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Vampiro: verdade ou superstição?

(aa)4 de fevereiro de 2002

Ciência explica o que deu origem às crendices relacionadas ao vampirismo. Professores alemães acreditam que mortes misteriosas podem ser atribuídas à ação de doenças contagiosas.

Tempestade sobre o cemitério: cena típica de livros e filmes sobre vampirosFoto: AP

Ser da escuridão, ameaça à humanidade. Na calada da noite, deixa o seu caixão para amedrontar os homens e sugar-lhes o sangue. Verdade ou superstição, o fato é que o vampiro é um mito conhecido mundialmente, mas cientificamente pouco estudado. Para os professores alemães Frank Möbus e Thomas Crozier, no entanto, "nenhum mito consegue manter-se vivo por tanto tempo, se não estiver enraizado na realidade".

Há seis anos estudando o assunto, o professor de Biologia e Medicina Möbus e o docente de Literatura Crozier desvendaram alguns dos mistérios relacionados ao vampirismo. Segundo eles, "séculos atrás, em caso da morte subseqüente de dois entes da mesma família com sintomas semelhantes, o primeiro falecido era desenterrado". Às vezes, ao ser aberto o caixão, o morto era encontrado com o rosto rosado e com a boca cheia de um líquido vermelho, como sangue".

Acreditava-se que as pessoas enterradas não estavam completamente mortas e que deixavam seus caixões para atacar os vivos. A existência de sangue em suas bocas comprovava a teoria, pois tratava-se "de restos da última refeição dos mortos". Os ruídos produzidos pelos gases exalados dos corpos eram interpretados como ruídos de mastigação dos morto-vivos.

Crendices populares

Tais explicações não passam de crendices para os cientistas. Os estudiosos afirmam que todos esses fenômenos são sintomas naturais da decomposição dos corpos. Além disso, as inúmeras mortes registradas poderiam ter sido causadas pela ação de doenças contagiosas, sobre as quais "nada se sabia na época".

Para evitar o ataque sanguinário, a população passou a enfiar estacas no coração, arrancar a cabeça ou queimar os corpos dos supostos vampiros. Na Áustria, Sérvia, México e Estados Unidos existem cerca de 25 cemitérios de vampiros, em cujas covas estão esqueletos sem cabeça e corpos com estacas. Em alguns casos, foram encontrados cadáveres com um crucifixo de ossos sobre o peito.

Seguindo as pistas dos vampiros

Em 1732, houve uma série de mortes de cirurgiões e soldados austríacos na Sérvia, na região próxima à Turquia. Sem explicações para as misteriosas mortes, estas foram atribuídas aos vampiros. Mais tarde, historiadores relacionaram essa série de mortes a uma epidemia de raiva, que se alastrou pelo sudeste da Europa nessa época.

A notícia do ataque de vampiros na Sérvia espalhou-se rapidamente pela Europa, causando medo e desespero. As teorias ligadas ao vampirismo ganharam força total, sendo que sacerdotes de pequenos vilarejos aproveitaram-se da situação. Eles começaram a lucrar com os rituais de exorcismo, em que afirmavam expulsar o demônio dos supostos vampiros e de suas vítimas. A partir de então, deu-se início à grande caça aos vampiros.

O surgimento de Drácula

Em 1897, o escritor irlandês Bram Stocker (1847-1912) fez a ligação do vampirismo com uma figura histórica, o príncipe Vlad Tepes (1431-1476) da Transilvânia (hoje localizada na Romênia). Ele recebeu, no livro de Stocker, o nome de conde Drácula e tornou-se uma das figuras mais conhecidas e exploradas do cinema, da literatura e das artes plásticas.

Segundo Frank Möbus, pode-se constatar um verdadeiro renascimento do interesse popular pela figura de Drácula e pelo vampirismo, desde 1984. Na sua opinião, isto não é nenhum acaso: nessa época, tornou-se conhecida a Aids e o seu contágio pelo sangue.

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