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Uma angustiante dimensão do terrorismo

Paulo Chagas29 de novembro de 2002

O ataque contra um avião civil no Quênia mostrou a frágil segurança do transporte aéreo e uma nova e angustiante dimensão do terrorismo internacional.

Com mísseis móveis terra-ar, os terroristas podem derrubar aviões civisFoto: AP

Com mísseis móveis terra-ar, disparados do ombro, os terroristas podem matar de uma só vez centenas de passageiros. No avião israelense que decolou na quinta-feira (28/11), 261 pessoas escaparam por pouco da morte.

Os terroristas, segundo as primeiras investigações, teriam utilizado dois mísseis russos SAM-7, que pesam 9,2 quilos e podem atingir aviões até uma altitude de 1500 metros. Os mísseis são dotados de um sistema infravermelho que reage à emissão de calor, sendo assim capazes de "acharem" seus objetivos.

Ao contrário dos aviões militares, que podem mudar o seu curso repentinamente ou emitir ondas de calor para escapar dos mísseis, os aviões civis não têm como se defender dos ataques. Além disso, a região em torno dos aeroportos precisaria ser equipada com sistemas de proteção à decolagem e ao pouso de aviões.

Alvos "moles"

O fracassado ataque ao avião israelense está sendo considerado mais uma prova de que o terrorismo internacional está visando alvos "moles", ou seja, alvos situados em países em desenvolvimento, freqüentados por turistas ocidentais e difíceis de serem protegidos.

O especialista em terrorismo Rohan Gunaratna, autor de um livro sobre a Al Qaeda, tem certeza de que a organização de Bin Laden está por trás do ataque no Quênia. O mundo precisa estar preparado para outros ataques deste tipo, diz ele.

Os dois ataques em Mombaça foram reivindicados por um grupo desconhecido, denominado Exército da Palestina. Mas Israel e o Quênia também suspeitam que foi obra da Al Qaeda.

Reações de Israel

O primeiro-ministro iraelense Ariel Sharon, que na quinta-feira (28/11) foi indicado como candidato do Partido Likud para as próximas eleições legislativas, fez um apelo emocional ao mundo, exortando a uma "batalha sem compromisso" contra o terrorismo.

O embaixador de Israel na Alemanha, Shimon Stein, afirmou em entrevista à revista Der Spiegel que este "foi apenas um começo". Os israelenses são sempre as primeiras vítimas, mas o terrorismo não distingue seus alvos. Os ataques terroristas procuram atingir não apenas Israel, mas todo o mundo civilizado.

Processo de paz

Os líderes palestinos condenaram os atentados no Quênia. O ministro do Planejamento, Nabil Shaath, assegurou em Berlim que nenhuma organização palestina estaria envolvida. Shaath visitou o ministro alemão do Exterior, Joschka Fischer. Ambos os políticos destacaram a necessidade de se dar continuidade ao processo de paz entre israelenses a palestinos.

Contra reações exageradas

O ministro alemão do Interior, Otto Schily, estima também que os ataques são obra da Al Qaeda e adverte contra reações exageradas. Bin Laden quer dividir o mundo e por isso o Ocidente não pode se fechar em si mesmo, afirmou Schily numa alusão à discussão sobre as viagens turísticas.

Schily considera que os autores do atentado contra o hotel de turistas agiram com um "inteligência diabólica". Mas as pessoas não devem se deixar tomar pelo pânico, pois isto significaria a vitória do terrorismo.

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