Comissão Europeia adverte lançar procedimentos legais e punições, caso controversas reformas no Judiciário sejam aprovadas. UE considera projetos de lei como um ataque à independência judicial do país.
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A Comissão Europeia alertou a Polônia, nesta quarta-feira (19/07), para suspender as controversas reformas no Supremo Tribunal que ameaçam a independência judicial do país. Caso contrário, o executivo da União Europeia (UE) advertiu que Varsóvia pode enfrentar sanções sem precedentes.
Depois de uma reunião da Comissão Europeia em Bruxelas, os comissários europeus ameaçaram sancionar a Polônia e acionar o artigo 7º do Tratado da União Europeia que permite que sejam retidos direitos de Estados-membros, como o de voto no Conselho Europeu.
"As medidas recentes tomadas pelas autoridades polonesas sobre o sistema judicial ampliam a ameaça ao Estado de direito na Polônia", disse o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans. "Se implementadas na sua forma atual, essas leis teriam um impacto negativo muito significativo na independência do Poder Judiciário."
Timmermans disse que o conteúdo proposto nos projetos de lei e o processo de votação ainda estão incompletos, de modo que a Comissão Europeia não pode ainda tomar uma decisão formal, mas que "estamos próximos de desencadear o Artigo 7º".
Os procedimentos para uma violação da legislação da União Europeia podem ser lançados já na próxima semana. O Artigo 7º engloba uma sanção nunca antes utilizada contra Estados-membros que violam direitos fundamentais. O artigo 7º pode ser acionado "sob proposta fundamentada de um terço dos Estados-membros, do Parlamento Europeu ou da Comissão Europeia" e as deliberações são votadas por maioria qualificada no Conselho Europeu.
Desde que chegou ao poder em 2015, o populista Partido Lei e Justiça (PiS, na sigla em polonês) procurou expandir sua influência sobre os tribunais e os meios de comunicação, levando a União Europeia a lançar uma revisão do Estado de direito na Polônia no ano passado.
Projeto de lei travado, por enquanto
Na semana passada, parlamentares governistas apresentaram medidas que vão resultar em um aumento dramático da influência do governista e populista PiS sobre o Judiciário. A primeira medida foi aprovada pelo Congresso em tempo recorde: ela reserva ao governo a prerrogativa de nomear os 25 membros do Conselho Nacional do Judiciário (KRS), um órgão encarregado de aprovar a indicação de juízes regionais na Polônia.
Outra lei também aprovada nos últimos dias também estabelece que o Ministério da Justiça poderá nomear diretamente os presidentes de cortes regionais, que antes eram eleitos pelos seus próprios pares.
Uma terceira lei, que ainda precisa ser votada pela Câmara, não é menos controversa: pretende dissolver a atual composição da Suprema Corte da Polônia – responsável por reavaliar decisões de instâncias inferior – e indicar novos membros, que poderão ser escolhidos a dedo pelo ministro da Justiça, Zbigniew Ziobro, um membro do PiS. Somente os juízes que contarem com a aprovação do ministro poderão continuar na Corte.
A oposição advertiu que tais mudanças vão politizar o judiciário e ameaçar a separação dos poderes. Parlamentares aliados ao PiS aprovaram o projeto de lei em primeira leitura na terça-feira, antes de passar o texto para uma segunda e última leitura. Mas os membros da oposição, que desejam atrasar o processo, submeteram mais de mil emendas.
O governo defende que suas reformas judiciais são medidas necessárias que tornam os tribunais mais imputáveis. O projeto de lei ainda precisa da aprovação da câmara alta do Parlamento, mas é esperado que passe já que o PiS controla ambas as Casas.
Os três ex-presidentes da democracia moderna polonesa, Lech Walesa, Aleksander Kwasniewski e Bronislaw Komorowski, se uniram nesta quarta-feira numa carta aberta para denunciar "as manobras antidemocráticas" do Partido Lei e Justiça.
"Perante a ameaça traçada por uma série de decisões antidemocráticas e anticonstitucionais do governo do Lei e Justiça, nos posicionamos firmemente em defesa das liberdades fundamentais dos cidadãos e como fiadores do Estado de direito da República da Polônia", disseram em carta.
PV/lusa/rtr/ap/afp
Dez razões para visitar Varsóvia
Reis, conquistadores e ditadores deixaram as suas marcas na capital polonesa. Mas libertadores e artistas também ajudaram a moldar a cidade ao longo dos séculos. Veja aqui dez dicas de viagem para a capital polonesa.
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Palácio da Cultura e Ciência
A paisagem urbana da Varsóvia moderna cresceu em torno do Palácio da Cultura e Ciência, construído em 1955. Com 230 metros de altura, ele ainda é o prédio mais alto da Polônia. Como relíquia da era stalinista, ele é um símbolo da opressão, mas também um dos cartões-postais de Varsóvia. A plataforma de observação no 30° andar do arranha-céu oferece a melhor vista da cidade.
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Fachadas decoradas
Localizada no centro histórico da capital polonesa, esta casa remonta ao século 13. Na entrada, um busto retrata um príncipe negro: por isso o edifício se chama "Pod Murzynkiem" ou "Sob o Negro", o que indica que os donos eram comerciantes que atuavam no exterior. No entorno da praça do mercado (Rynek Starego Miasta), muitos dos edifícios do século 17 foram reconstruídos após a Segunda Guerra.
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Praça do Castelo – Plac Zamkowy
No centro histórico também se encontra a Praça do Castelo, com a estátua de bronze do rei Sigismundo 3° sobre a Coluna de Sigismundo, de 22 metros de altura e datada de 1644, como também o Palácio Real, que foi reconstruído após a Segunda Guerra. Ambos são símbolos da ascensão de Varsóvia no século 16. Na década de 1980, a Cidade Velha foi elevada a Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco.
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Mercado centenário – Hala Koszyki
O que era o mercado da cidade há mais de cem anos transformou-se num ponto de encontro de gourmands e hipsters, com restaurantes, lojas e bares. Os moradores de Varsóvia esperaram por mais de dez anos para que o espaço fosse reaberto em 2016. Hoje, hordas de visitantes acorrem a "Hala Koszyki", que abre de 8h até meia-noite.
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Museu da História dos Judeus Poloneses
Até 1939, Varsóvia tinha a maior comunidade de judeus da Europa. Essa história pode ser vista hoje no Polin, museu localizado no antigo Gueto de Varsóvia, que com mais de 40 mil prisioneiros foi o maior gueto judaico da ocupação nazista na Europa. Um levante contra a deportação foi brutalmente debelado em maio de 1943 pelos nazistas. Em 2016, o prédio ganhou o Prêmio de Museu Europeu do Ano.
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Biblioteca da universidade
Os novos edifícios do Centro de Ciências Copérnico (Centrum Nauki Kopernik) e da biblioteca da universidade são representativos de Varsóvia como cidade universitária. Além dos três milhões de livros, a edificação também oferece um grande parque e um terraço-jardim que é aberto ao público. Ali os estudantes fazem piqueniques, namoram e praticam caminhadas.
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Homenagem a David Bowie
No bairro de Żoliborz, o artista Dawid Celek criou um painel de parede em homenagem ao músico britânico David Bowie, morto em 2016. Na década de 1970, Bowie fez uma visita breve à cidade que o inspirou a escrever a canção "Warszawa". Nesta empena da rua Marii Kazimiery, Bowie olha para os admiradores através de um desenho do Palácio da Cultura e Ciência, com o clássico visual de Ziggy Stardust.
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Museu Fryderyk Chopin
A vida e a obra do compositor e pianista franco-polonês Frédéric ou Fryderyk Chopin (1810-1849) podem ser vivenciadas neste museu na capital polonesa, que também possui um famoso piano Pleyel, em que o músico gostava de tocar. Aos oito anos, Chopin fez sua primeira apresentação pública no Palácio Radziwill de Varsóvia. No Parque Lazienki, três concertos grátis o homenageiam todos os domingos.
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Um olhar em retrospecto
Até a Segunda Guerra, Varsóvia era considerada umas das cidades mais belas da Europa. As bombas alemãs destruíram quase toda a sua paisagem histórica urbana. Na internet, é possível passear virtualmente através de desenhos, maquetes e fotos de edifícios que não existem mais. Tais passeios virtuais pela cidade desaparecida também são ofertados no parque de miniaturas Województwa Mazowieckiego.
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Estádio Nacional de Varsóvia
Construído para o Campeonato Europeu de Futebol, em 2012, o Estádio Nacional (Stadion Narodowy) brilha como uma coroa às margens do rio Vístula. Ele tem uma capacidade para 60 mil espectadores. A Ponte Poniatowski liga a margem esquerda urbanizada à margem direita, conhecida por suas praias virgens e que está se tornando uma área popular entre artistas e turistas.