Vídeo de morte de jovem por policiais gera protestos nos EUA
28 de janeiro de 2023
Imagens de cinco policiais espancando e chutando Tyre Nichols, de 29 anos, causaram revolta. Presidente Joe Biden se disse "indignado" e pediu protestos pacíficos.
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A divulgação de um vídeo que mostra o espancamento até a morte do jovem negro Tyre Nichols, de 29 anos, por cinco policiais em Memphis, no estado americano do Tennessee, desencadeou protestos em várias cidades dos Estados Unidos na noite desta sexta-feira (27/01), incluindo Nova York, Atlanta, Washington D.C. e Detroit.
Em Memphis, centenas de pessoas bloquearam o trânsito em uma autoestrada, exigindo falar com o autarca da cidade, Jim Strickland, e com o chefe do departamento de polícia, Cerelyn Davis.
Em 7 de janeiro, Nichols foi parado por agentes da polícia que alegavam uma infração de trânsito. Ele morreu três dias depois em um hospital devido aos ferimentos provocados pelas agressões.
As imagens, exibidas em horário nobre pelos principais canais de televisão do país, foram capturas por câmeras de vigilância e por câmeras acopladas aos uniformes dos policiais. Nelas é possível ver como os agentes agrediram Nichols por vários minutos com pontapés, inclusive na cabeça, lhe deram socos e lhe bateram com um bastão, mesmo quando ele já não mostrava qualquer sinal de que poderia revidar.
A certa altura, depois que Nichols se levanta, um policial o atinge novamente com pelo menos cinco golpes fortes, enquanto outro segura suas mãos nas costas.
Os advogados da família da vítima compararam as gravações ao caso Rodney King: o motorista negro foi espancado com paus e chutado por policiais em Los Angeles em 1991, ação que foi flagrada na época por um cinegrafista amador. Ao contrário de Nichols, ele sobreviveu.
Biden "indignado”
Após assistir o vídeo, o presidente dos EUA, Joe Biden, se disse "indignado" e apelou às pessoas para que não recorressem à violência para exprimir a sua raiva "justificável".
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"Quem quer justiça não deve recorrer à violência nem à destruição", disse, apelando para que os protestos pela morte de Nichols fossem pacíficos.
Os cinco agentes envolvidos no espancamento de Nichols, todos negros, foram demitidos do departamento de polícia e enfrentam várias acusações, incluindo homicídio, crime para o qual a legislação estadual prevê penas de 15 a 60 anos de prisão.
Os ex-policiais também são acusados de lesão corporal qualificada, sequestro qualificado, má conduta policial e opressão oficial. Os cinco têm idades entre 24 e 32 anos e trabalharam na polícia por períodos que variam entre dois anos e meio e cinco anos.
A polícia nos EUA tem sido acusada por organizações de direitos humanos de uso desproporcionado da violência contra a população negra no país. Quase um terço de todas as pessoas mortas pela polícia nos EUA em 2021 eram afro-americanas, apesar de elas representarem apenas 13% da população do país.
Um dos casos de maior repercussão, foi o da morte do George Floyd, de 46 anos, em 2020, depois de o policial Derek Chauvin ter pressionado seu pescoço com o joelho por nove minutos e meio, com a conivência dos colegas, enquanto o afro-americano repetia que não conseguia respirar. Floyd era suspeito de ter usado uma nota de 20 dólares falsa para pagar uma compra.
O vídeo do episódio causou consternação mundial e deu início a uma onda de protestos contra o racismo, impulsionando o movimento Black Lives Matter (vidas negras importam).
le (Lusa, ots)
Os principais pontos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
Proclamada em 1948, carta é válida para todos os Estados-membros das Nações Unidas. Mas ainda há um longo caminho até que o documento seja implementado para todos, em todo o mundo.
Foto: picture alliance/Photoshot
Direitos iguais para todos (Artigo 1°)
"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos." Em 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou em Paris a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O ideal é claro, mas continua muito distante de encontrar aplicação concreta.
Foto: Fotolia/deber73
Ter e viver seus direitos (Artigo 2°)
Todos os direitos e liberdades da Declaração se aplicam a todos, que podem invocá-los independente de "raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou qualquer outra condição". No nível internacional, contudo, é quase impossível reivindicar esses direitos.
Foto: dapd
Direito à vida e à liberdade (Artigos 3°, 4°,5°)
"Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal." (3°) "Ninguém será mantido em escravidão ou servidão." (4°) "Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento cruel, desumano ou degradante" (5°).
Foto: Leon Neal/AFP/Getty Images
Igualdade perante a lei (Artigo 6° a 12)
Toda pessoa tem direito a um julgamento justo e à proteção da lei (6°, 8°, 10, 12). Todos são considerados inocentes até que a sua culpabilidade seja comprovada (11). "Todos são iguais perante a lei" (7°) e "Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado" (9°).
Foto: fotolia
Ninguém é ilegal (Artigos 13, 14, 15)
"Todo indivíduo tem o direito de livremente circular e escolher o seu domicílio dentro de um Estado". "Todos têm o direito de deixar qualquer país" (13). "Toda pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar asilo em outros países" (14). "Todo indivíduo tem o direito a ter uma nacionalidade" (15).
Foto: picture-alliance/dpa
Contra os casamentos forçados (Artigo 16)
Homens e mulheres têm direitos iguais antes, durante e depois do casamento. Um casamento "será válido somente com o livre e pleno consentimento dos futuros esposos". A família tem direito à proteção da sociedade e do Estado. Mais de 700 milhões de mulheres em todo o mundo vivem em um casamento forçado, afirma o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Foto: picture-alliance/dpa
Direito à propriedade (Artigo 17)
"Toda pessoa tem direito, individual ou coletivamente, à propriedade. Ninguém pode ser privado arbitrariamente de sua propriedade." Ainda assim, seres humanos são expulsos de suas terras em todo o mundo, por não terem documentos válidos – a fim de abrir caminho para o desenvolvimento urbano, a extração de matérias primas, a agricultura, ou para uma barragem de hidrelétrica, como no Brasil.
Foto: AP
Liberdade de opinião (Artigos 18, 19, 20)
"Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião" (18). "Todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão" (19). "Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas" (20).
Foto: picture-alliance/dpa
Direito à participação (Artigos 21, 22)
"Todo indivíduo tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos" (21). Há um "direito à segurança social" e garantia de direitos econômicos, sociais e culturais, "que são indispensáveis à dignidade" (22).
Foto: REUTERS/Saudi TV/Handout
Direito ao trabalho (Artigos 23 e 24)
"Toda pessoa tem direito ao trabalho". "Toda pessoa tem direito a igual remuneração por igual trabalho". "Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória" e pode participar de um sindicato (23). "Toda pessoa tem direito ao lazer" (24).
Foto: picture-alliance/dpa
Uma vida digna (Artigo 25)
"Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais necessários". "A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais." No mundo inteiro, mais de 2 bilhões estão subnutridos, mais de 800 milhões passam fome.
Foto: picture-alliance/dpa
Direito à educação (Artigo 26)
"Toda pessoa tem direito à educação". O ensino fundamental deve ser obrigatório e gratuito para todos. "A educação deve ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do respeito aos direitos humanos." Na prática, 750 milhões de pessoas no mundo são analfabetas, das quais 63% são mulheres e 14% são jovens entre 15 e 24 anos, afirma o relatório sobre educação da Unesco.
Foto: DW/H. Hashemi
Arte e ciência (Artigo 27)
"Toda pessoa tem direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico". Todos os "autores de obras de ciência, literatura ou arte" estão protegidos legalmente. Hoje, a distribuição digital de muitas obras é algo controverso. Muitos autores veem seus direitos autorais violados pela distribuição na internet.
Foto: AP
Direitos indivisíveis (Artigos 28, 29, 30)
"Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades possam ser plenamente realizados" (28). "Toda pessoa tem deveres para com a comunidade" (29). Nenhum Estado, grupo ou pessoa pode limitar os direitos humanos universais (30). Todos os Estados-membros da ONU assinaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos.