Vaticano abre arquivos secretos pré-Segunda Guerra
18 de setembro de 2006Todos os arquivos secretos do Vaticano relativos ao pontificado de Pio 11 e seu papel no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial foram abertos ao público e, em parte, disponibilizados na internet (asv.vatican.va), nesta segunda-feira (18/09).
Até agora, só uma parte destes documentos era acessível a pesquisadores. As fontes históricas abrangem toda a atividade diplomática da Santa Sé no período de 1922-1939. Historiadores esperam revelações sobre o envolvimento do Vaticano nos acontecimentos que desencadearam a Segunda Guerra, como a chegada de Mussolini, Hitler e Stalin ao poder, as guerras coloniais e as leis raciais alemãs e italianas.
Bento 16 apenas cumpriu um desejo de seu antecessor João Paulo 2º, que anunciara em 2003 a decisão de abrir os arquivos. Apesar das críticas de historiadores do Holocausto e organizações judaicas, os arquivos do pontificado de Pio 12 (1939-1958) continuam fechados.
Ajuda a judeus nos bastidores
Críticos acusam Pio 12 de haver silenciado sobre o Holocausto. Apesar disso, o cardeal alemão Walter Kasper defendeu sua planejada canonização. "Pio 12 conduziu a Igreja em tempos difíceis e não se deve julgá-lo com demasiado rigor hoje. Ele também fez com que a Igreja em Roma tivesse ajudado muitos judeus nos bastidores", disse à agência italiana de notícias Ansa.
No final dos anos 90, João Paulo 2º foi o primeiro papa a admitir publicamente a "falta de resistência dos filhos e filhas da Igreja à perseguição aos judeus". Segundo o historiador Hubert Wolf, da Universidade de Münster, com a abertura dos arquivos secretos, o Vaticano dá "um sinal de que realmente quer esclarecer seu passado".
Além dos documentos liberados nesta segunda-feira, já estão disponíveis para pesquisas o acervo do Departamento de Informações do Vaticano para os Prisioneiros de Guerra, com documentos de 1939 a 1947, e das nunciaturas de Munique e Berlim até 1939, informou a agência Ecclesia.
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