Ursos polares estão desaparecendo rapidamente do Canadá
24 de dezembro de 2022
Estudo divulgado pelo governo canadense mostra que população desses animais no norte do país diminuiu 27% em apenas cinco anos. Segundo cientistas, queda está diretamente ligada às mudanças climáticas.
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Um estudo divulgado esta semana pelo governo do Canadá mostra que os ursos polares estão desaparecendo rapidamente do oeste da baía de Hudson, no norte do país.
Pesquisadores sobrevoam a região - que inclui a cidade de Churchill, um destino turístico considerado a "capital mundial do urso polar" - a cada cinco anos para contar o número de ursos e estimar as tendências populacionais.
Entre o final de agosto e início de setembro de 2021, os investigadores registraram 194 ursos. A partir desta contagem, os cientistas estimam que havia na época 618 ursos polares na área - o levantamento anterior, realizado em 2016, estimava 842. A cifra representa uma queda de 27% em apenas cinco anos – de 2011 a 2016 a queda tinha sido de 11%.
"Os declínios observados são consistentes com as previsões de longa data sobre os efeitos demográficos das alterações climáticas nos ursos polares", salienta o estudo, que mostra que a diminuição é ainda mais drástica entre fêmeas e filhotes.
Embora não possam afirmar com absoluta certeza os motivos da queda, os cientistas apontam que ela pode ser causada, sobretudo, pela movimentação de animais para regiões vizinhas e pela caça. Outra hipótese é que mudanças causadas pelo clima na população local de focas podem estar reduzindo o número de ursos.
"Houve um número muito baixo de filhotes sendo gerados em 2021", disse Andrew Derocher, que lidera o Polar Bear Science Lab na Universidade de Alberta. "Estamos olhando para uma população que envelhece lentamente e, quando há anos ruins [de gelo], os ursos mais velhos são muito mais vulneráveis ao aumento da mortalidade", explica.
Ameaça de extinção
Há 19 populações de ursos polares espalhadas pela Rússia, Alasca (EUA), Noruega, Groenlândia e Canadá. Mas a baía de Hudson está entre os locais mais ao sul, e os cientistas projetam que os ursos dali provavelmente estarão entre os primeiros a desaparecer.
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"De certa forma, é totalmente chocante", disse John Whiteman, cientista-chefe de pesquisa da organização sem fins lucrativos Polar Bears International. "O que é realmente preocupante é que esses tipos de declínio são do tipo que, a menos que a perda de gelo do mar seja interrompida, estão previstos para eventualmente causar extinção", destaca.
Os ursos polares dependem do gelo para se alimentar de focas, para se movimentar e para se reproduzir. Mas, nos últimos tempos, ao redor da baía de Hudson, o gelo marinho sazonal está derretendo no início da primavera e se formando no final do outono, forçando os ursos a passar mais tempo sem comida.
Desde a década de 1980, a camada de gelo na baía diminuiu quase 50% no verão, de acordo com o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos EUA. Além disso, no Ártico, o aquecimento global é até quatro vezes mais rápido do que em outras partes do planeta.
Um estudo publicado na revista Nature Climate Change em 2021 descobriu que a maioria das populações de ursos polares do mundo pode entrar em colapso até 2100, caso as emissões de gases de efeito estufa não sejam fortemente controladas. De acordo com o estudo, havia 1.200 ursos polares nas margens ocidentais da baía de Hudson na década de 1980 – o dobro de agora.
le (Lusa, AFP, Reuters)
Ameaçados de extinção
O número de animais ameaçados de extinção aumenta a cada ano. Tatu-bola e panda fazem parte da lista vermelha atualizada pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.
Foto: Joares Adenilson May Júnior
Desaparecimento rápido
O tatu-bola é encontrado, principalmente, no Brasil. Ao longo da última década, sua população diminuiu mais de 33%, afirma a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, do inglês), que há mais de 50 anos divulga a lista de espécies ameaçadas de extinção. O tatu-bola foi escolhido para ser mascote da Copa do Mundo de 2014.
Foto: Joares Adenilson May Júnior
À beira da extinção
A IUCN classificou o tatu-bola como vulnerável. Outras classificações para avaliar o risco das espécies são: em perigo, em perigo crítico, extinto na natureza e extinto. O lobo da Tasmânia e o tigre de Bali são duas espécies extintas. Todas as espécies de tigre, como o tigre siberiano da foto, foram avaliadas como "em perigo".
Foto: picture-alliance/dpa
Lêmures sem teto
O indri pertence ao grupo dos lêmures. Eles vivem no Madagascar e são os animais mais ameaçados do mundo. Desmatamento e incêndios estão acabando com seu habitat, as florestas tropicais: 94% das espécies de lêmures estão ameaçados de extinção e 22 espécies estão quase sumindo do planeta.
Foto: Nick Garbutt
Comida rara
Neste ano, pela primeira vez, a população das enguias japonesas foi analisada. No Japão, esse peixe é o mais caro usado na alimentação e agora entrou para a lista vermelha de espécies ameaçadas. A poluição do seu habitat e a pesca predatória são as responsáveis por essa situação.
Foto: OpenCage.info
Melhores condições
A espécie de carpa Acanthobrama telavivensis, que vive somente em Israel, está na lista vermelha. Mas pesquisadores anunciaram recentemente uma boa notícia. Um programa de criação que começou com 120 animais está dando resultado. Em 2006, milhares de peixes nascidos no criadouro foram reintroduzidos na natureza e a população está aumentando.
Foto: Menachem Goren
Boas notícias
A situação da tartaruga-de-couro está melhorando. Há 10 anos, ela estava classificada como em perigo de extinção. Em 2013, ela foi classificada como vulnerável. Ela é a maior tartaruga do mundo, pode medir mais de dois metros e pesar quase meia tonelada. A poluição do mar, a caça e pesca são seus principais problemas.
Foto: gemeinfrei
Concha é joia
A espécie de caracol Bertia cambojiensis foi classificada neste ano como em perigo crítico e o homem é um dos seus maiores predadores. Em um site para colecionadores, uma concha desse caracol, encontrada em uma praia no Vietnã, foi vendida por 300 euros.
Foto: Paul Pearce-Kelly
Metade já sumiu
A IUCN não sabe exatamente quantas espécies de ocapi ainda existem no mundo. Na década de 1990, mais de 4.400 girafas da floresta viviam na reserva que fica no nordeste da República Democrática do Congo, dez anos depois eram apenas 2.500. O conflito no país e a mineração reduzem cada vez mais seu habitat.
Foto: cc-by-sa-3.0/Raul654
Aves ameaçadas
Mais de 200 espécies de aves foram quase extintas, entre elas o abutre-indiano-de-dorso-branco que vive na Índia e sudeste da Ásia. Na China e na Malásia, a espécie não existe mais, segundo a IUCN. O frango-d'água-d'asa-branca, encontrada na Etiópia, África do Sul e Zimbábue, foi classificada, pela primeira vez, como em perigo crítico.
Foto: picture-alliance/dpa
Ameaça constante
A população dos elefantes asiáticos foi calculada entre 40 mil e 50 mil animais. Ele continua sendo classificado como ameaçado. Nas últimas três gerações, sua população foi reduzida pela metade, segundo a IUCN, e continua diminuindo. O elefante asiático é encontrado em Bangladesh, Butão, Índia, China e Indonésia.
Foto: picture-alliance/Horst Galuschka
Caça e comércio de marfim
A destruição do habitat e a caça predatória em busca do marfim são as principais ameaças ao elefante africano. Se por um lado a população desse animal está aumentando, a caça ilegal também cresceu.
Foto: picture-alliance/dpa
Preso na rede
A principal ameaça para os botos são as redes de pesca. Eles acabam se prendendo nelas e morrem. A toninha-comum (foto) não entrou na lista vermelha, mas a vaquita, também conhecida como boto-do-pacífico, entrou. Estimativas apontam que, em 2013, restavam apenas 500 ou 600 animais dessa espécie.
Foto: WDC
Últimos do mundo
Outros animais em perigo são o panda – estima-se que em 2013 havia no mundo entre mil e 2 mil exemplares de panda-gigante – e o rinoceronte de Sumatra, cuja população é calculada em 220 animais. A IUCN e seus parceiros analisaram 73.686 espécies e 30% delas entraram na lista, que é publicada desde 1963 e reúne registros de vários países.