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CatástrofeLíbano

Um mês após explosão, Beirute busca possível sobrevivente

4 de setembro de 2020

Cão farejador e equipamento detectam sinais de vida debaixo de escombros em Beirute. Apesar da improbabilidade, libaneses acompanham operação de busca com esperança. Megaexplosão deixou 191 mortos e 6 mil feridos.

Equipes de resgate em frente a escombros em Beirute
Cão farejador e equipamento detectaram sinais de vida humana debaixo de escombros, um mês após explosão em BeiruteFoto: picture-alliance/AP Photo/B. Hussein

Equipes de resgate usaram guindastes, uma escavadeira e as próprias mãos em operações de busca nos escombros de um prédio que desabou no mês passado em Beirute em decorrência de uma megaexplosão no porto. As buscas foram retomadas nesta sexta-feira (04/09), um dia depois de ter sido detectado no local um sinal de vida.

A operação de busca realizada no histórico distrito de Gemmayzeh, numa rua que antes era repleta de bares e restaurantes, paralisou o Líbano nas últimas 24 horas. A possibilidade, embora improvável, de que possa haver um sobrevivente soterrado um mês trouxe esperança aos libaneses que acompanhavam a odisseia pelo noticiário.

As buscas começaram na tarde de quinta-feira, depois que um cão farejador, que pertence a uma equipe chilena de resgate, detectou algo e correu em direção aos escombros. Imagens do cão chamado Flash circularam nas redes sociais, com muitos internautas o descrevendo como um herói.

Em seguida, a equipe usou um equipamento de identificação de sinais ou batimentos cardíacos e detectou o que poderia ser um pulso de 18 a 19 batimentos por minuto. A origem do sinal pulsante não pôde ser identificada, mas foi o suficiente para desencadear a operação de busca e acender as esperanças. 

Após horas de buscas, o trabalho foi suspenso brevemente antes da meia-noite, aparentemente na espera pela chegada de um guindaste. A paralisação gerou indignação entre as pessoas que chegaram ao local para acompanhar a operação – elas alegaram que o exército libanês havia pedido à equipe chilena de resgate para interromper a busca.

Alguns civis decidiram colocar capacetes e começaram a revistar os escombros enquanto outros buscavam formas de conseguir guindastes – uma cena que reflete a divisão na sociedade libanesa e a falta de confiança das pessoas nas autoridades. Membros da equipe da Defesa Civil do Líbano voltaram ao local uma hora depois e retomaram o trabalho.

Dois membros de equipe chilena de resgate e seu cão farejador, Flash, diante de escombros em BeiruteFoto: picture-alliance/AP Photo/B. Hussein

O exército emitiu um comunicado nesta sexta-feira no qual explica que a equipe chilena de resgate interrompeu a operação de busca por receio de que um muro desabasse sobre eles. A nota acrescentou que especialistas do exército inspecionaram o local e dois guindastes foram levados para remover a parede. Depois disto, a busca foi retomada.

Na manhã desta sexta-feira, a equipe de resgate reassumiu o trabalho removendo lentamente os destroços com as mãos e pás e cavaram um buraco nos escombros do prédio. Quanto mais avançavam, mais cuidadoso se tornava o trabalho. Posteriormente, usaram uma câmera de 360 graus colocada na ponta de um longo bastão para visualizar lacunas nos escombros. Neste momento, os sinais de batimentos haviam caído para sete por minuto.

Apesar dos sinais detectados, é extremamente improvável que quaisquer sobreviventes fossem encontrados um mês após a megaexplosão que atingiu Beirute, quando quase três toneladas de nitrato de amônio detonaram no porto. A explosão matou 191 pessoas e feriu outras 6 mil e é considerada uma das maiores explosões de teor químico já registradas. Milhares de casas ficaram danificadas.

Um voluntário chileno, no entanto, explicou que o equipamento identifica a respiração e os batimentos cardíacos de seres humanos, não de animais. O voluntário, que se identificou como Francisco Lermanda, disse ser raro, mas não inédito, alguém sobreviver sob escombros por um mês.

No local das buscas funcionava um bar. Dois dias após a explosão, uma equipe de resgate francesa e voluntários libaneses examinaram os escombros do mesmo prédio e chegaram à conclusão que não havia corpos nem sobreviventes no local.

PV/afp/ap

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