Cientistas comprovam que líder de alto escalão enterrado num túmulo era na verdade uma mulher. Ela organizava táticas e estratégias militares e liderava tropas nas batalhas.
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Cientistas das universidades de Estocolmo e Uppsala, na Suécia, afirmaram nesta segunda-feira (11/09) que testes de DNA feitos no esqueleto de um guerreiro viking comprovaram que os restos mortais são de uma mulher, e não de um homem, como se pensava.
O estudo foi feito numa das sepulturas mais emblemáticas da era viking, na cidade sueca de Birka, descoberta na década de 1880. Por 130 anos, pesquisadores consideraram que os restos mortais, identificados com o código BJ581, eram de um homem por causa do alto grau de ornamento do túmulo. Porém, nos últimos anos, novas análises já haviam sugerido que poderia se tratar de uma mulher.
A cientista Charlotte Hedenstierna-Jonson, da Universidade de Uppsala, afirmou que os testes feitos nos ossos de mil anos de idade comprovam que se trata de uma mulher. É a primeira guerreira viking de alto escalão a ser identificada. Ela teria 30 e poucos anos quando morreu e cerca de um 1,70 metro de altura.
Alguns soldados do sexo feminino foram desenterrados ao longo dos anos, mas nenhum tinha adereços de alta patente como os achados no túmulo em Birka, incluindo uma espada, um machado, um escudo e dois cavalos – ou seja, o equipamento completo de um guerreiro profissional.
Além disso, um conjunto completo de peças de tabuleiro para planejar batalhas indica o conhecimento de táticas e estratégias, enfatizando o papel da mulher enterrada como uma oficial de alta patente. Segundo Hedenstierna-Jonson, o tabuleiro comprova que "ela era uma oficial, alguém que trabalhava com táticas e estratégia e podia liderar tropas nas batalhas".
Embora cientistas tenham descoberto algumas mulheres vikings enterradas com armas, nenhuma guerreira desta importância havia sido encontrada.
FC/ap/ots
Vikings: entre o mito e a realidade
A visão que circula dos nórdicos medievais é: saqueadores louros, portando elmos de chifre e machados de guerra. Sob o título "Vikings!", o centro de exposições Lokschuppen, em Rosenheim, Baviera, reexamina esse clichê.
Foto: VKR
O Norte como lar
A terra natal dos vikings era, originalmente, a Escandinávia, ou seja, as atuais Noruega (foto), Suécia e Dinamarca. Mas a sede de riquezas, aventura e fama atraíram esses homens do Norte a regiões distantes. Entre os séculos 8º e 11 eles zarparam em seus navios, como descobridores, comerciantes – e também saqueadores. No entanto, nunca existiu um povo unificado dos vikings.
Foto: Mike Meyer Photography
Chifres de ópera
De Richard Wagner a Asterix, os elmos ornados de cornos são a marca registrada dos vikings. No entanto eles não passam de uma invenção de figurinistas de ópera: na estreia da tetralogia wagneriana "O Anel do Nibelungo", em 1876, o vilão Hunding portava um capacete de chifres. Assim nascia um artificial e tardio mito da mitologia nórdica – que se mantém teimosamente até hoje.
Foto: Foto „Niering als Hunding“, Bayerisches Theatermuseum München
Cabelos alinhados
Falsa é também a imagem de bárbaros desgrenhados: o achado de numerosos pentes da época dos vikings desmente esse estereótipo. O cuidado capilar tinha um papel importante entre os homens e mulheres do norte europeu no início da Idade Média. Mas certamente nem todos os guerreiros eram dotados de tranças ruivas, como as fantasias carnavalescas levam a crer.
Foto: Lunds Universitets Historiska Museum. Foto: Andreas Jacob
Quem quer assustar tem que sofrer
Para realçar uma aparência intimidadora, os mais corajosos entre os guerreiros nórdicos se submetiam a um tratamento dentário doloroso: seus incisivos recebiam um talho horizontal, que era então enegrecido com gordura animal ou carvão. O costume foi constatado em numerosos crânios da época.
Foto: Lunds Universitets Historiska Museum. Foto: Andreas Jacob
Nem só de hidromel vive o homem
Bebedeiras são uma constante nas antigas poesias sobre os vikings. Tudo indica que eles realmente apreciavam o álcool – e não só no famoso hidromel, preparado com mel fermentado e água. Os viajantes nórdicos também levavam para Escandinávia o caro – e em parte saqueado – vinho do reino dos francos. O precioso líquido era transportado em barris como este, de pinheiro da Floresta Negra.
Foto: Stiftung Schleswig-Holsteinische Landesmuseen, Archäologisches Landesmuseum Schloss Gottorf, Schleswig
Superespadas francas
Na Idade Média, as espadas francas, com lâminas de aço de alta qualidade, eram temidas por toda parte. Os vikings também aumentaram sua força de combate comprando armas do conceituado ferreiro que se assinava "Ulfberht". Porém no século 9º os reis francônios suspenderam temporariamente as exportações para os vikings – a fim de evitar ser literalmente derrotados com as próprias armas.
Foto: Museum für Vor- und Frühgeschichte der Staatlichen Museen zu Berlin
Mickey Mouse escandinavo?
Os vikings não eram apenas guerreiros, colonizadores e comerciantes, mas também se dedicavam ao artesanato, criando joias e objetos quotidianos de alto valor. Esta cabeça de animal é feita de bronze e data do século 9º ou 10º. Semelhanças à parte, certo está que não se trata de um camundongo de desenho animado.
Foto: Lunds Universitets Historiska Museum. Foto: Andreas Jacob
Runas misteriosas
Com apenas 16 caracteres, os vikings representavam todos os fonemas de seu idioma. Embora as arcaicas runas portem uma aura de fascínio hoje em dia, essa forma de escrita não era usada só para fins de culto, em maldições ou fórmulas mágicas, mas principalmente em assuntos do dia a dia. A pedra rúnica da foto homenageia a memória de um cavaleiro do rei Sven, da Dinamarca.
Foto: Stiftung Schleswig-Holsteinische Landesmuseen, Archäologisches Landesmuseum Schloss Gottorf, Schleswig
Metal de status
Metal de status O ouro era um dos bens mais preciosos para os vikings. A fim de aparentar maior opulência, eles douravam as joias de suas mulheres. Este é o caso da fíbula de bronze na foto: a delicada fivela para roupas é revestida por uma camada de ouro bem delgada.
Foto: Lunds Universitets Historiska Museum. Foto: Andreas Jacob
Um dia viking como qualquer outro
Como uma família viking começava um dia normal de primavera, nas margens do fiorde Roskilde? A exposição "Vikings!", no centro Lokschuppen de Rosenheim, responde a essa pergunta com 21 desenhos. A impressão é que o mítico povo nórdico não vivia de forma tão diferente de seus descendentes na Europa atual.