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Vacinação começa em 20 de janeiro, diz Pazuello a prefeitos

14 de janeiro de 2021

Após anúncios contraditórios, ministro prevê início da imunização na próxima quarta-feira, se Anvisa der aval no domingo. Governo garante 8 milhões de doses em janeiro - bem abaixo dos 24,7 milhões anunciados em dezembro

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello
Pazuello prometeu a prefeitos 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca-Oxford em janeiro, número bem abaixo dos 15 milhões de doses anunciados em dezembroFoto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Em reunião com prefeitos nesta quinta-feira (14/01), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, informou que a vacinação contra a covid-19 terá início na próxima quarta-feira, 20 de janeiro. O plano ainda depende da aprovação do uso emergencial das vacinas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que tomará uma decisão no próximo domingo.

Mais de 130 líderes municipais participaram do encontro virtual da Frente Nacional de Prefeitos com Pazuello nesta quinta-feira. Vários dos presentes confirmaram as declarações do ministro, embora o Ministério da Saúde ainda não tenha feito um anúncio oficial.

"A vacinação contra a covid-19 começará no dia 20 de janeiro [...]. A melhor vacina, certificada pela Anvisa, é a que será disponibilizada", afirmou o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM).

Segundo prefeitos presentes, a pasta prevê que 8 milhões de doses de vacinas estejam disponíveis para a população ainda neste mês. Essas doses se referem às importadas pelo Instituto Butantan, que desenvolve a vacina Coronavac em parceria com a empresa chinesa Sinovac, e pela Fiocruz, que tem acordo com a farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford.

"De acordo com o ministro Pazuello, na próxima segunda chegam 2 milhões de doses da AstraZeneca para estados. Há também 6 milhões da Coronavac. Anvisa liberando domingo, distribuem na terça para iniciar na quarta, dia 20. Ou seja: 8 milhões de doses para janeiro", escreveu o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (DEM), no Twitter.

Loureiro confirmou que os primeiros 8 milhões de doses serão distribuídos a todo o país em quantidade proporcional à população de cada estado, que ficará responsável pela distribuição aos municípios, conforme havia anunciado o Ministério da Saúde no último fim de semana.

Na semana passada, a Anvisa recebeu os dois primeiros pedidos de registro emergencial no país de vacinas contra a covid-19. A autorização foi solicitada para a Coronavac e para a vacina da AstraZeneca-Oxford. A agência informou que marcou uma reunião para o próximo domingo, 17 de janeiro, para decidir sobre a autorização de ambos os imunizantes.

Anúncios contraditórios

Enquanto dezenas de países já começaram a imunizar sua população contra a covid-19, o Brasil não incluiu um cronograma claro de vacinação em seu plano nacional, com Pazuello fazendo anúncios contraditórios e promessas que logo eram desmentidas.

O ministro chegou a afirmar que a vacinação poderia começar em dezembro com doses da vacina da Pfizer-Biontech, já aprovada em vários países, mesmo depois de a empresa dizer que não poderia fornecer nenhuma dose naquele mês. Em um espaço de dias, ele ainda lançou datas como janeiro, fevereiro ou março para o início da imunização.

Em dezembro, o governo finalmente apresentou um vago plano de vacinação, sem datas e com informações incompletas sobre protocolos de segurança. Cientistas que foram citados como colaboradores reclamaram que nunca tinham visto o documento.

Além disso, os 8 milhões de doses que o governo garantiu ter para este mês ficam bem abaixo dos números prometidos por Pazuello em dezembro, quando o ministro afirmou que o governo deveria receber 24,7 milhões de doses de vacinas ainda em janeiro.

Desse montante, 15 milhões de doses seriam da vacina da AstraZeneca-Oxford, que será fabricada no Brasil pela Fiocruz, outros 9 milhões seriam do imunizante Coronavac, do Butantan, e 500 mil da vacina da Pfizer-Biontech. No entanto, apesar do ministro falar em 15 milhões de doses da AstraZeneca-Oxford, a Fiocruz informou que só deve entregar o primeiro lote de 1 milhão a partir da segunda semana de fevereiro. Até o momento, o ministério só conta efetivamente com 2 milhões de doses prontas, compradas no fim de dezembro, que devem chegar na sexta-feira da Índia.

Guerra política

A escolha da data em 20 de janeiro também parece ser uma tentativa do governo federal de se antecipar ao cronograma divulgado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), adversário político do presidente Jair Bolsonaro. O estado marcou para 25 de janeiro o início da vacinação.

Na semana passada, autoridades de saúde paulistas afirmaram que o estado manterá seu cronograma de imunização, independente do planejamento federal, e que não esperará o resto do país caso o plano nacional não comece antes do dia 25, conforme planejado.

A vacinação contra a covid-19 esteve no centro de uma disputa política entre Bolsonaro e Doria, com o presidente muitas vezes minimizando a aposta do governo paulista, a Coronavac, e desprezando qualquer esforço na corrida para imunizar a população.

Bolsonaro chegou a desautorizar seu ministro da Saúde após anúncios de acordos com a vacina chinesa, e comemorou uma decisão da Anvisa que suspendeu temporariamente os estudos clínicos da Coronavac após a morte de um participante dos testes, que depois se mostrou não relacionada à vacina. "Mais uma que Jair Bolsonaro ganha", afirmou o presidente à época.

Atrás do mundo na corrida pela imunização, o governo federal apostou inicialmente todas as suas fichas em apenas um imunizante, o da AstraZeneca-Oxford, enquanto vários outros países se comprometeram com um leque diversificado de vacinas. A falta de interesse da gestão federal acabou levando estados a firmarem acordos por conta própria, como fez Doria, que também apostou em apenas um imunizante.

EK/ots

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