Um terço dos homossexuais relata discriminação no trabalho
2 de setembro de 2020
Estudo também aponta que, entre as pessoas trans, mais de 40% são discriminadas no ambiente de trabalho. Devido ao preconceito, muitos mantêm a própria orientação sexual ou identidade de gênero em segredo.
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Cerca de em cada três homossexuais e mais de 40% das pessoas transgênero na Alemanha relataram já ter sofrido discriminação no trabalho, apontou um estudo conduzido pelo Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW) e pela Universidade de Bielefel e divulgado nesta quarta-feira (02/09).
Após ouvir cerca de 4.300 pessoas LGBT+ (que inclui lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros, queers e intersexuais), os pesquisadores também concluíram que o grupo analisado apresenta um grau de ocupação semelhante ao da população heterossexual, mas geralmente é mais qualificado.
O levantamento afirma, por exemplo, que a proporção de LGBT+ formada em escolas técnicas e universidades é de 60%, em comparação com 42% do restante da população alemã. Pessoas LGBT+ também trabalham com menos frequência na indústria manufatureira (17,2%) e mais frequentemente do restante da população em serviços sociais e de saúde (23,7%), bem como nas indústrias de artes e entretenimento (7,1%).
"Os números são consistentes com o que sabemos através de nossas próprias pesquisas e também de nossa prática de aconselhamento", disse Bernhard Franke, chefe interino do Departamento Federal de Antidiscriminação, em entrevista publicada pelo grupo midiático alemão Funke.
Pelo fato de normalmente vivenciarem formas de intimidação e assédio no trabalho, indivíduos LGBT + costumam manter sua orientação sexual ou identidade de gênero em segredo, salienta Franke. "Ninguém deve ser discriminado na Alemanha por causa disso", afirmou.
Franke aponta ainda que pessoas transgênero têm de lidar com um nível particularmente alto de discriminação, lembrando que outras pesquisas indicam que mudanças de nome muitas vezes não são aceitas. Pessoas trans também costumam enfrentar "um interesse inapropriado e frequentemente sexualizado em suas vidas privadas, imitação ou ridicularização de suas vozes ou gestos, ou são impedidos de usar o banheiro de acordo com sua identidade de gênero".
Franke acredita que os empregadores deveriam ser os primeiros a agir: "As empresas devem enfatizar e promover a diversidade, e não escondê-la. Além disso, é importante intervir assim que a discriminação for reconhecida."
IP/afp/dpa/kna/epd
40 vezes Orgulho LGBT em Berlim
Capital alemã está celebrando pela 40ª vez a parada também denominada CSD. Mas ela vai além das questões gays, abarcando causas como direitos humanos e ambientalismo.
Foto: Reuters/F. Bensch
Festa da tolerância
A capital da Alemanha ostenta uma das maiores paradas do Orgulho LGBT do país. A tradição remonta ao fim da década de 70, e foi crescendo de importância, já reunindo meio milhão de espectadores a cada ano. Na foto, participantes de 2018 reivindicam: "Um mundo... para a tolerância... para o amor... para o respeito".
Foto: picture-alliance/dpa/P. Zinken
Pioneiro
Bernd Gaiser, ativista de longa data dos direitos gays, fundou o Berlin Pride em 1979. Como revelou ao jornal "Die Zeit" em 2018, sua comunidade deu-se conta de que "só saindo em público e confrontando a sociedade, nós, homens gays e lésbicas, podemos forçá-los a mudar sua atitude a nosso respeito". Cerca de 500 pessoas participaram da primeira celebração do Orgulho Gay.
Foto: picture-alliance/TSP/M. Wolff
Luta por direitos
A cada ano a parada do Dia do Orgulho LGBT de Berlim aborda um tema diferente, definido por um fórum público. Em 1998, pela primeira vez a festa se tornou política: "Exigimos direitos iguais", era seu tema. Até o ano de 2001, casais do mesmo sexo da Alemanha não tinham sequer suas uniões civis reconhecidas.
Foto: picture-alliance
Christopher Street Day
Em certas cidades alemãs, o Dia do Orgulho LGBT é conhecido como Christopher Street Day, ou CSD. A Christopher Street de Nova York é a locação do bar gay Stonewall Inn, em que, na madrugada de 28 de julho de 1969, a polícia fez uma batida brutal. Seguiram-se violentas manifestações de gays e lésbicas contra a força policial excessiva, que ficaram conhecidas como Protestos de Stonewall.
Foto: picture-alliance/dpa
Apoio de centro-esquerda
Em fevereiro de 2001, as uniões civis dos casais homossexuais passaram a ser reconhecidas na Alemanha. Isso se deveu, em grande parte, aos esforços do Partido Social-Democrata (SPD), que fez passar a lei apesar da resistência da parceira de coalizão governamental União Democrata-Cristã (CDU). Em solidariedade, o presidente do Parlamento Wolfgang Thierse (e) prestigiou o Berlin Pride daquele ano.
Foto: picture-alliance/dpa
Ativistas de todas as formas
Em 2014, quando a luta para legalizar o casamento homossexual estava esquentando, o comissário de polícia do estado de Brandemburgo se expôs a uma ação disciplinar ao marchar de uniforme na Parada do Orgulho LGBT, sem permissão superior. Ao longo dos anos, o CSD de Berlim se transformou numa das maiores celebrações gays do mundo.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Carstensen
Legalização do matrimônio
A parada de 2017 foi a última antes de o casamento entre pessoas do mesmo sexo ser legalizado na Alemanha. Em outubro, a chanceler federal democrata-cristã, Angela Merkel, conseguiu permitir que a lei fosse aprovada – sem ter que se envolver pessoalmente e contrariando as alas mais conservadoras do partido. No entanto a comunidade ainda é discriminada em diversos aspectos, como na lei de adoção.
Foto: Reuters/F. Bensch
Orgulho multiplicado por mil
De 500 espectadores em 1979, o Berlin Pride agora tem uma média de 500 mil participantes por ano. A celebração não é mais apenas para a comunidade LGBT, mas também para seus aliados e simpatizantes.
Foto: Getty Images/C. Koall
Para além do LGBT
A Parada do Orgulho LGBT de Berlim é frequentemente política, promovendo causas que vão muito além dos interesses imediatos da comunidade, como os direitos humanos e o meio ambiente. Na foto, a artista brasileira Amasonia reivindica: "Vamos evitar lixo plástico!"