Um passo a caminho da estabilidade do Iraque
8 de junho de 2006Filho de uma família pobre da desértica Zarga, na Jordânia, a biografia de Zarqawi surpreende. Ninguém contava que o pequeno criminoso na juventude um dia se transformaria no terrorista mais procurado do mundo.
Sua detenção ou morte passou a ser tão importante para os EUA quanto foi a de Osama Bin Laden até o último ano. Washington prometeu uma recompensa de 25 milhões de dólares por sua cabeça. O dinheiro, porém, não vai cair nas mãos de ninguém, pois Zarqawi foi, teoricamente, morto em um ataque aéreo das forças norte-americanas nos arredores de Bagdá.
Combate aos EUA
Zarqawi conheceu prematuramente as prisões jordanianas e voltou-se para o islamismo, que o levou ao Afeganistão e às proximidades de Osama Bin Laden. De volta à Jordânia, tentou organizar atentados contra norte-americanos e israelenses e foi, por isso, condenado à morte. Tendo sobrevivido, voltou à ativa no Afeganistão e no Iraque.
Depois da invasão norte-americana no Iraque, não demorou muito para que Zarqawi passasse a ver o país como seu campo privado de batalha no combate aos EUA, tendo dado início a uma série de seqüestros e assassinatos brutais, mostrados frente às câmeras.
Concorrência com Bin Laden
Seus adeptos se autodenominam "Associação pela Unidade dos Crentes e da Guerra Santa". A meta de Zarqawi parece ter sido a de concorrer com Bin Laden, embora tenha demonstrado publicamente sua submissão a este, ao denominar seu movimento de "Al Qaeda no Iraque". No entanto, o ideólogo de Bin Laden, Aiman Al Zawahiri, criticou Zarqawi publicamente, afirmando que as ações deste prejudicavam o movimento liderado por Bin Laden.
Como reação, Zarqawi – que já havia sido considerado morto várias vezes – reduziu o número de ataques que coordenava. No lugar disso, começou a incitar o ódio entre sunitas e xiitas no Iraque, tendo sido apontado como o responsável por vários ataques a mesquitas de um e outro lado envolvidos.
Evitando a volta à normalidade
A meta principal de tais atos terroristas era apenas uma: evitar qualquer espécie de volta à normalidade no Iraque. Pois um dia-a-dia normal significaria o fim de qualquer agrupamento responsável por uma insurreição – como os adeptos de Zarqawi vêem a si próprios.
Uma vez confirmada a morte do terrorista, é possível que haja efeitos na situação do Iraque como um todo e no sucesso dos esforços do novo governo de Nouri Maliki. Embora sempre tenham havido alertas de que Zarqawi não seria de forma alguma o único responsável por muitos dos ataques ocorridos, é agora, após sua morte, que isso deverá ficar claro.
Ainda não se sabe como a organização até agora liderada por ele foi conduzida, mas os adeptos que agem em seu nome certamente levaram um banho de água fria com a sua morte. É pouco provável que essa ducha fria vá servir para trazer paz e ordem ao Iraque a curto ou médio prazo. A longo prazo, porém, o país certamente deu um passo na direção certa.