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Vacinas de covid geram lucros bilionários a farmacêuticas

17 de novembro de 2021

Ganhos da Pfizer, BioNTech e Moderna são de 65 mil dólares por minuto, diz estudo. Aliança afirma que empresas priorizam contratos lucrativos com países ricos, enquanto pobres têm somente 2% da população vacinada.

Frascos de vacinas contra a covid-19 amontoados
Empresas ignoram apelos para transferir tecnologia e permitir acesso a milhões de pessoasFoto: CHRISTOF STACHE AFP via Getty Images

As farmacêuticas Pfizer, BioNTech e Moderna estão obtendo lucros combinados de 65 mil dólares por minuto (aproximadamente 357 mil reais) em razão do sucesso de suas vacinas contra a covid-19.

Ao mesmo tempo, a vacinação nos países mais pobres ainda é insuficiente: as farmacêuticas têm vendido a ampla maioria de suas doses para as nações ricas, em detrimento das de renda mais baixa.

As conclusões são de um estudo realizado pela People's Vaccine Alliance (PVA) – uma coalizão internacional com mais de 80 membros que defende o amplo acesso aos imunizantes –, com base em balanços financeiros publicados pelas próprias empresas.

A PVA estima que, juntas, as três farmacêuticas terão lucros de 34 bilhões de dólares em 2021, o que corresponde a mil dólares por segundo, 65 mil por minuto ou 93,5 milhões por dia.

"É obsceno que poucas empresas ganhem milhões de dólares em lucros a cada hora, enquanto somente 2% da população nos países de renda baixa está totalmente vacinada contra o coronavírus", afirma Maaza Seyoum, da African Alliance, que é membro da PVA.

"Pfizer, BioNTech e Moderna usaram seus monopólios para priorizar os contratos mais lucrativos com os governos mais ricos, abandonando os de baixa renda", critica.

Segundo o estudo, a Pfizer e a BioNTech enviaram menos de 1% de suas doses da vacina contra a covid-19 para as nações mais pobres, enquanto a Moderna entregou apenas 0,2%. Atualmente, 98% da população dos países de baixa renda ainda não possui ciclo vacinal completo.

A atitude das três empresas contrasta com a de suas maiores concorrentes, a AstraZeneca e a Johnson & Johnson, que venderam suas vacinas em caráter não lucrativo. Mesmo assim, estas últimas já anunciaram que devem encerrar essa prática no futuro, com o arrefecimento da pandemia.

Transferência de tecnologia

A PVA denuncia que, apesar de receberem financiamento público de mais de 8 bilhões de dólares, Pfizer, BioNTech e Moderna se recusam a transferir a tecnologia da produção de suas vacinas para os países de renda média e baixa através da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Isso, por si só, "poderia aumentar os estoques globais, reduzir os preços e salvar milhões de vidas", afirma a aliança.

"No caso da Moderna, isso ocorre apesar de forte pressão da Casa Branca e de pedidos da OMS para que a empresa colabore para acelerar os planos de replicar a vacina da Moderna, para ampliar a produção em seu centro de mRNA na África do Sul."

O CEO da Pfizer, Albert Bourla, descartou a transferência de tecnologia justificando se tratar de uma "insensatez perigosa". Entretanto, a decisão da OMS de aprovar o uso emergencial da vacina indiana Covaxin comprova que países em desenvolvimento possuem capacidade e conhecimento para produzir imunizantes, afirma a PVA.

A aliança internacional, cujos membros incluem as entidades African Alliance, Global Justice Now, Oxfam e Unaids, pede às farmacêuticas a suspensão imediata das propriedades intelectuais das vacinas contra a covid-19, ao concordarem com uma proposta de renúncia ao acordo TRIPS (sobre propriedade intelectual) da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Essa medida é apoiada por mais de 100 países, incluindo os Estados Unidos, onde estão as sedes de boa parte dessas farmacêuticas, mas enfrenta a oposição de outras nações ricas como o Reino Unido e a Alemanha.

rc/ek (AFP)

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