Uma em cada sete crianças alemãs depende do governo
31 de maio de 2016
Dados mostram aumento de mais de 30 mil menores de 15 anos dependentes do sistema de benefícios aos desempregados no ano passado e revelam diferenças entre o leste e o oeste do país.
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Dados divulgados pela Agência Federal de Trabalho da Alemanha nesta terça-feira (31/05) revelam que, em 2015, uma em cada sete crianças alemãs era dependente do sistema de benefícios para desempregados, popularmente conhecido como "Hartz IV". Os números apontam um aumento de mais de 30 mil crianças dependendes do auxílio do governo em relação ao ano anterior.
Nas cidades-estado de Bremen e Berlim, até o final do ano passado, quase uma em cada três crianças com menos de 15 anos (31,5%) dependia do Hartz IV. No estado da Saxônia-Anhalt, a porcentagem era de 21,8%, e em Hamburgo, 20,4%. A Baviera apresenta o menor número de crianças dependentes do auxilio do governo, com apenas 6,5%.
Os dados, que resultam de uma análise encomendada pela deputada Sabine Zimmermann, do Partido A Esquerda, também evidenciam discrepâncias entre as duas metades do país. No leste da Alemanha, 23,3% dos jovens com menos de 15 anos dependem do "Hartz IV", enquanto no oeste, esse número cai para 13%.
Zimmermann ressaltou que o problema fundamental apontado pela pesquisa não é a pobreza das crianças, mas de seus pais. "O grande número de crianças que dependem do Hartz IV reflete as tensões que ainda permanecem no mercado de trabalho em muitas regiões, que ainda sofrem com poucos empregos e baixos salários".
O Hartz IV foi introduzido em 2004 em substituição ao sistema anterior para os desempregados de longo prazo, que levava em conta o histórico individual de trabalho. O sistema atual estabelece o pagamento mensal de um valor fixo por adulto (atualmente 404 euros), com adicional por filhos.
O sistema é alvo de críticas e elogios, quase na mesma medida. Alguns o exaltam por reduzir o desemprego e impulsionar a economia do país, enquanto outros o recriminam por ser rígido demais e perpetuar a pobreza.
O partido A Esquerda declarou anteriormente que abolir o Hartz IV é um de seus principais objetivos políticos.
RC/dpa/dw
Como a Alemanha Oriental plagiava produtos ocidentais
Jeans, hambúrgueres e meias de nylon eram muito cobiçados na antiga Alemanha comunista (RDA) e eram feitos para atender à vontade dos consumidores – que muitas vezes não gostavam dos produtos.
Foto: Deutsches Hygienemuseum
O Porsche da Saxônia
Muitos cidadãos da ex-República Democrática da Alemanha (RDA), de regime comunista, só podiam admirar os automóveis Trabant nos catálogos, porque demorava anos para fabricá-lo. O carro conhecido como "Porsche da Saxônia" era motivo de piadas. O "Trabi" era inspirado num modelo ocidental, o LLoyd LP 300, de Bremen. A RDA imitava os produtos ocidentais para atender à sede de consumo da população.
Foto: picture-alliance/dpa
O Leste de jeans
A Alemanha Oriental via o jeans como símbolo do Ocidente capitalista. Mesmo assim, em 1978, a RDA comprou um milhão de calças jeans da marca norte-americana Levi's. Os alemães-orientais chegaram a disputar as calças. Por outro lado, os jeans produzidos na RDA costumavam empoeirar nas prateleiras. Os consumidores achavam que o tecido não era autêntico e que a lavagem não tinha o efeito desejado.
Foto: picture-alliance/dpa
Nylon era sucesso na RDA
Em 1972, a fibra DeDeRon era moda, como mostra a modelo na foto. Na RDA, o tecido – que equivalia ao nylon ocidental – fazia sucesso em roupas, meias e aventais. O governo insistia na variante socialista do produto, cujo nome brincava com a abreviatura do nome do país em alemão (Deutsche Demokratische Republik, DDR). Mas as meias de nylon da Alemanha Ocidental eram as preferidas da população.
Foto: picture-alliance/akg-images
Refrigerante socialista
Enquanto os ocidentais matavam a sede com Coca Cola, a RDA oferecia duas alternativas "socialistas" aos cidadãos: Club Cola e Vita Cola. As duas bebidas deveriam ter o gosto do refrigerante norte-americano – uma tarefa que nem o concorrente da Coca Cola, a Pepsi, conseguiu cumprir. Visitantes do Ocidente criticavam o gosto amargo da Vita Cola.
Foto: Gemeinfrei
O hambúrguer do Leste
Em 1982, o Centro de Pesquisas e Racionalização alemão-oriental apresentou o Grilletta, copiando mais um símbolo do estilo de vida ocidental: o hambúrguer. A receita parece conhecida. Corta-se um pão ao meio, coloca-se um bolinho de carne e ketchup. Este último costumava faltar na RDA e era substituído por outro molho.
Foto: picture-alliance/ZB
Adoçando o cotidiano socialista
A "barra doce" tinha apenas 7% de cacau, apesar de parecer uma barra de chocolate. Para compensar a falta da principal matéria-prima do chocolate, a "barra doce" era completada com açúcar, gordura e uma mistura de avelãs e ervilhas. As fábricas de doces na RDA tinham que lutar constantemente contra a falta de ingredientes, ao contrário da concorrência ocidental.
Foto: picture-alliance/ZB
Música e mercado negro
Pelo selo Amiga, a RDA distribuiu as obras de alguns expoentes da música ocidental, como os Beatles. Mas a liderança comunista costumava descrever o rock do Ocidente como "sujeira". Os álbuns distribuídos pela RDA acabaram por ser apenas uma cópia "pobre" dos originais – o que estimulava o mercado negro de discos de vinil.
Foto: picture-alliance/dpa
Acrobacia de palavras
Também a população da Alemanha Oriental gostava de aeróbica, prática que ficou cada vez mais popular nos anos 1980. Mas não se podia usar o termo "aeróbica" porque o nome vinha do Ocidente capitalista, por isso se usava o termo "ginástica pop". Até um tradicional programa de ginástica na televisão da Alemanha Ocidental tinha um equivalente na Alemanha comunista.
Foto: Deutsches Hygienemuseum
Produto encalhado digital
O computador de modelo KC compact, da RDA, é inspirado num produto ocidental, o Amstrad PC da marca Schneider. O desenvolvimento de computadores na RDA era atrasado, comparado com o do Ocidente. Por isso, os engenheiros da RDA copiavam os modelos ocidentais. O KC compact começou a ser produzido em série pouco antes da queda do Muro, em 1989, e por ser plágio ficou nas prateleiras.
Foto: Enrico Grämer
Ostalgia
Os alemães-orientais só podiam comprar produtos ocidentais na rede estatal de lojas Intershop – em troca da moeda alemã-ocidental. Hoje, produtos alemães-orientais têm boa procura e se beneficiam do que os alemães chamam de "ostalgia". Muitos produtos, no entanto, são originais apenas na embalagem, pois se adaptaram a padrões ocidentais. É o caso do teor de cacau na "barra doce", que triplicou.