Imagens mostram jihadistas destruindo com marretas, escavadoras e explosivos antiga cidade assíria construída no século 13 a.C. Autoridade iraquiana confirma autenticidade da gravação.
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O grupo radical "Estado Islâmico" (EI) postou na internet neste sábado (11/04) um vídeo que mostra integrantes da organização usando marretas, escavadoras e explosivos para destruir as ruínas da antiga cidade assíria de Nimrud, no Iraque.
Sob os gritos de "Allah Akbar" (Alá é o maior), combatentes do EI destroem em poucos minutos milhares de anos de História. A autenticidade das imagens foi confirmada por um funcionário do Ministério de Antiguidades do Iraque neste domingo.
No vídeo, de sete minutos, um integrante da organização terrorista afirma que Deus irá honrá-los por remover "todos esses ídolos e estátuas".
"Sempre que conseguirmos controlar um pedaço de terra, nós vamos remover sinais de idolatria e espalhar o monoteísmo por lá", diz outro jihadista. Ele diz, ainda, que "vamos quebrar as cruzes e demolir a Casa Branca, no bastião de infidelidade, América". A gravação termina com uma grande explosão e um panorama da destruição.
Crime de guerra
Em março, autoridades iraquianas e a ONU já haviam chamado a atenção para o saque e a destruição de Nimrud. A cidade foi fundada durante o Império Assírio no século 13 a.C. e chegou a ser uma de suas capitais. Ela é famosa por seus baixo-relevos e esculturas de touros alados.
Os tesouros das tumbas reais, que incluem uma coleção de mais de 600 pedras preciosas, joias de ouro e vários ornamentos, foram algumas das principais descobertas arqueológicas do século 20. A cidade se localiza às margens do rio Tigre, a cerca de 30 quilômetros a sudeste de Mossul, que é a principal cidade do norte do Iraque e está sob controle do EI desde junho passado.
No mês passado, Unesco afirmou que a destruição da cidade histórica de Nimrud pelo "Estado Islâmico" é um crime de guerra e apelou à comunidade internacional para que una esforços para conter a catástrofe.
A primeira descrição desse patrimônio histórico é datada de 1820. Entre 1845 e 1852, o arqueólogo britânico Austen Layard deu início aos trabalhos de escavação no local. A cidade é cercada por um muro de oito quilômetros de extensão. Entre as ruínas estão o grande palácio do rei assírio Assurnasirpal II, assim com o templo de Nabu, deus da escrita e das artes.
Por onde passa, o EI vem destruindo relíquias antigas e patrimônios históricos, alegando que elas promovem idolatria e violam as interpretações fundamentalistas da lei islâmica. Autoridades acreditam também que os terroristas utilizam essas obras como fonte de renda ao vendê-las no mercado negro.
CN/afp/dpa/ap
"Estado Islâmico" tenta apagar história
Militantes do EI estão destruindo artefatos culturais de milhares de anos no Iraque. O estrago foi condenado mundo afora e fez o Iraque pedir ajuda internacional.
Foto: Mohammad Kazemian
Acabando com o patrimônio
Militantes do "Estado Islâmico" (EI) saquearam e destruíram estátuas em museus de Mossul, no norte do Iraque. Acredita-se que as relíquias pertenciam à antiga civilização mesopotâmica. Os jihadistas, que tomaram grande parte do Iraque e da Síria, afirmam que sua interpretação do islã exige que as estátuas e artefatos culturais sejam destruídos. Muitos estudiosos do islã condenam a ação do grupo.
Estas são as ruínas de Hatra, construída há 2 mil anos pelo Império Selêucida, que controlava grande parte do mundo antigo. Segundo relatos, militantes do EI trouxeram escavadeiras para destruir a cidade. "A luta deles é por identidade, querem destruir a região, principalmente o Iraque, e seus patrimônios da humanidade", disse o ministro do Turismo do Iraque, Adel Shirshab.
Os membros do grupo militante também destruíram parte de Nínive, antiga cidade no norte do Iraque, considerada o berço da civilização por muitos arqueólogos ocidentais. "Já era esperado que o EI a destruísse", disse o ministro do Turismo iraquiano aos jornalistas. A ONU classificou a destruição de "crime de guerra".
"O céu não está nas mãos dos iraquianos. Por isso, a comunidade internacional tem que tomar uma atitude", disse o ministro do Turismo do Iraque ao pedir ataques aéreos contra os extremistas do EI. Bagdá afirmou que os militantes do EI estão desafiando "a vontade do mundo e os sentimentos de humanidade".
Os militantes do EI afirmam que as esculturas antigas entram em contradição com sua interpretação radical dos princípios do islã, que proíbem a adoração de estátuas. E quando os jihadistas não as estão destruindo, estão lucrando com elas. Especialistas afirmam que o grupo está faturando no mercado internacional com a venda de estátuas menores, enquanto as maiores são destruídas.
Estudiosos costumam comparar a destruição do patrimônio cultural por parte do EI à demolição dos Budas Gigantes de Bamiyan, pelos talibãs afegãos, em 2001. Hoje, há somente um espaço vazio onde as grandes estátuas ficavam. Entretanto, alguns temem que o estrago causado pelo EI às ruínas da antiga civilização mesopotâmica, pioneira da agricultura e da escrita, possa ser ainda mais devastador.