Variante brasileira pode reinfectar até 61% dos recuperados
3 de março de 2021
Pesquisa do Imperial College indica que, além de ser mais transmissível, cepa P1 do coronavírus pode driblar sistema imunológico. Cientista afirma ser cedo para dizer se variante é resistente a vacinas.
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A variante do coronavírus detectada pela primeira vez no Amazonas tem potencial de driblar o sistema imunológico e causar reinfecções pelo novo coronavírus, afirmaram cientistas nesta terça-feira (02/03) com base no resultado de um estudo preliminar.
De acordo com pesquisadores do Reino Unido e do Brasil, a variante brasileira, chamada de P1, possui uma "constelação única de mutações" e se tornou rapidamente a variante dominante na região.
De um total de 100 infectados em Manaus que já haviam se recuperado de uma infecção pelo coronavírus, "entre 25 e 61 estão suscetíveis a uma reinfecção com a P1", afirmou o especialista Nuno Faria, do Imperial College London, que é coautor do estudo preliminar.
Faria ressaltou, no entanto, ser ainda muito cedo para afirmar se a variante seria resistente às vacinas desenvolvidas até o momento contra a covid-19. "Não há nenhuma evidência conclusiva que sugere que os imunizantes atuais não funcionam contra a P1. Acredito que as vacinas nos protegerão pelo menos contra a doença e possivelmente contra a infecção", acrescentou.
A variante do Amazonas já foi detectada em ao menos 20 países. Cientistas do mundo todo estão preocupados com a possibilidade de a cepa ser resistente às vacinas.
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Detalhes do estudo
Realizado pelo Imperial College London em parceria com pesquisadores da Universidade de Oxford e da Universidade de São Paulo (USP), o estudo indica que a P1 surgiu provavelmente em Manaus no início de novembro. A primeira infecção com a cepa foi identificada em 6 de dezembro.
"Vimos então a rapidez com que a P1 ultrapassou outras linhagens e descobrimos que a proporção da cepa passou de zero a 87% em cerca de oito semanas", afirmou Faria.
O estudo preliminar, que ainda não foi revisado por outros pesquisadores, sugere ainda que a cepa do Amazonas seja entre 1,4 e 2,2 vezes mais transmissível do que outras variantes, e esse seria provavelmente um dos fatores responsáveis pela segunda onda da pandemia no Brasil.
"Provavelmente faz as três coisas ao mesmo tempo: é mais transmissível, invade mais o sistema imunológico, e, provavelmente, deve ser mais patogênica", afirmou Ester Sabino, professora da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do grupo da universidade que participou do estudo. "Não se podem explicar tantos casos a não ser pela perda de imunidade", acrescentou.
Baseado num modelo matemático realizado pelo Imperial College London, o estudo analisou genomas de 184 amostras de secreção nasofaríngea de pacientes diagnosticados com covid-19 em laboratórios de Manaus entre novembro de 2020 e janeiro de 2021.
A cidade foi palco de um piores momentos da pandemia no país. A explosão de casos levou à escassez de oxigênio e a um colapso do sistema de saúde no início deste ano.
cn/lf (Reuters, Efe, Lusa)
Onde se escondem os coronavírus
Vírus por toda parte! Talvez no tomate, no pacote do correio, até no próprio cão de estimação? O Departamento de Avaliação de Risco da Alemanha esclarece o que se sabe sobre o Sars-Cov-2.
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Maçanetas contaminadas
Os coronavírus conhecidos permanecem infecciosos em superfícies como maçanetas por quatro a cinco dias, em média. Como todas as infecções por gotículas, o Sars-Cov-2 se propaga por mãos e superfícies tocadas com frequência. Embora seja ainda relativamente desconhecido, os especialistas partem do princípio que os conhecimentos sobre as variedades já estudadas se aplicam ao novo coronavírus.
Por isso é necessário certo cuidado durante o almoço no refeitório do trabalho – se ainda estiver funcionando. Em princípio, coronavírus contaminam pratos ou talheres se alguém infectado espirra ou tosse diretamente neles. No entanto, o Departamento Federal alemão de Avaliação de Riscos (BfR) enfatiza que "até agora não se sabe de infecções com o Sars-Cov-2 por esse meio de transmissão".
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Medo de importados?
Ainda segundo o BfR, os pais não precisam temer um contágio através de brinquedos importados. Até o momento não pôde ser comprovado nenhum caso desses. Os estudos sugerem que o novo coronavírus seja relativamente instável em termos ambientais: os patógenos permaneceriam infecciosos durante vários dias sobretudo a temperaturas baixas e alta umidade atmosférica.
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Vírus pelo correio?
Em geral, coronavírus humanos não são especialmente resistentes sobre superfícies secas. Como sua estabilidade fora do organismo humano depende de diversos fatores ambientais, como temperatura e umidade, o BfR considera "antes improvável" um contágio por pacotes de correio – embora ressalvando ainda não haver dados mais precisos sobre o Sars-Cov-2.
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Pingue-pongue entre cão e dono?
Meu cachorro pode me contagiar e eu a ele? Também o risco de contaminação de animais domésticos é considerado muito baixo pelos especialistas, embora não o descartem. Os próprios animais não apresentam sintomas patológicos. Caso infectados, contudo, é possível transmitirem o coronavírus pelas vias respiratórias ou excreções.
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Verduras assassinas?
Igualmente improvável é a transmissão do Sars-Cov-2 através de alimentos contaminados, na avaliação do BfR, não sendo conhecidos casos comprovados. Lavar cuidadosamente as mãos antes do preparar da refeição continua sendo mandatório nos tempos da covid-19. Como os vírus são sensíveis ao calor, aquecer os alimentos pode reduzir ainda mais o risco de contágio.
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Longa vida no gelo
Embora os coronavírus Sars e Mers conhecidos até o presente reajam mal ao calor, eles são bastantes resistentes ao frio, permanecendo infecciosos a -20 ºC por até dois anos. Também aqui, contudo, não há qualquer indício de cadeias infecciosas do Sars-Cov-2 por meio do consumo de alimentos, mesmo supercongelados.
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Animais silvestres são tabu
Um efeito positivo do surto de covid-19 é a China ter proibido o consumo de carne de animais selvagens. Há fortes indícios de o novo coronavírus ter sido transmitido aos seres humanos por um morcego. O animal, porém, não teve qualquer culpa: ele foi possivelmente servido como iguaria, certamente contra a própria vontade. E agora os seres humanos amargam a "maldição do morcego que virou sopa"...