Variante delta poderá ser dominante em poucos meses, diz OMS
21 de julho de 2021
A cepa altamente contagiosa do coronavírus já está presente em 124 países e responde por mais de 75% dos casos em várias nações. Mundo se aproxima de 200 milhões de infectados.
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A altamente contagiosa variante delta do coronavírus deve se tornar nos próximos meses a cepa dominante no mundo, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira (21/07).
A variante delta foi detectada pela primeira vez na Índia e há registros dela em 124 territórios – 13 a mais do que na semana passada – e já responde por mais de 75% das amostras sequenciadas em muitos dos principais países, afirmou a OMS.
"Espera-se que a variante delta supere rapidamente as outras variantes e se torne a linhagem dominante em circulação nos próximos meses", divulgou a agência sanitária das Nações Unidas em sua atualização epidemiológica semanal.
Entre as outras três variantes preocupantes do coronavírus, a alfa, detectada inicialmente no Reino Unido, foi registrada em 180 territórios (aumento de seis em relação à semana passada), a beta, que surgiu primeiramente na África do Sul, possui registro em 130 territórios (aumento de sete), e a gama, originária do Brasil, está presente em 78 territórios (aumento de três).
De acordo com as sequências do Sars-Cov-2 submetidas à iniciativa científica global Gisaid durante as quatro semanas prévias ao dia 20 de julho, a prevalência da variante delta excedeu 75% em vários países. A lista inclui África do Sul, Austrália, Bangladesh, Cingapura, China, Dinamarca, Índia, Indonésia, Israel, Portugal, Reino Unido e Rússia.
"Evidências cada vez mais notórias sustentam o aumento da transmissibilidade da variante delta em comparação com as cepas que não são consideradas preocupantes. No entanto, o mecanismo exato para o aumento da transmissibilidade permanece obscuro", disse a OMS.
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Mundo se aproxima de 200 milhões de casos
A organização informou que cerca de 3,4 milhões de novos casos de covid-19 foram relatados ao longo da semana que terminou em 18 de julho – um aumento de 12% em relação à semana anterior.
"Nesse ritmo, espera-se que o número acumulado de casos notificados globalmente possa ultrapassar 200 milhões nas próximas três semanas", estipulou a OMS.
Segundo a contagem realizada pela universidade americana Johns Hopkins, o mundo registrou, desde o início da pandemia, mais de 191 milhões de infecções pelo coronavírus e 4,12 milhões de mortes ligadas à doença.
A Organização Mundial da Saúde afirmou que o aumento global na transmissão parece ser impulsionado por quatro fatores: mais variantes transmissíveis; o relaxamento das medidas restritivas de saúde pública; o aumento da interação social e um elevado número de pessoas ainda não vacinadas.
Os casos de infecção aumentaram 30% na região do Pacífico Ocidental e 21% na região europeia. Os números mais expressivos foram registrados na Indonésia (350.273 novos casos – aumento de 44% em relação à semana anterior), Reino Unido (296.447 novos casos – aumento de 41%) e Brasil (287.610 novos casos – queda de 14%).
O número de mortes semanais no mundo, no entanto, permaneceu estável em torno de 57 mil óbitos – taxa semelhante à registrada na semana anterior, após um declínio constante por mais de dois meses.
pv/ek (AFP, ots)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine