Na área antiga da cidade localizada na Cisjordânia ocupada se encontra o que seria o túmulo de Abraão, figura bíblica importante para judeus e muçulmanos. Decisão é saudada por palestinos e criticada por Israel e EUA.
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A Unesco incluiu a área antiga da cidade de Hebron, na Cisjordânia ocupada, na lista de Patrimônios Mundiais. O comitê responsável classificou Hebron como um "local de valor universal excepcional"e território palestino. Além disso, a área foi inscrita na relação de lugares em perigo.
A decisão – saudada por palestinos, mas duramente criticada por Israel e EUA – foi adotada após acalorado debate na cidade polonesa de Cracóvia, onde a Comissão de Patrimônio Mundial da Unesco realiza sua 40ª reunião.
A inclusão de Hebron na lista teve 12 votos favoráveis, seis abstenções e três votos contra. Para ser incluído na lista, um local precisa ter votos favoráveis de pelo menos dez membros da Comissão. A classificação de Patrimônio Mundial é atribuída a locais considerados de importância única ao mundo e à humanidade e determina o estabelecimento de medidas que garantem sua preservação.
Na área antiga de Hebron, se encontra o Túmulo dos Patriarcas. Segundo a tradição judaica, neste túmulo estariam enterrados Abraão – considerado antecessor comum das principais religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo – ao lado de sua esposa Sara. Além disso, também estariam enterrados outros casais bíblicos importantes: Adão e Eva, Isaac e Rebeca e Jacó e Lea.
Durante os tempos do rei Herodes, foi construído um monumento quadrangular ao redor do túmulo e posteriormente os muçulmanos edificaram o que é conhecida como a Mesquita de Ibrahim, o nome árabe para Abraão.
Netanyahu: "Decisão delirante"
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, criticou a votação da Unesco e anunciou um corte de 1 milhão de dólares em financiamento para a ONU.
"É outra decisão delirante da Unesco", disse. "Desta vez, eles determinaram que o Túmulo dos Patriarcas é um local palestino, o que significa que não é judeu, e que está em perigo."
"Que não é judeu? Quem está enterrado ali? Abraão, Isaac, Jacó. Sara, Rebeca e Lea. Nossos patriarcas e matriarcas. E que o lugar está em perigo? Só onde Israel governa, como em Hebron, há liberdade religiosa garantida para todos", afirmou Netanyahu.
Em um ano, Tel Aviv reduziu pela quarta vez seu financiamento às Nações Unidas, diminuindo sua contribuição ao organismo internacional de 11 milhões para 2,7 milhões de dólares.
A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, afirmou que a decisão da Unesco foi uma "afronta à história" e que "desacredita ainda mais uma agência já altamente questionável da ONU". "O voto de hoje não faz nenhum bem", resumiu, num comunicado.
Washington deixou de financiar o organismo internacional em 2011, depois que a ONU admitiu os palestinos como Estado-membro. Os EUA, no entanto, continuam sendo membro do conselho executivo de 58 membros da Unesco.
Haley disse que, depois da decisão de listar Hebron como Patrimônio Mundial, "os Estados Unidos estão avaliando o nível adequado de seu contínuo compromisso na Unesco".
"Hebron pertence ao povo palestino"
Por outro lado, a Autoridade Palestina, que propôs a classificação de Hebron como Patrimônio Mundial, saudou a decisão da Unesco como "uma vitória da batalha diplomática travada em todas as frentes, face às pressões israelenses e americanas".
O ministro do Turismo da Autoridade Palestina, Rula Maayah, afirmou que a decisão é "histórica porque sublinha que Hebron" e a sua mesquita "pertencem historicamente ao povo palestino".
PV/lusa/efe/afp/ap/dpa
Patrimônios mundiais ameaçados pelo aquecimento global
O que a Mata Atlântica, a estátua da Liberdade e a grande barreira de corais australiana têm em comum? Esses destinos turísticos podem desaparecer ou sofrer profundas mudanças por causa das alterações no clima.
Foto: Getty Images/J. Raedle
Mata Atlântica, Brasil
Um dos paraísos protegidos pela Unesco, a Mata Atlântica já enfrenta ameaças como o desmatamento, a caça indiscriminada e a ocupação irregular. Localizada próximo ao litoral, a região também corre riscos com enchentes, secas, deslizamentos de terra e outros eventos climáticos potencializados pelo aquecimento global.
Foto: picture-alliance/dpa
Floresta tropical de Bwindi, Uganda
Quase a metade dos gorilas que ainda vivem livres na natureza em todo o mundo estão em Uganda. São cerca de 880 animais. Mas o aumento da temperatura leva a população que vive em áreas vizinhas à floresta a ocuparem áreas mais frescas. Para os gorilas sobra menos espaço para viver. O contato também aumenta os riscos de disseminação de novas doenças.
Foto: Rainer Dückerhoff
Lago Niassa, Malaui
Altas temperaturas fazem com que a água do gigantesco lago Niassa evapore. O período de chuvas tem se tornado mais curto e a seca se estende cada vez mais. Com isso, o lago tem cada vez menos água. Este é um problema tanto para o ecossistema quanto para os pescadores que vivem do que retiram do lago e as empresas que oferecem mergulhos para turistas.
Foto: DW/Johannes Beck
Vale da Lua, Jordânia
Gargantas estreitas, penhascos e uma vista espetacular são alguns dos pontos altos deste patrimônio mundial. Mais de 45 mil pinturas rupestres, algumas com até 12 mil anos, são uma atração turística. Mas a água na região está ficando ainda mais escassa devido às mudanças climáticas e ameaça animais e plantas que vivem nesta área.
Foto: picture-alliance/dpa
Ilhas Chelbacheb, Palau
Não é surpresa que as 400 ilhas Chelbacheb recebam mais de 100 mil turistas por ano. Os vilarejos antigos, lindas lagunas e recifes de corais fazem de lá um paraíso no Oceano Pacífico. Ainda assim, com a temperatura do mar subindo e a água ficando mais ácida, os corais são danificados e ficam brancos, causando seu extermínio.
Foto: Matt Rand/ The Pew Charitable Trusts
Ilha de Páscoa, Chile
As estátuas Moai na ilha chilena atraem a cada ano 60 mil visitantes. A erosão da costa e a elevação do nível do mar ameaçam as estátuas.
Foto: picture-alliance/dpa/Maxppp/G. Boissy
Estátua da Liberdade, Estados Unidos
A Estátua da Liberdade sofre com tempestades cada vez mais fortes e o aumento do nível do mar. Em 2012 , o furacão Sandy danificou a infraestrutura da ilha onde fica a estátua. Alguns acreditam que é apenas uma questão de tempo até que a estátua em si seja avariada.
Foto: picture-alliance/United Archives/WHA
Cartagena, na Colômbia
A colombiana Cartagena de Índias fica a apenas 2 metros acima do nível do mar. Principalmente o belo centro histórico e portuário da cidade fundada em 1533 estão ameaçados.
Foto: Getty Images
Veneza, na Itália
Embora o fenômeno da "acqua alta" não seja novidade em Veneza, ele está ocorrendo com cada vez mais frequência. E como um dos pontos mais baixos da cidade é a Praça de São Marcos, esta área especialmente turística é uma das mais comprometidas. Em longo prazo, o aquecimento global tende a agravar o problema.
Foto: picture-alliance/dpa
Fiorde Ilulissat, Groenlândia
Os icebergs derretem e se partem. Quando o permafrost, o solo permanente gelado, descongela, desaparecem com ele também os sítios arqueológicos. Turistas visitam o fiorde para vivenciar o "Marco Zero" da mudança climática. Para o gelo, o efeito é devastador, mas isso não impede mais e mais pessoas de irem até lá para ver icebergs antes que desapareçam para sempre.