Ômicron se espalha a um ritmo sem precedentes, alerta OMS
15 de dezembro de 2021
Organização Mundial da Saúde afirma que nova variante do coronavírus provavelmente já chegou à maioria dos países do mundo e pede ações para contê-la. Cepa deve se tornar dominante na Europa até meados de janeiro.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta terça-feira (14/12) que a nova variante ômicron do coronavírus está se espalhando a um ritmo sem precedentes e apelou para que países adotem ações para conter a disseminação.
"A ômicron está se propagando a um ritmo que não vimos com nenhuma variante anterior", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Registrada oficialmente em 77 países, a nova cepa provavelmente já se espalhou para a maioria das nações, mesmo que não tenha sido detectada, disse.
Segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a nova cepa se tornará dominante na Europa já no mês que vem. "Se você observar quanto tempo demora para que novos casos dobrem, parecem estar dobrando a cada dois ou três dias. Em meados de janeiro devemos esperar que a ômicron seja a nova variante dominante na Europa", disse nesta quarta.
Von der Leyen insistiu que há "doses suficientes de vacina para todos os europeus agora", num momento em que países da União Europeia impulsionam a aplicação de doses de reforço para conter a rápida disseminação da ômicron.
Até esta terça, o Brasil registrou 12 casos da variante.
Grande número de mutações e incertezas
Inicialmente detectada no sul da África e reportada à OMS em 24 de novembro, a ômicron tem um grande número de mutações, causando alarme desde a sua descoberta. Dados preliminares sugerem que ela é bem mais transmissível que a variante delta, atualmente dominante no mundo, e pode ser resistente a vacinas.
Embora o Reino Unido tenha confirmado nesta segunda a suposta primeira morte ligada à ômicron no mundo, ainda não há qualquer prova de que a variante provoca casos mais graves de covid-19.
Nesta terça, a OMS afirmou que, apesar de ter registrado uma enorme alta de casos na última semana, a África teve um menor número de mortes em relação a ondas anteriores. Mesmo assim, pediu cautela e que países ajam rapidamente para conter a transmissão e proteger seus sistemas de saúde.
Bruce Aylward, especialista da OMS, alertou contra uma conclusão precipitada de que a variante provoca somente casos mais leves de covid-19.
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Boas notícias da Pfizer
Nesta terça, a farmacêutica americana Pfizer anunciou que estudos clínicos recentes confirmaram que sua pílula experimental para o tratamento da covid-19, chamada de Paxlovid, reduz em quase 90% o risco de hospitalização ou morte pela doença em adultos e funciona também contra ômicron.
"Esta notícia fornece mais corroboração de que nosso candidato a antiviral oral, se autorizado ou aprovado, pode ter um impacto significativo na vida de muitos", disse o diretor-executivo da Pfizer, Albert Bourla, ressaltando que o novo medicamento poderia "salvar vidas".
"Esta notícia fornece outra ferramenta potencialmente poderosa na nossa luta contra o vírus, inclusive contra a variante ômicron", comentou o presidente dos EUA, Joe Biden.
Nesta terça, os óbitos por covid-19 registrados ao longo da pandemia superaram a marca de 800 mil nos EUA, que lidera o ranking de mortes. Por enquanto, a ômicron responde por 3% dos novos casos no país, um número que deve aumentar rapidamente, como o que ocorreu no Reino Unido, por exemplo.
Também nesta terça, um estudo de larga escala divulgado na África do Sul indicou que duas doses da vacina da Pfizer-Biontech para a covid-19 oferecem uma proteção de apenas 33% contra uma infecção com a variante ômicron do novo coronavírus, mas de 70% contra hospitalizações. Cientistas classificaram o resultado de encorajador, embora represente uma proteção menor do que a oferecida contra outras variantes.
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine