Bolsonaro e ministros discutiram até a legalização dos jogos de azar, mas não mencionaram UTIs ou como lidar com aumento de mortes por covid-19. Um dos participantes chegou a afirmar que "pico" parecia ter passado.
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Em pouco menos de duas horas de reunião, o presidente Jair Bolsonaro e seus ministros discutiram a legalização de jogos de azar e a privatização do Banco do Brasil, e abordaram até mesmo a quantidade de descendentes de ucranianos no Brasil, além de distribuírem ofensas para governadores, prefeitos e membros do Supremo Tribunal Federal (STF). O vídeo do dia 22 de abril, liberado pelo STF, também reforçou a suspeita de que Bolsonaro agiu contra a Polícia Federal (PF) para proteger sua família.
Apesar da gama variada e confusa de assuntos, um tema em especial despertou pouco interesse de quase todos os participantes: o combate ao aumento de infecções e mortes por covid-19.
As palavras "UTI", "respiradores" e "ventiladores" não foram mencionadas uma vez sequer no encontro, de acordo com a transcrição da reunião. Praticamente nenhum participante propôs auxiliar autoridades estaduais ou municipais no combate à pandemia ou como reduzir o número de mortes e frear o avanço de casos.
Só um ministro chegou a levantar brevemente uma espécie de estratégia em meio à pandemia: Nelson Teich, que havia se juntado ao governo cinco dias antes e acabaria ficando menos de um mês no cargo. E, mesmo assim, a intervenção de Teich só despertou algum interesse de outros participantes por potencialmente envolver um plano de transição para a "saída" do isolamento social, um tema caro ao presidente, que se opõe radicalmente a qualquer tipo de quarentena.
Teich chegou a alertar que antes de qualquer flexibilização seria preciso fortalecer o sistema hospitalar, que, segundo ele, estava sendo sucateado pelo coronavírus. A fala chegou a despertar rapidamente o interesse de Walter Braga Netto, ministro da Casa Civil. Mas nem ele nem Teich apontaram como ajudar os hospitais.
Ao todo, Teich falou por menos de quatro minutos na reunião que se estendeu por quase duas horas, em plena pandemia de coronavírus.
Em 22 de abril, dia da reunião, o país acumulava oficialmente 2.906 mortes por covid-19 e cerca de 45 mil casos. Na manhã deste sábado (23/05), eram 21.048 mortos e cerca de 330 mil casos.
Sem foco nas vítimas e doentes, o tema da pandemia acabou mesmo sendo usado por quase todos os participantes como pano de fundo para promover suas agendas radicais e paranoias e como combustível para os ataques e queixas de Bolsonaro.
Aproveitar para "passar a boiada"
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por exemplo, chegou a afirmar que o governo deveria aproveitar que a imprensa estava com suas atenções voltadas à pandemia para afrouxar a legislação ambiental e até mesmo as regras de patrimônio histórico.
"Estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de covid e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas. De Iphan, de Ministério da Agricultura, de Ministério de Meio Ambiente, de ministério disso, de ministério daquilo."
Ucranianos e aborto
A ministra da Família, a evangélica Damares Alves, por sua vez, abordou Teich na reunião não para falar de combate à covid-19, mas para demonstrar preocupação com a presença de "feministas" no Ministério da Saúde.
Ela demonstrou a preocupação de que a questão da pandemia pudesse "trazer o aborto de novo para a pauta", como havia ocorrido anteriormente, segundo ela, com o vírus zika. Damares também afirmou, sem qualquer prova, que havia recebido informações de que "haveria contaminação criminosa em Roraima e Amazônia, de propósito, em índios, pra dizimar aldeias e povos inteiros para colocar nas costas do presidente Bolsonaro".
Damares chegou a falar sobre uma construção ao "enfrentamento do coronavírus", mas rapidamente passou para curiosidades sobre descendentes de ucranianos no Brasil. "É um país plural. Quando a gente foi buscar os povos tradicionais agora para a gente construir o enfrentamento ao coronavírus, nós descobrimos que nós temos 1,3 milhão de ucranianos no Brasil e ninguém nunca falou de ucranianos para nós no Brasil."
"Destacar comorbidades" e "armar o povo"
Bolsonaro mencionou a pandemia para reclamar de ações de governadores e prefeitos, além de juízes que autorizaram a saída de presos. "O que esses caras fizeram com o vírus, esse bosta desse governador de São Paulo, esse estrume do Rio de Janeiro, entre outros, é exatamente isso. Aproveitaram o vírus, tá um bosta de um prefeito lá de Manaus agora, abrindo covas coletivas. Um bosta", disse.
Bolsonaro também sugeriu armar a população para intimidar autoridades locais que impuserem medidas de isolamento social. "Por isso que eu quero, ministro da Justiça e ministro da Defesa, que o povo se arme! [...] Um bosta de um prefeito faz um bosta de um decreto, algema, e deixa todo mundo dentro de casa. Se tivesse armado, ia pra rua", disse.
A intervenção breve de Teich, a única em toda a reunião sobre a adoção de uma estratégia para conter a doença, também não despertou interesse de Bolsonaro. Logo após a fala do ministro, o presidente passou a se queixar da divulgação de uma nota pela Polícia Rodoviária Federal, que lamentou a morte de um agente por covid-19. Segundo Bolsonaro, a corporação deveria ter destacado que o agente era "obeso". "Vamos alertar a quem de direito, ao respectivo ministério, pode botar covid- 19, mas bota também que tinha fibrose... montão de coisa", pediu o presidente, afirmando que "não queria levar mais medo para a população".
Bolsonaro também citou o coronavírus ao falar das cobranças para mostrar seu exame. "Tem aí OAB da vida, enchendo o saco do Supremo, para abrir o processo de impeachment porque eu não apresentei meu exame de vírus, essas frescurada toda, que todo mundo tem que tá ligado", disse.
"Pico já passou, né?"
O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, chegou a minimizar a pandemia. "A minha sensação, de quem não é especialista no negócio, mas que observa os números, é que o tal do pico, o tal do famoso pico, que gerava tantas preocupações, a minha sensação é que esse pico já passou, né?".
Naquele dia, o Brasil havia registrado oficialmente em 24 horas 165 novas mortes por covid-19. Na sexta-feira (22/05), foram 1.001 novos óbitos adicionados ao balanço em um dia.
O ministro da Economia, o ultraliberal Paulo Guedes, só abordou a pandemia marginalmente, especialmente para se queixar do plano de investimentos Pró-Brasil, que vem sendo tocado por outras pastas, comparando o programa a iniciativas fracassadas do governo Dilma Rousseff. Ele também defendeu a legalização do jogo – uma pauta que foi levantada na reunião pelo ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio –, a venda do Banco do Brasil e, como sempre tem feito desde o início do governo, apesar dos maus resultados econômicos, vendeu otimismo. "O Brasil vai surpreender o mundo", disse.
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, também aproveitou a ocasião para promover um cenário mirabolante para o Brasil em uma espécide de "nova ordem mundial" pós-coronavírus. "Eu estou cada vez mais convencido de que o Brasil tem hoje as condições, tem a oportunidade de se sentar na mesa de quatro, cinco, seis países que vão definir a nova ordem mundial."
Em meio a sucessivas polêmicas, nomes do primeiro e segundo escalão do governo não resistiram a críticas e pressões. Relembre alguns.
Foto: picture-alliance/dpa/NurPhoto/A. Borges
Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência
A primeira baixa de ministros foi a de Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, em 18 de fevereiro de 2019. Importante articulador da campanha de Bolsonaro, Bebianno esteve envolvido em denúncias de que o PSL, partido que ele presidiu de janeiro a outubro de 2018, teria usado candidaturas laranjas. Além disso, entrou em confronto com Carlos Bolsonaro. Floriano Peixoto assumiu a vaga.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Correa
Vélez Rodríguez, ministro da Educação
Pelo Twitter, Bolsonaro anunciou, em 8 de abril de 2019, a saída do então ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, após uma onda de demissões no alto escalão da pasta. Rodríguez acumulou atitudes polêmicas, como declarar que os livros didáticos sobre ditadura militar seriam revisados, além de pedir que as escolas filmassem os alunos cantando o hino. Seu substituto foi Abraham Weintraub.
Foto: Marcelo Cassal Jr. /Abr
Santos Cruz, da Secretaria de Governo
O terceiro ministro – e o primeiro da ala militar – a cair foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo, em 13 de junho de 2019. A demissão foi atribuída à falta de alinhamento político-ideológico com o governo. Santos Cruz era alvo de ataques regulares de Olavo de Carvalho, guru do presidente, e acumulava intrigas com Carlos Bolsonaro. Assumiu a vaga Luiz Eduardo Ramos.
Foto: DW/M. Estarque
Ribeiro de Freitas, presidente da Funai
O general da reserva Franklimberg Ribeiro de Freitas foi exonerado da presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai) em 12 de junho de 2019. Segundo ele próprio alegou, sua queda se deveu à pressão dos ruralistas. À época da demissão, Ribeiro de Freitas denunciou que Bolsonaro está sendo mal assessorado nas questões indígenas e que a Funai sofre com orçamento limitado e déficit de pessoal.
Foto: Abr/M. Camargo
Juarez da Cunha, presidente dos Correios
Bolsonaro anunciou em público a demissão do presidente dos Correios, o general Juarez da Cunha, em 14 de junho de 2019. Em encontro com jornalistas, o presidente disse que o chefe da estatal vinha se comportando como "um sindicalista". O ministro da Secretaria-Geral da Presidência Floriano Peixoto assumiu o cargo e, para a antiga vaga de Peixoto, foi designado Jorge Antonio de Oliveira Francisco.
Foto: Agencia Brasil/José Cruz
Joaquim Levy, presidente do BNDES
Joaquim Levy renunciou à presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 16 de junho de 2019, após embate público com o presidente. No dia anterior, Bolsonaro havia dito que Levy estava com "a cabeça a prêmio" – o motivo foi a nomeação por Levy do executivo Marcos Barbosa Pinto para a diretoria de Mercado de Capitais do BNDES. O substituto foi Gustavo Montezano.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Ricardo Galvão, diretor do Inpe
Logo após o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgar aumentos dramáticos no desmatamento da Floresta Amazônica, Bolsonaro acusou o então diretor do instituto, Ricardo Galvão, de mentir. Galvão rebateu as críticas do presidente e acabou sendo exonerado em 2 de agosto de 2019. O oficial da Força Aérea Darcton Policarpo Damião foi oficializado como diretor interino.
Foto: DW/N. Pontes
Marcos Cintra, secretário da Receita Federal
A demissão de Marcos Cintra, secretário da Receita Federal desde o início do governo Bolsonaro, foi anunciada em 11/09/2019. A decisão de Paulo Guedes, ministro da Economia, teria sido motivada por divergências com a "nova CPMF". A crise fora deflagrada pela divulgação antecipada de estudos para a cobrança de um imposto semelhante à extinta Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira.
Foto: Agência Brasil/Arquivo/W. Dias
Roberto Alvim, secretário da Cultura
O dramaturgo de extrema-direita Roberto Alvim foi demitido por Bolsonaro em 17 de janeiro, três meses depois de assumir a Secretaria Especial da Cultura. Ele perdeu o cargo após divulgar um absurdo vídeo repleto de referências ao nazismo. Inicialmente, Bolsonaro relutou demitir Alvim, mas a repercussão do caso selou o destino do secretário, que atribuiu sua queda a uma "ação satânica".
Foto: Secretaria Especial da Cultura
Gustavo Canuto, ministro do Desenvolvimento Regional
Bolsonaro trocou, em 6 de fevereiro de 2020, o ministro do Desenvolvimento Regional. Gustavo Canuto foi substituído por Rogério Marinho, que era secretário de Previdência e articulou a reforma da aposentadoria. Servidor de carreira do Ministério da Economia, Canuto teria pedido para deixar o cargo. Ele era alvo de críticas de Bolsonaro, que não estaria satisfeito com o Minha Casa Minha Vida.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Osmar Terra, ministro da Cidadania
Osmar Terra foi tirado do cargo de ministro da Cidadania e retomou o mandato como deputado federal. No dia 13 de fevereiro de 2020, Bolsonaro anunciou a saída do ministro Onyx Lorenzoni da Casa Civil para assumir o Ministério da Cidadania no lugar de Terra. Como novo chefe da Casa Civil foi escolhido o general do Exército Walter Souza Braga Netto.
Foto: picture-alliance/dpa/I. Franco
Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde
Bolsonaro demitiu seu ministro da Saúde em 16 de abril de 2020, em plena pandemia de covid-19. Luiz Henrique Mandetta e o presidente vinham protagonizando um embate público desde que o Brasil entrou no compasso do coronavírus, semanas antes. Ao contrário de Bolsonaro, Mandetta defendia o isolamento social para conter o avanço da pandemia. Para o seu lugar, foi escolhido o oncologista Nelson Teich.
Foto: picture-alliance/dpa/Zumapress/P. Jacob
Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, renunciou ao cargo em 24 de abril de 2020, depois de um embate com Bolsonaro sobre o comando da Polícia Federal (PF). Nomeado com a promessa de ter "carta branca" à frente de um superministério, o ex-juiz da Lava Jato acusou o presidente de interferir na PF para ter acesso a informações de inquéritos.
Foto: Reuters/A. Coelho
Nelson Teich, ministro da Saúde
Menos de um mês após ter assumido o cargo, em meio à pandemia de covid-19, Nelson Teich pediu demissão. Apesar de ter dito que tinha um "alinhamento completo" com o presidente, o médico teve divergências com Bolsonaro, que pressionou o ministro para aprovar um uso mais amplo da cloroquina no tratamento da covid-19, apesar de não haver evidências científicas da eficácia e segurança do medicamento.
Foto: picture-alliance/AP Photo/E. Peres
Regina Duarte, secretária da Cultura
A atriz Regina Duarte deixou a Secretaria Especial da Cultura em 20 de maio de 2020, menos de três meses depois de assumir o cargo. À frente da pasta, ela acumulou atritos com a ala ideológica do governo, que via sua atuação como muito branda com "a esquerda". Já a classe artística criticou a gestão errática e os comentários de Duarte que minimizaram os crimes da ditadura militar.
Foto: picture alliance/dpa/Palacio do Planalto/M. Correa
Abraham Weintraub, ministro da Educação
Após dias de especulações e uma escalada do desgaste político com o STF, Abraham Weintraub confirmou sua saída do Ministério da Educação em 18 de junho de 2020, em vídeo ao lado de Bolsonaro. Sua passagem pela pasta durou pouco mais de 14 meses e foi envolta em polêmicas, tendo acumulado desafetos e disputas públicas, além de se tornar alvo de inquéritos.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Camargo
Carlos Decotelli, ministro da Educação
Havia expectativa de que Carlos Decotelli imprimisse normalidade ao MEC após a gestao tumultuada de Weintraub. Mas as credenciais acadêmicas do novo ministro logo passaram ser questionadas. Ele dizia que tinha doutorado, mas foi desmentido. Ainda exagerou sobre ter completado um pós-doutorado na Alemanha. E foi acusado de plágio. Pediu demissão cinco dias após ser indicado, sem ter tomado posse.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Correa
Eduardo Pazuello, ministro da Saúde
No pior momento da pandemia no Brasil, com recordes de mortes diárias e hospitais em colapso, Bolsonaro anunciou a saída de Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde, em 16 de março de 2021. Pazuello vinha sendo pressionado pelo agravamento da crise sanitária e pela lentidão da vacinação. Para a vaga foi escolhido o médico Marcelo Queiroga, quarto ministro a ocupar o cargo em menos de um ano.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores
Um dos mais polêmicos aliados de Bolsonaro, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, anunciou sua saída em 29 de março de 2021. Extremista de direita e adepto de teorias conspiratórias, era visto como um obstáculo na diplomacia com vários países, dificultando, inclusive, a compra de vacinas da China e da Índia. Sua saída desencadeou uma reforma ministerial, com seis trocas em um dia.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa
Horas depois do anúncio de Araújo, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, também deixou o cargo, sem explicar os motivos. "Agradeço ao presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao país. Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado", afirmou em nota.
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
José Levi, Advocacia-Geral da União
Pouco depois, o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), José Levi, também entregou o cargo. A saída de Levi teria sido pedida por Bolsonaro, após o chefe da AGU ter se recusado a assinar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade do Planalto ao STF contra restrições impostas por alguns governadores para conter a pandemia. Para sua vaga, foi designado o ministro da Justiça, André Mendonça.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Comandantes das Forças Armadas
Em 30 de março de 2021, o Ministério da Defesa anunciou a troca simultânea e inédita dos três comandantes das Forças Armadas. Edson Pujol (à direita na foto), do Exército, Ilques Barbosa, da Marinha, e Antônio Bermudez, da Aeronáutica, já haviam cogitado colocar seus cargos à disposição, como sinal de que não compactuariam com tentativas do presidente de usar as Forças Armadas em seu benefício.
Foto: picture-alliance/AP Photo/E. Peres
Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente
Em 23 de junho de 2021, após muita pressão, Ricardo Salles pediu demissão do Ministério do Meio Ambiente. Ele foi substituído por Joaquim Álvaro Pereira Leite, até então secretário da Amazônia e Serviços Ambientais da pasta. Com gestão marcada por polêmicas, "boiadas" e desmatamento e queimadas recordes, Salles é alvo de dois inquéritos no STF, ambos envolvendo comércio de madeira ilegal.
Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República do Brasil
Milton Ribeiro, ministro da Educação
Em 28 de março de 2022, após vir à tona a "farra dos pastores", o ministro da Educação Milton Ribeiro pediu exoneração. Ele é suspeito de favorecer prefeituras na liberação de recursos do MEC, tendo dois pastores como intermediários. Sua situação ficou ainda mais frágil após a revelação de um áudio em que ele admitia que favorecia os pastores a pedido do presidente Jair Bolsonaro.
Bento Costa Lima Leite de Albuquerque, ministro de Minas e Energia
Em 11 de maio de 2022, o presidente Jair Bolsonaro trocou a chefia do Ministério de Minas e Energia, ao exonerar Bento Costa Lima Leite de Albuquerque. O novo titular nomeado para a pasta foi Adolfo Sachsida, aliado de Paulo Guedes. A mudança ocorreu após críticas de Bolsonaro à política de preços da Petrobras, estatal ligada ao Ministério de Minas e Energia.