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MídiaGlobal

Unesco relata aumento dos assassinatos de jornalistas

2 de novembro de 2024

Entre 2022 e 2023, um jornalista foi morto a cada quatro dias, segundo relatório da agência da ONU. A impunidade atinge 85% dos casos. Maioria das mortes ocorreram nos territórios palestinos e no México.

Capacetes e coletes à prova de balas designados para a imprensa em fábrica
Em 2022 e 2023, um jornalista foi morto a cada quatro dias, afirma relatório da UnescoFoto: Juancho Torres/AA/picture alliance

Os assassinatos de jornalistas em todo o mundo aumentaram 38% entre 2022 e 2023 em comparação com os dois anos anteriores, com 162 mortes confirmadas, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) divulgado neste sábado (02/11).

"Em 2022 e 2023, um jornalista foi morto a cada quatro dias simplesmente por fazer seu trabalho fundamental de buscar a verdade", afirmou a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, em comunicado.

Mais da metade das mortes em 2022 e 2023 ocorreram em países onde ocorriam conflitos armados, com a maioria dos jornalistas sendo mortos em seus países de origem. Outros profissionais de imprensa morreram enquanto trabalhavam em reportagens sobre crime organizado ou corrupção ou enquanto cobriam protestos. Os repórteres locais representaram 86% dos assassinatos relacionados à cobertura de conflitos.

México e territórios palestinos

A organização destaca ainda, que "jornalistas continuam sendo assassinados em suas casas ou perto de seus domicílios, o que expõe suas famílias a grandes riscos".

Em 2022, o México teve o maior número de assassinatos de jornalistas, com 19 casos, enquanto em 2023 a maioria dos casos ocorreu nos territórios palestinos, com 24 mortes.

Segundo o relatório, as regiões mais perigosas para jornalistas são a América Latina e o Caribe, assim como os países árabes. A América do Norte e a Europa Ocidental foram as regiões menos perigosas, registrando ao todo seis assassinatos.

De acordo com a Unesco, 14 dos jornalistas mortos em 2022-23 eram mulheres, o que representa 9% do total. Entre elas estão a palestina Shireen Abu Akleh, assassinada em um bombardeio israelense enquanto cobria o conflito na Cisjordânia ocupada, e a mexicana María Guadalupe Lourdes Maldonado López, morta a tiros na fronteira entre o México e os Estados Unidos.

Impunidade generalizada

Uma avaliação com base em respostas fornecidas pelos países individuais revela que, desde 2006, a maioria dos casos (85%) identificados pela Unesco ainda não foram resolvidos ou acabaram sendo abandonados.

Esse total representa uma leve diminuição em relação a 2018, quando 89% dos casos permaneceram sem solução, sendo que, em 2012, a taxa de impunidade foi de 95%.

"Esses crimes não devem e não podem ficar impunes. No entanto, esse ainda é o caso de quase 85% deles", disse Azoulay.

O relatório bianual da organização científica e cultural sediada em Paris analisa o estado da segurança de jornalistas em todo o mundo.

rc (AFP, dpa)

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