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Um terço dos homens da Alemanha admite violência a mulheres

11 de junho de 2023

Consulta representantiva mostra que boa parte da população masculina alemã acata os papéis tradicionais de gênero. Até "pesar a mão" contra a parceira para "impor respeito" é aceitável. Homossexualidade "incomoda".

Sombras de homem e mulher discutindo
Foto: Rolf Poss/IMAGO

Em pleno século 21, os papéis tradicionais de gênero ainda vigoram para muitos jovens da Alemanha, resultando, em parte, numa alta aceitação da violência no relacionamento. A conclusão é de uma pesquisa representativa de âmbito nacional da organização de ajuda humanitária e desenvolvimento Plan International Deutschland.

Dos homens entre 18 e 35 anos consultados, 33% consideraram "aceitável" terem que vez por outra "pesar a mão" numa briga com as parceiras; 34% já apelaram para a violência a fim de "impor respeito" a elas.

O encarregado no assunto da federação de política dos sexos Bundesforum Männer, Karsten Kassner, declarou-se "horrorizado" com os resultados: "É problemático um terço dos homens indagados minimizar a agressão física contra mulheres. Isso precisa mudar urgentemente."

Para analistas do grupo de mídia Funke, o estudo mostra também que a imagem tradicional das "prendas domésticas" está fixada em muitas cabeças masculinas do país: para 52% dos jovens consultados, seu papel é ganhar o suficiente para que a mulher fique cuidando principalmente da casa.

Liberdade sexual feminina, homossexualidade "incomodam"

A consulta online da Plan International Deutschland, envolvendo mil homens e mil mulheres entre os 18 e 35 anos de idade, realizou-se entre 9 e 21 de março de 2023, através de um formulário escrito padronizado.

Os dados mostraram, ainda, que metade dos jovens não está disposta a um relacionamento com uma mulher que já teve diversos parceiros sexuais. Além disso, é grande a repulsa contra manifestações públicas de homossexualidade, que deixariam 48% dos entrevistados "incomodados".

Outra constatação é que 51% consideram-se fracos e vulneráveis se demonstram sentimentos – embora 63% admitam já terem se sentido tristes, solitários ou isolados. "Os papéis clássicos ainda estão ancorados nas cabeças da sociedade", resumiu Alexandra Tschacher, porta-voz da organização.

Apesar de, em princípio, estarem dispostos a se engajar por mais igualdade entre e contra os clichês de gênero, muitos homens não traduzem essa intenção em ações concretas, comentou Kassner. Para ele, seria também função da política modificar as condições básicas: sendo um bom exemplo a licença paga para o pai, após o parto.

A organização de ajuda ao desenvolvimento Plan International se define como um dos maiores e mais antigos serviços de assistência infantil, operando em mais de 50 países. Por sua vez, reunindo 38 organizações, a federação Bundesforum Männer se dedica ao trabalho de política intersexos, junto a adolescentes e adultos do sexo masculino, e pais.

av (KNA,AFP)

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