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Vaticano sinaliza nova atitude para com gays

14 de outubro de 2014

Relatório questiona se Igreja estaria pronta a acolher gays, que têm "dons e atributos a oferecer". O que uns veem como um grande avanço, é criticado por outros como traição dos valores familiares tradicionais.

Bispos reúnem-se no Vaticano para discutir o tema famíliaFoto: Getty Images/F. Origlia

Bispos católicos sinalizaram uma mudança radical do tom adotado pela Igreja em relação aos homossexuais nesta segunda-feira (13/10). Um documento do Vaticano afirma que eles têm "dons e atributos a oferecer" e questiona se o Catolicismo poderia aceitá-los e reconhecer os aspectos positivos de casais do mesmo sexo.

O relatório preliminar – elaborado após uma semana de discussões durante a Terceira Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, convocada pelo papa Francisco e cujo tema principal é a família –, afirma que a Igreja deveria desafiar a si mesma como um "espaço fraternal" para os homossexuais, sem comprometer a doutrina católica sobre família e matrimônio.

O texto não sinalizou mudanças com relação à condenação da Igreja de atos homossexuais ou do casamento gay, mas utilizou uma linguagem menos taxativa e mais compassiva do que a usada em documentos do Vaticano publicados antes da eleição de Francisco, em 2013.

"Homossexuais têm dons e atributos a oferecer à comunidade cristã: somos capazes de acolher essas pessoas, de garantir a elas mais espaço em nossas comunidades? Frequentemente, elas gostariam de encontrar uma Igreja que lhes ofereça um lar acolhedor", diz o relatório. "Nossas comunidades são capazes de aceitar e valorizar sua orientação sexual, sem comprometer a doutrina católica sobre o casamento e a família?"

"Mudança sísmica" ou "traição"

Grupos de defesa dos direitos da comunidade gay classificaram o documento como uma "mudança sísmica" na atitude da Igreja com relação aos homossexuais. Enquanto isso, conservadores viram o documento como uma traição dos valores familiares tradicionais.

No relatório, os bispos também afirmam que a Igreja deve aceitar divorciados e reconhecer os aspectos positivos do casamento civil e até mesmo de católicos que moram juntos, assim como das crianças nascidas nessas famílias menos tradicionais.

O documento não altera a doutrina da Igreja, mas o tom adotado sobre questões familiares como casamento, divórcio, homossexualidade e métodos anticoncepcionais foi mais de aceitação e compreensão do que de condenação. Ele servirá de base para um debate a portas fechadas, cujo documento final deverá ser divulgado no próximo sábado.

LPF/rtr/ap

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