União Europeia abre investigação sobre acordo Embraer-Boeing
4 de outubro de 2019
Comissão Europeia analisa se fusão pode ameaçar competição no setor e tem 90 dias para apresentar um parecer. Acordo prevê criação de uma nova empresa de aviação comercial, com 80% de participação da gigante americana.
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A Comissão Europeia anunciou nesta sexta-feira (04/10) que abriu uma investigação aprofundada sobre o acordo da parceria entre a Embraer e a gigante americana Boeing devido a uma possível ameaça à competição nos preços e desenvolvimentos de produtos no setor da aviação.
O acordo em andamento entre as duas companhias prevê a criação de uma nova empresa – uma joint venture, no termo do mercado –, na qual a Boeing deterá 80% de participação, e a Embraer, 20%. Por isso, a americana pagará 4,2 bilhões de dólares à brasileira.
A nova empresa é avaliada em 5,26 bilhões de dólares. Caberá à Boeing o controle da atividade comercial, não absorvendo as atividades relacionadas a aeronaves para segurança nacional e jatos executivos, que devem continuar somente com a Embraer.
Segundo a Comissão Europeia, o acordo pode reduzir potencialmente o número de concorrentes num mercado global já concentrado e poderia dificultar a entrada de novos participantes no mercado, como os da China, Japão e Rússia.
"Os mercados de aeronaves comerciais precisam funcionar bem para fornecer produtos inovadores e eficientes a um preço justo", destacou Margrethe Vestager, comissária de Concorrência da União Europeia (UE).
O órgão executivo do bloco destaca ainda que atualmente a Embraer e a Boeing são concorrentes em alguns setores da aviação comercial. A comissão tem agora 90 dias para analisar a fusão das empresas, que podem fazer concessões se houver um impasse sobre o caso.
A Comissão Europeia pode abrir investigações sobre empresas com um volume de negócios que ultrapassa um determinado limite, se considerar que a fusão delas representa uma ameaça ao Espaço Econômico Europeu. A maioria das fusões é aprovada sem problemas. Aquelas que podem trazer risco, porém, passam por uma investigação aprofundada.
O acordo entre as empresas foi acertado no final do ano passado. Na quinta-feira, a Embraer e a Boeing divulgaram um comunicado afirmando que aguardavam a aprovação dos órgãos reguladores da Comissão Europeia. "As empresas esperam que a transação seja concluída no início de 2020", destacaram.
Os acionistas da Embraer aprovaram em fevereiro a venda do controle da sua divisão comercial à Boeing para a criação de uma nova empresa. O acordo já foi aprovado também pela Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos e aguarda a palavra final dos europeus.
A joint venture criada para a fabricação de aviões comerciais, que deve absorver toda a operação atual da Embraer voltada para esse segmento, deve gerar uma sinergia anual de custos de cerca de 150 milhões de dólares – sem considerar os impostos – até o terceiro ano de operação.
As empresas também chegaram a um acordo sobre os termos de uma segunda joint venture para promover o desenvolvimento de novos mercados para o avião militar multimissão KC-390. De acordo com a parceria proposta, a Embraer terá 51% da participação, e a Boeing ficará com os restantes 49%.
A Embraer foi privatizada em 1994, mas o governo brasileiro detém uma ação especial chamada golden share que permite vetar quaisquer negócios firmados pela empresa. A empresa é a fabricante líder mundial de aeronaves comerciais com até 150 assentos e tem mais de 100 clientes em todo o mundo.
Em 9 de fevereiro de 1969, um Jumbo decolava pela primeira vez. Ele logo se tornou o principal avião de passageiros do mundo – e abriu novas dimensões para as companhias aéreas.
Foto: picture-alliance/imageBroker/J. Tack
Apelido esclarecedor
Um jumbo da British Airways se aproxima do aeroporto de Heathrow. A imagem elucida por que a aeronave da Boeing do tipo 747 recebeu rapidamente o apelido de "Jumbo" logo após seu primeiro voo comercial há 50 anos: o quadrimotor a jato é simplesmente gigantesco. A aeronave também ficou conhecida como "rainha dos céus".
Foto: Reuters/T. Melville
Velhos amigos
O então presidente da Boeing, Bill Allen, e o CEO da empresa aérea americana Pan Am Juan Trippe (dir.), em 9 de fevereiro de 1968, após o voo inaugural do primeiro Boeing 747. Os dois eram amigos de longa data. Durante uma pescaria, Trippe teria indagado Allen sobre os planos para um grande avião de passageiros: "Se você construir, eu vou comprar". A resposta: "Se você comprar, eu vou construir".
Foto: picture-alliance/dpa/Boeing
Viajar com glamour
A fama do novo 747 não adveio apenas de suas inovações técnicas, mas também do seu glamour. Com um lounge em que se serviam coquetéis, o avião prometia uma experiência de viagem elegante e descontraída. Com mais de 70 metros de comprimento e uma envergadura de quase 60 metros, a aeronave comportava entre 366 e 550 passageiros, dependendo da disposição dos assentos.
Foto: picture-alliance/dpa/Boeing
Catástrofes
O Jumbo também está associado a grandes desastres. A queda de um avião da Lufthansa em 1974, logo após a partida em Nairóbi, custou 59 vidas. Em 1977, dois Jumbos colidiram no aeroporto de Tenerife – 583 mortos. Em 1988, 270 pessoas morreram após a explosão de uma bomba a bordo em atentado terrorista quando o 747 sobrevoava a cidade escocesa de Lockerbie (foto).
Foto: Roy Letkey/AFP/Getty Images
Bicão
O Jumbo se destaca por sua "corcunda" na parte superior da fuselagem, em que se encontra, entre outros, a cabine de pilotos. Essa disposição possibilita uma porta de proa para as aeronaves de carga, permitindo a entrada de grandes volumes. Atualmente, a Boeing vende o quadrimotor a jato, com alto consumo de combustível, praticamente apenas na versão de frete.
Foto: Imago/Russian Look/L. Faerberg
Transporte do ônibus espacial
Nesta imagem de 2012, a Discovery pega carona com o gigante. As aeronaves de transporte do ônibus espacial (Shuttle Carrier Aircraft – SCA) foram dois jatos Boeing 747-100, modificados para transportar o veículo da agência espacial americana NASA. Eles foram usados no regresso dos ônibus espaciais para o Centro Espacial Kennedy.
Foto: picture-alliance/dpa
Avião dos vencedores
A Lufthansa teve orgulho de levar a seleção alemã de futebol do Rio de Janeiro para Berlim, com a taça da Copa do Mundo na bagagem. O Boeing 747-8 ganhou uma pintura nova com os dizeres "Siegerflieger Fanhansa" ou "avião dos vencedores Fanhansa".
Foto: picture-alliance/dpa
"Ed Force One" do Iron Maiden
Na foto, a banda britânica de rock pesado Iron Maiden aterrissa em maio de 2016 no Aeroporto de Düsseldorf. Metaleiros e observadores de aviões garantiram os melhores locais para ver o "Ed Force One" – em homenagem à mascote da banda, o monstro Eddie. O jato é pilotado pelo próprio vocalista Bruce Dickinson.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Young
Dinossauro dos céus
Como o ainda maior Airbus A380 (na foto em primeiro plano), o 747 não atende mais aos requisitos econômicos das companhias aéreas que preferem aeronaves bimotores de longo alcance, como o A350 ou o Boeing 777 e 787. No ano passado houve um total de 18 novos pedidos para o Jumbo, e existem apenas 24 encomendas não processadas.
Foto: picture-alliance/dpa
"Air Force One"
Além das 1548 aeronaves já fabricadas, poucas deverão ainda ser executadas, embora o presidente americano, Donald Trump, tenha encomendado o próximo avião presidencial "Air Force One" à base do 747. O imperador japonês e o sultão de Brunei também apreciam a "rainha dos céus" como aeronave do governo.