Um terço das brasileiras foi alvo de violência no último ano
8 de março de 2017
A cada hora, 503 mulheres foram alvo de agressão física, como chutes, empurrões e espancamento, aponta Datafolha. Além disso, 40% sofreram alguma forma de assédio, incluindo comentários desrespeitosos.
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Nos últimos doze meses, 29% das mulheres brasileiras em idade adulta afirmam ter sido alvo de violência física ou verbal ou psicológica, revela o estudo "Visível e invisível: A vitimização das mulheres no Brasil", divulgado nesta quarta-feira (08/03), Dia Internacional da Mulher.
Segundo a pesquisa, realizada pelo instituto Datafolha sob encomenda da ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma em cada três mulheres com idade acima dos 16 anos foi vítima de atos como espancamentos, ameaças, perseguições, esfaqueamentos, chutes ou empurrões no último ano. A maioria das vítimas eram mulheres de idade entre 16 e 24 anos (45%).
A violência física atingiu 503 mulheres a cada hora, ou seja, 4,4 milhões de brasileiras (9% das mulheres acima de 16 anos). Entre as entrevistadas, 9% afirmam ter levado chutes, empurrões ou tapas, e 10% dizem ter sofrido ameaças de agressão física.
Um total de 12 milhões de mulheres (22%) teria recebido insultos e xingamentos ou sido alvo de humilhações, enquanto 5 milhões (10%) teriam sofrido ameaça de violência física. Há ainda ameaças com facas ou armas de fogo (4%), lesão por algum objeto atirado (4%) e espancamento ou tentativa de estrangulamento (3%).
Agressor conhecido
Além disso, dois em cada três brasileiros presenciaram mulheres sendo agredidas física ou verbalmente. Em 61% dos casos, o agressor era conhecido da vítima: 19% acusam o próprio cônjuge, companheiro ou namorado, e outras 16%, o ex-parceiro. Irmãos (9%), amigos (8%), pai ou mãe (8%), vizinhos (4%) e colegas de trabalho (3%) também são mencionados na pesquisa do Datafolha.
Os atos de violência ocorreram, na maioria das vezes, em casa (43%) ou na rua (39%), mas também foram registradas ocorrências no trabalho (5%), e em bares e festas (5%).
Segundo a pesquisa, 40% das mulheres com mais de 16 anos sofreram algum tipo de assédio em 2016: 20,4 milhões (36%) foram alvos de comentários desrespeitosos nas ruas; 5,2 milhões (10%) foram assediadas fisicamente no transporte público, e 2,2 milhões (5%) foram agarradas ou beijadas à força.
A pesquisa, financiada pelo governo do Canadá e pelo Instituto Avon, foi realizada entre os dias 9 e 11 de fevereiro em 130 municípios de pequeno, médio e grande porte em todas as regiões do país. No total, 2.073 pessoas foram ouvidas – 1.051 mulheres, das quais 833 aceitaram responder um módulo de autopreenchimento.
A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, para a sondagem nacional, e de 3 pontos para a amostra de mulheres participantes do módulo de autopreenchimento.
RC/ots
Dez mulheres que fizeram história
Ao longo da história, houve várias pioneiras, seja na ciência ou na luta pelo voto feminino e o direito à educação. Conheça algumas mulheres que se destacaram no seu tempo.
Foto: Hilary Jane Morgan/Design Pics/picture alliance
Primeira rainha-faraó
Após a morte de seu marido, o faraó Tutmés 2º, Hatschepsut assumiu o trono em 1479 a.C., como rainha-faraó tanto do Alto quanto do Baixo Egito. As duas décadas em que esteve no poder foram de paz e de prosperidade econômica. Seu sucessor, Tutmés 3º, no entanto, tentou apagar todos os vestígios da primeira rainha-faraó da história.
Foto: picture alliance/dpa/C.Hoffmann
Mártir francesa
Na Guerra dos Cem Anos entre Inglaterra e França, Joana d'Arc, uma filha de camponeses de 13 anos, teve uma visão. Santos pediram a ela que salvasse a França e trouxesse Carlos 7º ao trono. Em 1430, ela foi presa durante uma missão militar. No julgamento, em que virou heroína da França, foi condenada a morrer na fogueira. Mais tarde, seria reabilitada e, em 1920, canonizada por Bento 15.
Foto: Fotolia/Xavier29
Catarina, a Grande
Com um golpe audacioso, Catarina 2ª derrubou o odiado marido do trono e se proclamou imperatriz da Rússia. Ela provou sua capacidade de governar ao dominar todo o território russo e liderar campanhas militares até a Polônia e a Crimeia. Graças a isso, Catarina é a única governante do mundo com o epíteto "a Grande".
Foto: picture alliance/akg-images/Nemeth
Monarca perspicaz
Quando Elisabeth 1ª ascendeu ao trono britânico, ela assumiua supremacia sobre um país em revolta. Ela acabou conseguindo apaziguar a guerra religiosa entre católicos e protestantes, e trouxe uma era de prosperidade ao império britânico. A cultura viveu seu auge com Shakespeare e os navios britânicos derrotaram a armada espanhola.
Foto: public domain
Feminista radical
Em 1903, Emmeline Pankhurst (1858-1928) fundou o movimento feminista no Reino Unido. Na luta para que as mulheres pudessem votar, fez greve de fome, incendiou casas e foi condenada. Em 1918, conseguiu que mulheres a partir dos 30 anos pudessem votar. Morreu em 1928, ano em que começou a vigorar na Inglaterra o sufrágio universal para as mulheres.
Foto: picture alliance/akg-images
Revolucionária alemã
Num tempo em que as mulheres ainda não podiam votar, Rosa Luxemburg estava à frente do revolucionário movimento social-democrático alemão. Cofundadora do movimento de esquerda Liga Espartaquista e do Partido Comunista da Alemanha, tentou acelerar o fim da Primeira Guerra Mundial com greves em massa. Após a repressão da revolta espartaquista, em 1919, ela foi assassinada por militares alemães.
Foto: picture-alliance/akg-images
Grande pesquisadora
Marie Curie (1867-1934) foi uma das pioneiras na pesquisa da radioatividade, o que inclusive lhe rendeu um Nobel de Física, em 1903, mas também os sintomas da então ainda desconhecida doença provocada pela radiação. A descoberta dos elementos Rádio e Polônio lhe valeu o Nobel de Química em 1911. Após a morte do marido, Pierre, ela assumiu sua cátedra, tornando-se a primeira professora na Sorbonne.
Foto: picture alliance/Everett Collection
Diário revelador
"Sua Anne". Assim Anne Frank termina o diário que escreveu entre 1942 e 1944. Na última foto, a garota de 13 anos ainda sorri despreocupada. Dois meses mais tarde, em julho de 1942, ela se mudaria para o esconderijo em Amsterdã. Ali ela viveu na clandestinidade até ser deportada para Auschwitz, onde morreu em março de 1945. Seu diário é um dos mais importantes testemunhos do Holocausto.
Foto: Internationales Auschwitz Komitee
Primeira Nobel africana
"A primeira verde da África" escreveu um jornal alemão referindo-se a Wangari Maathai. Desde os anos 1970, ela se engajava tanto pelos direitos humanos quanto pela preservação do meio ambiente. Com a ONG Movimento Cinturão Verde ela plantou árvores para frear a desertificação. Em casa, no Quênia, ela muitas vezes foi ridicularizada. Mas, em 2004, seu trabalho foi coroado com o Prêmio Nobel da Paz.
Foto: picture-alliance/dpa
Símbolo do direito à educação
Ela tinha 11 anos em 2009 quando falou à imprensa sobre os horrores do Talibã no Paquistão. Quando sua escola para meninas foi fechada, ela lutou pelo direito à educação. Em 2012, sobreviveu a um atentado à bala. Já recuperada, escreveu a autobiografia "Eu sou Malala". Em 2014, com 17 anos, ganhou o Nobel da Paz por defender os direitos de meninas e mulheres.