Valor nutricional do canibalismo leva Ig Nobel de Nutrição
14 de setembro de 2018
Premiação é sátira do Nobel e destaca pesquisas "que primeiro fazem rir, depois pensar". Outros temas premiados são o poder de limpeza da saliva e o uso de passeios em montanhas russas para tratar pedras nos rins.
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Uma análise do valor nutricional do canibalismo, um estudo sobre como tratar pedras nos rins andando em montanhas russas e uma pesquisa sobre as vantagens de se vingar de um chefe com bonecos de vodu foram alguns dos vencedores do prêmio Ig Nobel de 2018, anunciados nesta quinta-feira (13/09).
A premiação é uma sátira do Prêmio Nobel e destaca organizações e cientistas que tenham tido ideias curiosas "que primeiro fazem as pessoas rirem, depois pensarem". Ela é organizada pela revista satírica Anais das Pesquisas Improváveis.
Neste ano, a 28ª cerimônia do Ig Nobel concedeu o prêmio de Medicina a dois pesquisadores americanos por um estudo publicado em outubro de 2016 sobre os benefícios de passeios em montanhas russas para acelerar a passagem de pedras nos rins. O estudo calcula a velocidade com que as pedras se deslocam nos rins de passageiros que escolhem os assentos da frente e nos de passageiros que ficam nos vagões de trás.
O prêmio na categoria Nutrição foi para pesquisadores do Reino Unido, Tanzânia e Zimbábue por calcularem o valor calórico de uma dieta de canibalismo humano. A conclusão foi de que a dieta canibal tem muito menos calorias que dietas carnívoras tradicionais. "Nós não somos muito nutritivos", disse o arqueólogo britânico James Cole.
Nenhum ser humano foi morto durante a pesquisa: o valor foi estimado com uma fórmula que calcula o valor calórico de partes do corpo com base no peso e composição química.
Na categoria Antropologia foi premiado um estudo que mostra que chimpanzés imitam humanos com tanta frequência e tão bem quanto humanos imitam chimpanzés, conduzido por pesquisadores de sete países europeus e da Indonésia.
O Ig Nobel de Química foi para um grupo de pesquisadores portugueses que analisou o poder de limpeza da saliva humana. Eles concluíram que ela é um bom limpador para alguns tipos de superfícies.
Os vencedores do Ig Nobel recebem uma cédula de 10 trilhões de dólares do Zimbábue, o que equivalente a alguns centavos em dólares americanos, e os prêmios são entregues por vencedores do Prêmio Nobel.
Os vencedores tiveram que viajar por conta própria para Massachusetts, nos Estados Unidos, para receber o prêmio na Universidade de Harvard.
Cada vencedor foi convidado a realizar um discurso de 60 segundos, antes de ser interrompido por uma garota de 8 anos que reclamava no palco: "Por favor, pare. Estou entediada".
Uma equipe de pesquisadores do Canadá, da China, de Cingapura e dos EUA venceu o Ig Nobel de Economia com uma pesquisa sobre o uso de vodus para se vingar do chefe.
"Queríamos entender porque subordinados revidam os chefes se isso é ruim para eles", disse Li Liang, professora assistente de administração da Universidade de Wilfrid Lauer, em Waterloo, no Canadá. "Todos sabemos que gritar com seu chefe é ruim para a carreira. Então por que as pessoas fazem isso?"
Como os pesquisadores não podiam pedir às pessoas que agredissem seus chefes, os participantes receberam um vodu online com as iniciais de seus chefes. Eles tinham a opção de usar alfinetes, alicates ou tacar fogo no boneco virtual. O estudo conclui que os participantes se sentiram melhor após o experimento, ou, como disse uma do pesquisadores, "a percepção de injustiça foi desativada".
Os projetos podem provocar risadas, mas o vencedor da categoria Educação Médica, o pediatra Akira Horiuchi, afirmou que ganhar um Ig Nobel ajuda a chamar atenção para estudos que, como o seu próprio, poderiam ser ignorados.
Em sua pesquisa, Horiuchi fez uma colonoscopia em si mesmo para demonstrar que não é preciso temer o procedimento. O pediatra do Hospital Geral de Showa Inan, no Japão, usou um colonoscópio para crianças e permaneceu sentado, em vez de assumir a postura deitada, tradicional para o exame.
Segundo Horiuchi, a incidência e as taxas de mortalidade do câncer colorretal no Japão estão crescendo. Ele disse que, caso seu trabalho faça com que alguém se sinta mais disposto a fazer uma colonoscopia, ele pode ter ajudado a salvar algumas vidas.
Sabia que uma atriz de Hollywood inventou a base da telefonia por celular? Conheça mulheres que revolucionaram a ciência com suas pesquisas, descobertas e inventos – do filtro de café a sistemas de computação.
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Hedy Lamarr e a transmissão de dados sem fio
Ela e o compositor George Antheil inventaram um sofisticado sistema de comunicação para despistar radares, patenteado em 1942 por George Antheil e Hedy Kiesler Markey, nome original da atriz austríaca. Hoje, o "frequency hopping" (alternância de frequência) é base da moderna comunicação por espalhamento espectral. Essa técnica é usada nos protocolos Bluetooth, Wi-Fi e CDMA.
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Ada Lovelace, primeira programadora
Já no início do século 19, Ada Augusta King, condessa de Lovelace (1815-1852), delineou o mundo dos computadores de hoje com sua invenção. Em 1835, a matemática inglesa desenvolveu um programa complexo para um computador mecânico nunca concluído, o "mecanismo analítico". Foi a base para as linguagens de programação posteriores, o que a tornou a primeira programadora do mundo.
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Barbe-Nicole Clicquot, "Grande Dame" do champanha
A francesa Barbe-Nicole Clicquot (1777-1866) inventou o método hoje conhecido como "remuage": as garrafas de champanhe são armazenadas com o gargalo para baixo e agitadas e giradas com regularidade, para que os sedimentos da levedura se depositem junto à rolha provisória. Isso garante uma bebida clara, sem a perda da efervescência.
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Josephine Cochrane e a máquina de lavar louça
Se não fosse essa americana rica, muita gente ainda estaria brigando para decidir quem lava a louça. Josephine Cochrane (1839-1913) gostava de organizar festas e se irritava com os empregados, que com frequência quebravam os pratos. Para zelar por sua fina porcelana, ela patenteou a máquina de lavar louça em dezembro de 1886.
Foto: public domain
Marie Curie, a primeira Prêmio Nobel
Marie Curie (1867-1934) é uma das mais importantes cientistas da história. A polonesa naturalizada francesa foi a primeira mulher a ganhar um Nobel, ao lado do marido, Pierre Curie, em 1903, por suas pesquisas na área da física. Em 1911, ganhou o Nobel de Química. Ela pesquisou a radioatividade e descobriu os elementos químicos polônio e rádio.
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Melitta Bentz e o filtro de café
Quando a mãe e dona de casa alemã Melitta Bentz (1873-1950) tomava café, ela sempre se incomodava com os irritantes grãozinhos entre os dentes. Certo dia, ela espontaneamente pegou o mata-borrão dos cadernos dos filhos, colocou-o em uma lata perfurada e serviu o café. Assim nasceu o filtro de café, que foi patenteado por ela em 1908, quando tinha 35 anos.
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Grace Hopper, pioneira da computação
A cientista da computação Grace Murray Hopper (1906-1992) ensinou o computador a falar. Enquanto os pioneiros da computação ainda se comunicavam em uma linguagem enigmática, esta pioneira já transformava os programas de computador de código binário em linguagem compreensível. Ela desenvolveu a linguagem de programação que serviu de base para a criação do Cobol (Common Business Oriented Language).
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Gertrude Elion, pioneira da medicina
Quando o avô da americana Gertrude Belle Elion (1918-1999) morreu de câncer, ela decidiu pesquisar a doença. A bioquímica e farmacologista fez contribuições significativas para o avanço da quimioterapia, ao desenvolver uma droga usada para tratar a leucemia até hoje. Em 1989, ela recebeu o Nobel de Medicina.
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Mária Telkes e a energia do futuro
Durante a Segunda Guerra Mundial, a cientista húngaro-americana Mária Telkes (1900-1995) inventou uma usina de dessalinização movida a energia solar. Em 1947, ela e a arquiteta Eleanor Raymond construíram uma casa completamente aquecida por energia solar. A base dessa tecnologia é usada ainda hoje.
Foto: Gemeinfrei
Margaret Hamilton e a conquista da Lua
A matemática e cientista de computação americana Margaret Hamilton (1936) chefiou durante muitos anos a divisão de software do programa Apollo, da Nasa. Ela desenvolveu o programa de voo usado pela Apollo 11, a primeira missão tripulada que aterrissou na Lua. Além disso, desenvolveu vários conceitos que são hoje a base dos sistemas de software.