Uma pessoa ingere 120 mil partículas de microplástico ao ano
5 de junho de 2019
Estudo canadense analisa dados sobre contaminação ambiental por microplástico e compara com hábitos alimentares. Impactos da ingestão de partículas para a saúde ainda são desconhecidos.
Anúncio
Um estudo divulgado nesta quarta-feira (05/06) revelou que os humanos ingerem e respiram entre 74 mil e 121 mil partículas de microplástico por ano. Os efeitos para a saúde deste material ainda são desconhecidos.
Os microplásticos são partículas microscópicas de plástico que surgem das mais variadas fontes, como tecidos sintéticos, pneus de carro ou lentes de contato, devido à degradação no meio ambiente de produtos maiores ou pelo desprendimento de partículas de potes de alimentos e garrafas de água. É o material sintético mais onipresente do planeta.
Vários estudos já mostraram como os microplásticos podem entrar na cadeia alimentar humana. No ano passado, uma pesquisa revelou que esse material foi encontrado em quase todas as marcas de água engarrafada.
Para o estudo divulgado nesta quarta-feira, pesquisadores canadenses analisaram centenas de dados de contaminação por microplástico e compararam com a dieta típica de um americano. Os especialistas revisaram 26 estudos que avaliaram as quantidades de partículas deste polímero em mais de 3,5 mil amostras de peixes, mariscos, açúcar, sal, álcool, água, tanto em garrafa como da torneira, e ar.
Os pesquisadores da universidade canadense British Columbia descobriram que os humanos ingerem entre 39 mil e 52 mil partículas de microplástico por ano, dependendo da idade e do sexo. Se for levada em conta a inalação devido à poluição do ar, esse número sobe para entre 74 mil e 121 mil – o equivalente a mais de 320 partículas por dia.
Aqueles que bebem apenas água engarrafada podem chegar a ingerir 90 mil partículas adicionais por ano em comparação com as 4 mil de quem consome somente água de torneira, acrescentou o estudo publicado na revista especializada Environmental Science and Technology.
Os autores ressaltam, no entanto, que esses números são estimados. A quantidade de plástico consumida por indivíduos depende em grande parte do local onde vivem e da dieta alimentar que seguem.
Os efeitos da ingestão e respiração destas partículas são ainda desconhecidos, segundo o estudo, mas alguns pedaços são os suficientemente pequenos para entrar nos tecidos humanos onde podem desencadear respostas autoimunes ou liberar substâncias tóxicas. Os pesquisadores destacam ainda que são necessárias novas pesquisas para conhecer os impactos do microplástico para a saúde.
"A maneira mais eficiente de reduzir o consumo de microplásticos é reduzindo a produção e o uso de plásticos", conclui o estudo.
Com o descarte incorreto, boa parte deste material para nos oceanos. Microplásticos já foram encontrados inclusive em algumas das maiores geleiras do mundo. As pessoas acabam ingerindo este material inconscientemente.
CN/efe/afp/lusa
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos noFacebook | Twitter | YouTube
O plástico conquistou o mundo: cada vez mais embalagens, brinquedos e objetos do cotidiano são feitos com esse material, com grandes consequências para o meio ambiente e também para a saúde humana.
Foto: picture alliance/JOKER/A. Stein
Pequeno como um grão de areia
Microplásticos são pequenas partículas de plástico. Elas têm menos de cinco milímetros e são adicionadas a diversos produtos. O microplástico também é produzido pela decomposição de resíduos plásticos ou pela abrasão de pneus e de tecidos sintéticos durante a lavagem de roupas.
Foto: picture alliance/JOKER/A. Stein
Pasta de dentes com microplástico
Vários fabricantes não se importam, e muitas pessoas não sabem: os pequenos pontos azuis na pasta de dentes são bolinhas de plástico. Elas auxiliam na escovação e na limpeza. Mais tarde essas bolinhas provavelmente vão parar no mar. Os tratamentos de esgoto não conseguem filtrar o microplástico.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Sauer
Cosméticos com muito plástico
Bolinhas de plástico também estão presentes em esfoliantes ou em sabonetes líquidos. O consumidor não é informado adequadamente pelos fabricantes sobre a presença de plástico em seus cosméticos, e ambientalistas e também autoridades sanitárias reivindicam a proibição do microplástico.
Foto: picture-alliance/empics/Y. Mok
Fibras sintéticas viram microplástico
A maior parte do microplástico espalhado pelo planeta é liberado por fibras sintéticas. Cerca de 60% das roupas contêm fibras sintéticas, e a tendência ao uso desse fio barato está aumentando rapidamente. Durante a lavagem de uma jaqueta de fleece são liberados até 1 milhão de fibras. Na Europa, cerca de 30 mil toneladas de fibras sintéticas vão para o esgoto todos os anos.
Foto: Imago/Mint Images
Plástico na água potável
O microplástico não polui apenas rios e oceanos – milhões de pessoas ingerem fibras de plástico invisíveis com a água da torneira diariamente. Pesquisadores americanos investigaram mais de 150 amostras de água da torneira em países dos cinco continentes e encontraram fibras de plástico microscópicas em 83% delas.
Foto: Colourbox
Microplástico no mar
Microplásticos são lcriados a partir da abrasão de plástico. Uma parte deles vai parar no mar. A principal origem são fibras sintéticas, seguidas de pneus, poluição urbana e marcação rodoviária. A parcela de microplástico proveniente de produtos de higiene pessoal é comparativamente pequena.
Uma bomba-relógio
O lixo plástico também se transforma em microplástico: uma sacola precisa de até 20 anos, uma garrafa plástica de até 450 para se decompor. Cada habitante do planeta "precisa", em média, de 60 quilos de plástico por ano. Nos Estados Unidos e na Europa Ocidental esse número ultrapassa 100 quilos. Cerca de 2% de todo o plástico produzido no mundo acaba no mar.
Foto: Getty Images/M.Clarke
Preso no plástico
A maré de plástico atinge animais e pessoas, mas ainda não se sabe exatamente como. As pesquisas ainda estão no começo. O que está claro, no entanto, é que plástico e microplástico vão parar em todos os estômagos, causando a morte por inanição de animais aquáticos. Os riscos para a saúde humana ainda são desconhecidos.
Foto: Reuters/Francis Perez/Courtesy of World Press Photo Foundation
Menos plástico?
Plástico é barato e prático para o dia a dia. Apesar disso, é crescente a discussão em todo o mundo sobre o que os políticos podem fazer: proibir sacolinhas, copos descartáveis e microplásticos em cosméticos, instituir a obrigação de reciclar ou criar um imposto sobre o plástico? Mas o melhor é cada pessoa adotar suas próprias atitudes para reduzir o consumo de plástico.