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Van der Bellen e o desafio de dar unidade à Áustria

Kersten Knipp (ca)4 de dezembro de 2016

Durante a campanha, ambientalista e independente adotou discurso que flertava com conservadorismo e patriotismo. Como presidente, ele terá que conquistar a confiança da metade mais radical do eleitorado.

Cartaz de campanha de Van der Bellen em Viena
Cartaz de campanha de Van der Bellen em Viena: candidato terá de ajudar a Áustria a reencontrar o equilíbrio político.Foto: picture alliance/APA/picturedesk/Techt

Como chefe dos verdes, Alexander Van der Bellen – eleito como presidente da Áustria neste domingo (04/12), segundo prognósticos – sempre defendeu uma sociedade aberta e multicultural. Durante a campanha eleitoral, ele também deu continuidade a esse curso: "Resistamos à tentação de levantar novamente velhas cercas", declarou, sobre a política migratória.

Ao mesmo tempo, o professor de economia levou em consideração o clima crítico à imigração em seu país. Embora a Áustria seja um país aberto, argumentou durante a campanha, ali não há mais espaço para migrantes econômicos.

Em sua página de internet, Van der Bellen se apresenta como um adepto das caminhadas, acompanhado de cães na região do Tirol. Uma imagem ambígua, que tanto alude ao seu passado verde – ele participou da campanha eleitoral como candidato independente – quanto o mostra como um cidadão ligado às coisas de sua terra natal.

Em tempos de migração em massa, o conceito de "pátria" ganhou especial importância principalmente entre os eleitores conservadores. "Acredito na nossa Áustria", anunciou Van der Bellen.

Como chefe dos verdes, Van der Bellen sempre defendeu uma sociedade aberta e multiculturalFoto: Reuters/H.-P. Bader

Para ele, não é especialmente difícil lidar com os conservadores. Pelo contrário: "Van der Bellen era o bem-humorado intelectual entre os ecologistas", escreveu a revista Profil. "Podia-se dizer com razoável certeza que ele não investia seu tempo em construir túneis para rãs. Além disso, como professor, ele trouxe certo senso de realidade ao mundo maravilhoso dos verdes."

"Mudança, não destruição"

Consequentemente, durante sua campanha eleitoral, "VdB" perseguiu o caminho do meio-termo. "Precisamos de mudança, mas não de uma destruição das atuais circunstâncias", lia-se em sua página de internet, onde também se afirmava que esta eleição presidencial apontaria um caminho: "Ou mais polarização e destruição do sistema ou mais cooperação e modificação do sistema. Eu sempre vou colocar a experiência unificadora à frente da separatista."

Van der Bellen entrou relativamente tarde na política. Durante muito tempo, o professor de economia nas Universidades de Innsbruck e Viena simpatizou com os social-democratas. O plano de se construir uma usina hidrelétrica no rio Danúbio em 1984 foi a razão de ele se juntar aos verdes, que queriam impedir o projeto. Dez anos mais tarde, ele entrou no Parlamento austríaco pelo Partido Verde. O ponderado Van der Bellen contribuiu decididamente para a reunificação de um partido que se encontrava esfacelado.

Depois de seu partido, sua tarefa agora é reunificar o seu país. A vitória de Van der Bellen por 53,3% dos votos contra 46,7% do adversário populista, segundo prognósticos, mostra que ele ainda terá de convencer muitos austríacos de sua pessoa e de suas preferências políticas. Agora, Van der Bellen terá de ajudar sua pátria a reencontrar o equilíbrio político.

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