mar alto em razão da chamada tempestade Frank.
Especialistas dizem que a tempestade de inverno é historicamente incomum, em razão da pressão atmosférica baixa em combinação com altas correntes atmosféricas. Anomalias semelhantes também ocorreram no norte do Canadá e na Sibéria.
"Impressionante" onda de calor
Na segunda-feira, o especialista do jornal Washington Post Jason Samenow analisou que "a onda de ar quente que forma uma linha reta em direção ao Polo Norte é algo impressionante".
Jake Crouch, da agência meteorológica americana (NOAA), disse que o fenômeno "El Niño", que causa temperaturas extraordinárias na superfície do Pacífico equatorial, poderia estar causando os efeitos de alastramento no Atlântico e até mesmo na Europa.
Em meados de dezembro, a NOAA afirmou que o aquecimento da atmosfera na região do Ártico ocorre em níveis duas vezes mais rápidos do que em qualquer outra parte do mundo. "Sabemos que é em razão das mudanças climáticas", alertou o cientista-chefe da organização, Rick Spinrad.
A NOAA afirma que, nos últimos anos, o gelo no Mar do Ártico, que normalmente atinge o máximo da cobertura no hemisfério norte durante o ápice do inverno em fevereiro, teve a menor extensão registrada desde o início das medições, em 1979.
O recuo do gelo marítimo é tido como uma das maiores ameaças aos ecossistemas, incluindo a dependência de espécies como morsas que utilizam essas camadas para se acasalar e parir os filhotes.
A agência americana relatou a ocorrência de florações excepcionais de plânctons nas regiões costeiras do Ártico, incluindo o Estreito de Bering, entre o Alasca e a Rússia.
Além disso, peixes subárticos se movimentam em direção as águas do Ártico, levando riscos a espécies menores na região, não familiarizadas com esses predadores. Ainda assim, essa movimentação acaba sendo benéfica aos pescadores da Groenlândia.
Novembro mais quente em 136 anos
Nos anos 1980, até metade da camada do Ártico era constituída por gelo mais espesso e mais antigo. No final do último inverno polar, em março, gelos de apenas um ano cobriam 70% dessa camada.
A tendência de aquecimento fez com que o mês de novembro de 2015 fosse o mais quente em 136 anos, e marcou o sétimo mês seguido de altas inéditas de temperatura.
Em dezembro, durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP21) em Paris, países ricos e emergentes chegaram a um acordo considerado o mais importante para lidar com as questões do aquecimento global, desde a assinatura do Protocolo de Kyoto, em 1997.
O Acordo de Paris, que entrará em vigor até 2020, tem como objetivo limitar a elevação da temperatura a menos de 2ºC em relação ao nível pré-industrial e "perseguir esforços para limitar o aumento a 1,5ºC".
RC/dpa/afp/ap
Dez ações contra as mudanças climáticas
Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir.
Foto: picture-alliance/dpa
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Foto: picture-alliance/dpa
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Foto: Mobisol
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Foto: Gemeinde Saerbeck/Ulrich Gunka
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Foto: 350.org/Linda Choritz
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Foto: DW/G. Rueter
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen
Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
Foto: Getty Images/J. Sullivan
Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Foto: imago/R. Lueger
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Foto: Oliver Ristau
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.