Jornalista lança léxico sobre chanceler federal alemã com mais de 440 páginas e 300 verbetes. Livro aborda questões como tamanho de roupa, crise migratória e relação com líderes mundiais.
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A vida reservada de Angela Merkel, para muitos a mulher mais poderosa do mundo, desperta curiosidade. Ela bebe álcool? É versada na Bíblia? O que lhe irrita? As respostas estão agora em livro: Das Merkel-Lexikon. Die Kanzlerin von A-Z (A enciclopédia de Merkel. A chanceler de A a Z, em tradução livre), publicado na Alemanha.
Em 447 páginas e com mais de 1.200 referências de fontes, o livro do jornalista Andreas Rinke elucida essas perguntas e cerca de 300 outros verbetes com aspectos da vida de Merkel.
Algumas poucas categorias merecem várias páginas, como a polêmica política de refugiados. A grande maioria, no entanto, é formada por curtos parágrafos, nos quais a política, o pensamento e, por exemplo, a forma de escrever da chanceler alemã estão explicitados.
"É expressamente reservado aos leitores avaliarem as atitudes e posições delineadas. Para isso, eles precisam de uma base factual, que parece ter se perdido no opinativo cenário midiático alemão. É disso que este livro trata", escreve o autor no prefácio de seu léxico.
Com doutorado em História, Rinke acompanha há 16 anos os acontecimentos políticos na capital alemã. Desde 2010, ele é correspondente chefe de política na agência de notícias Reuters.
No livro, Rinke descreve o que Angela Merkel entende por política de austeridade econômica; por que a Baviera é o estado alemão onde ela mais se empenha; quais são os seus livros e plantas prediletos; como é a sua relação com o ex-presidente americano George W. Bush; e como ela ascendeu à presidência da União Democrata Cristã (CDU).
Rinke também desvenda por que ela irrompeu em lágrimas, em 1995, quando era ministra do Meio Ambiente no gabinete do então chanceler federal Helmut Kohl; que advertência ela vê no destino dos maias e o que revela o termo "merquiavélico".
O jornalista também desvenda o tamanho de roupa e sapato de Merkel, mas também descreve a sua gentileza em lidar com funcionários e a sua dureza em decisões de cunho pessoal. Também não faltam os seus relacionamentos com os homens mais poderosos do mundo – como os presidentes Barack Obama, François Hollande e Vladimir Putin.
Muitas informações do livro já se conheciam, a novidade está na estruturação, na visão clara, na profundidade do conteúdo. Rinke conseguiu realizar um léxico prático e interessante – também para estudantes, jornalistas e políticos. Suas pesquisas detalhadas são documentadas por fontes.
A vida de um refugiado após selfie com Merkel
Há quem seja viciado em tirar autorretratos no celular, só ou acompanhado. Outros ridicularizam a moda como coisa de adolescentes. Para o sírio Anas Modamani, de 19 anos, um selfie foi o momento que transformou sua vida.
Foto: Anas Modamani
Encontrando Angela Merkel
Quando estava alojado no acampamento de refugiados de Berlim-Spandau, Anas Modamani ficou sabendo que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, viria visitar e conversar com os migrantes. O sírio de 19 anos, um adepto das mídias sociais, resolveu tirar um selfie com a chefe de governo, na esperança de que a iniciativa iniciasse uma mudança real em sua vida.
Foto: Anas Modamani
Fuga para a Europa
Quando a casa dos Modamani em Damasco foi bombardeada, Anas, seus pais e irmãos se transferiram para Garia, uma cidade menor. Foi aí que o jovem resolveu escapar para a Europa, na esperança de que sua família se unisse a ele mais tarde, quando tivesse conseguido se estabelecer. Primeiro, viajou para o Líbano, seguindo então para a Turquia, e de lá para a Grécia.
Foto: Anas Modamani
Jornada perigosa
Por pouco, Anas não morreu no caminho. Para atravessar o Mar Egeu, entre a Turquia e a Grécia, ele teve que pegar um barco inflável, como a maioria dos refugiados. O sírio conta que a embarcação estava superlotada, acabando por virar, e ele quase se afogou.
Foto: Anas Modamani
Cinco semanas a pé
O trajeto entre a Grécia e a Macedônia ele teve que fazer a pé, ao longo de cinco semanas, seguindo então para a Hungria e a Áustria. Em setembro de 2015, alcançou sua destinação final: Munique. Uma vez na Alemanha, Anas decidiu que queria ir para Berlim, onde está vivendo desde então.
Foto: Anas Modamani
Espera por asilo
Na capital alemã, o jovem de Damasco passou dias inteiro diante da central para refugiados LaGeSo. Lá, ele conta, a situação era difícil, sobretudo com a chegada do inverno. Por fim, foi enviado para o acampamento de Berlim-Spandau. Ele queria chamar a atenção para sua situação como refugiado, e um selfie com Merkel lhe pareceu a oportunidade ideal.
Foto: Anas Modamani
Enfim uma família
Anas confirma que o retrato ao lado da chanceler federal foi um elemento de mudança chave em sua vida. Ele recebeu grande atenção midiática depois que o selfie foi postado online, e foi assim que sua família adotiva chegou até ele. Há dois meses o sírio de 19 vive em Berlim com os Meeuw, que o apoiam em todos os aspectos.
Foto: Anas Modamani
Saudades de casa
Anas diz nunca ter estado tão feliz como agora, ao lado de sua família alemã. Além de fazer curso de idioma alemão, tem numerosas atividades culturais e já fez muitos amigos. Com curso médio completo na Síria, ele pretende fazer o curso superior na Alemanha. Porém, sua prioridade no momento é obter oficialmente asilo e poder trazer seus pais e irmãos para a Alemanha.
Foto: Anas Modamani
Onda de rejeição aos refugiados
O sírio Anas Modamani espera ter uma vida longa e segura em sua terra de adoção. Contudo está preocupado com os atuais sentimentos negativos contra os refugiados na Alemanha. Ele teme que esse clima de rejeição possa escalar e influenciar as leis referentes aos migrantes. Se isso acontecer e ele não obtiver asilo, será o fim do sonho de ter a própria família junto de si.