Universidade do Japão discrimina mulheres há mais de 10 anos
7 de agosto de 2018
Investigação revela que ao menos desde 2006 faculdade de medicina em Tóquio alterava resultados de exames de admissão para prejudicar candidatas do sexo feminino. Instituição pede desculpas por fraude.
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Há mais de uma década, uma universidade de medicina de Tóquio manipulou os resultados dos exames de acesso à instituição para admitir menos mulheres, confirmou nesta terça-feira (07/08) um grupo de investigadores. O escândalo discriminatório veio à tona na semana passada, revelado pela imprensa japonesa.
De acordo com a investigação realizada por advogados contratos pela instituição, a Universidade de Medicina de Tóquio vem manipulando os resultados pelo menos desde 2006.
A investigação interna constatou que, neste ano, a universidade reduziu em 20% as pontuações na primeira fase de exames de todos os candidatos e, posteriormente, adicionou 20 pontos para todos os candidatos masculinos, com exceção daqueles que reprovaram na prova ao menos quatro vezes. Em um caso, um candidato chegou a receber até 49 pontos.
A instituição começou a alterar os resultados depois de um aumento no número de alunas. Na base da manipulação estaria a ideia de que os homens são mais adequados à profissão médica, porque as mulheres frequentemente param de trabalhar depois de se casarem e de terem filhos.
Segundo o relatório apresentado pelos investigadores, a manipulação revela um sexismo profundo e faz parte de uma cultura enraizada na falta de justiça e transparência. Um antigo diretor da instituição teria recebido ainda propina de alguns pais que desejam um tratamento preferencial para seus filhos.
Os investigadores não sabem quantas candidatas foram prejudicadas.
O escândalo foi descoberto durante uma investigação sobre a suposta pressão exercida por um alto funcionário do Ministério da Educação, Ciência e Tecnologia para que a universidade admitisse o seu filho, em troca da obtenção de fundos para pesquisas. Tanto o funcionário quanto um antigo diretor da instituição são acusados de suborno.
Pedido de desculpas
A universidade pediu desculpas e disse que pretende readmitir todos que teriam passado nos exames, mas foram prejudicados pela manipulação, embora não tenha explicado como fará isso.
"Pedimos sinceras desculpas pelo grave erro envolvendo os exames de admissão e que causou preocupação e problemas para muitas pessoas e traiu a confiança do público”, disse o atual diretor-geral da universidade, Tetsuo Yukioka. Ele negou ter tido conhecimento da manipulação.
Yukioka negou ainda que as mulheres aceitas na instituição sejam tratadas de maneira discriminatória, mas admitiu que muitas das estudantes não têm permissão para se tornarem cirurgiãs.
Estudos mostram que a taxa de mulheres que entram numa faculdade de medicina no país tem se mantido constante em 30% por mais de 20 anos, levando especialistas a suspeitar que outras universidades também discriminam mulheres.
Depois da revelação do escândalo, o ministro japonês de Educação, Yoshimasa Hayashi, anunciou que pretende investigar os exames de admissão de todas as faculdades de medicina do país.
O escândalo provocou protestos e revolta nas redes sociais. Mulheres relataram casos de discriminação com a hashtag "não há problema em ter raiva do sexismo".
Cerca de metade das mulheres japonesas possuem um diploma universitário – um dos níveis mais altos do mundo –, porém, elas enfrentam discriminação no mercado de trabalho. As mulheres são consideradas responsáveis pelo lar e pelo cuidado dos idosos, enquanto homens devem cumprir longas jornadas de trabalho.
No Japão, aproximadamente metade das mulheres deixa definitivamente os seus empregos depois de se tornarem mães, devido a fatores socioculturais e dificuldades em conciliar vida a familiar e profissional.
CN/rtr/ap/lusa
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Do direito ao voto ao espaço na política: ao longo dos últimos cem anos as mulheres alemãs lutaram para derrubar leis e convenções que hoje soam impensáveis.
Foto: picture-alliance/akg-images
O direito ao voto
Em 1918, o Conselho dos Deputados da Alemanha proclamou: "Todas as eleições serão conduzidas sob o mesmo sufrágio secreto, direto e universal para todas as pessoas do sexo masculino e feminino com pelo menos 20 anos de idade". Logo depois, as mulheres puderam votar, pela primeira vez, nas eleições para a Assembleia Nacional alemã, em janeiro de 1919.
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Lei de Proteção à Maternidade
A Lei entrou em vigor em 1952. Desde então, passou por várias alterações. O objetivo é assegurar a melhor proteção possível da saúde da mulher e do filho durante a gravidez, após o parto e durante a amamentação. Mulheres não podem sofrer desvantagens na vida profissional por causa da gravidez nem seu emprego pode ser ameaçado pela decisão de ser mãe.
Em 1971, Alice Schwarzer publicou na revista Stern um artigo no qual 374 mulheres confessaram ter interrompido a gravidez; entre elas, Romy Schneider. Após a publicação, dezenas de milhares de mulheres foram às ruas protestar a favor da maternidade autodeterminada. Em 1974, a coalizão social-liberal aprovou no Parlamento a descriminalização do aborto nos três primeiros meses da gestação.
Foto: Der Stern
Mais estudantes e professoras nas universidades
Em 1976, foi realizado em Berlim o evento "1° Universidade de Verão para as mulheres". Entre as exigências, as precursoras pediam o aumento da participação das mulheres entre estudantes e professoras, que era de 3 %. Em 1970, o percentual de estudantes passou para 9%. Hoje, ele chega a 48%. Em 1999, o número de professoras era de cerca de 4 mil. Hoje, elas são 11 mil em toda a Alemanha.
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Livre da obrigação do serviço doméstico
Em 1977, entrou em vigor a nova lei de matrimônio. Até então, a esposa era "obrigada ao serviço doméstico". Ela só poderia trabalhar se não negligenciasse suas tarefas do lar e se o marido consentisse. Em 2014, 70% das mães trabalhavam fora; 30% em tempo integral e quase 40% em meio período. Entre os casais com crianças, a mulher alemã contribui com uma média de 22,6% da renda familiar.
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Igualdade salarial
Em 1979, 29 funcionárias processaram o laboratório fotográfico Heinze, em Gelsenkirchen, pelo direito de ter a mesma remuneração por trabalhos iguais. Elas venceram: em 1980, o Parlamento alemão aprovou a lei sobre igualdade de tratamento de homens e mulheres no trabalho. Mas ainda há muito o que fazer: em , as mulheres ganharam 18% a menos por hora trabalhada do que os homens.
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Pilotas da Lufthansa
Em 1986, a companhia aérea alemã Lufthansa permitiu, pela primeira vez, que duas mulheres completassem a formação de piloto. Elas são: Erika Lansmann e Nicola Lunemann (na foto). Hoje, nas diversas companhias aéreas do grupo, 417 mulheres trabalham como co-pilotas e 114 são comandantes.
Foto: Roland Fischer, Lufthansa
Trabalho noturno
Em 1992, o Tribunal Constitucional Federal revogou a proibição do trabalho noturno para mulheres. O Tribunal declarou que a alegada proteção estava associada com salários mais baixos e "desvantagens consideráveis". Na antiga Alemanha Oriental, as mulheres tinham sido autorizadas a praticar todas as profissões desde o início, a qualquer hora do dia ou da noite.
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Sexo sem consentimento
Em 1997, a violação sexual no casamento passou a ser considerada crime. O Bundestag decidiu por uma maioria esmagadora que os maridos estupradores já não tinham direitos especiais. A ideia de que seria uma "ofensa menor de coerção" foi abolida. Todos os "atos sexuais" forçados passaram a ser punidos como estupro.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Kästle
Mulheres na política
Depois de conquistarem o direito ao voto na maior parte dos países, as mulheres tentam alcançar a mesma proporção de participação política que os homens. Em 1949, o percentual de alemãs no Bundestag era de 6,8%. Atualmente, elas são 35,3%. A primeira mulher a chefiar o governo foi Angela Merkel, em 2005. Em 2018, ela chegou ao quarto mandato como chanceler federal, cargo que exerceu até 2021.
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Tarefas domésticas
Hoje as mulheres alemãs também lutam por direitos iguais em relação às tarefas domésticas e ao cuidado com familiares. Em 1965, elas exerciam esse trabalho durante, em média, quatro horas por dia; os homens, 17 minutos por dia. Atualmente as mulheres ainda gastam 43,8 pontos percentuais a mais de tempo com tarefas domésticas do que os homens: são quase 30 horas semanais, contra 20 dos homens.
Foto: Imago/O. Döring
O futuro
Para despertar o interesse das meninas em profissões antes consideradas masculinas, especialmente na indústria, desde 2001 empresas alemãs convidam meninas do 5º ano para o 'Girls day'. O dia das meninas é considerado o maior projeto de orientação profissional do mundo e, graças a ele, cada vez mais jovens mulheres decidem seguir carreira da área de ciências exatas na Alemanha.