O espaço visto pelas lentes da maior câmera do mundo
Timothy Jones com AFP
24 de junho de 2025
O Observatório Vera C. Rubin, no Chile, divulgou as primeiras imagens de berçários estelares e galáxias. Supercâmera pode detectar até mesmo pequenas mudanças no céu e é ideal para encontrar asteroides.
Esta imagem divulgada pelo Observatório Vera C. Rubin mostra um pequeno pedaço do Aglomerado de VirgemFoto: NSF-DOE Vera C. Rubin Observatory/AFP
Anúncio
O Observatório Vera C. Rubin, no Chile, divulgou as primeiras imagens de cenas de dentro da nossa galáxia, a Via Láctea, bem como de galáxias remotas, revelando objetos distantes com uma nitidez sem precedentes.
O observatório, financiado pelos Estados Unidos, está localizado no alto do Cerro Pachón, no centro do Chile, onde o céu noturno é particularmente claro e livre de poluição. Ele está equipado com a maior câmera digital do mundo e um telescópio de 8,4 metros.
"O maior filme astronômico de todos os tempos"
Segundo o site do observatório, o telescópio e a câmera "tirarão imagens detalhadas do céu do hemisfério sul por dez anos, cobrindo todo o céu a cada poucos dias e criando um registro em lapso de tempo ultra-amplo e de altíssima definição – o maior filme astronômico de todos os tempos."
A Nebulosa Trífida (canto superior direito) e a Nebulosa da Lagoa são vistas aqui em um mural composto por 678 imagensFoto: NSF-DOE Vera C. Rubin Observatory/AFP
Entre as primeiras imagens divulgadas está uma foto composta da Nebulosa Trífida e da Nebulosa da Lagoa, capturada ao longo de sete horas. Ambas são berçários de estrelas localizados dentro da nossa galáxia, a Via Láctea, mas a milhares de anos-luz de distância – e a imagem revela detalhes nunca antes vistos.
Outra imagem mostra o Aglomerado de Virgem, que inclui até 2 mil galáxias.
O Aglomerado de Virgem, com várias galáxias espiraisFoto: NSF-DOE Vera C. Rubin Observatory/AFP
O observatório, que levou duas décadas para ser construído, dará início ainda este ano ao seu projeto principal: o Levantamento de Legado do Espaço e do Tempo (LSST, na sigla em inglês), em que o céu noturno será escaneado de forma altamente precisa todos os dias, ao longo de uma década.
O observatório tem sido elogiado por, entre outras coisas, ser capaz de rastrear asteroides e detectar objetos interestelares que passam pelo sistema solar.
O observatório é uma iniciativa conjunta da Fundação Nacional de Ciência e do Departamento de Energia americanos, e leva o nome da astrônoma americana pioneira Vera C. Rubin (1928–2016).
A pesquisa de Rubin sobre as velocidades de rotação das galáxias forneceu as primeiras evidências convincentes da existência da chamada matéria escura – que alguns acreditam que é o que mantém as galáxias coesas apesar de estarem em rotação tão rápida, algo que de outra forma faria com que elas se desintegrassem.
As mais curiosas imagens do espaço em 2024
A China explorou pela primeira vez o lado oculto da Lua. Também impressionantes são as fotos de uma "galáxia sem estrelas", de um eclipse anular e de erupções solares.
Foto: HanxQiyang/Xinhua/IMAGO
Viagem chinesa ao lado oculto da Lua
Pode não parecer a imagem mais espetacular da lua, mas não se deixe enganar: este é o momento em que a espaçonave Chang'e 6, da China, foi lançada do outro lado da lua, em junho de 2024, para trazer de volta à Terra as primeiras amostras de rocha e poeira daquela região lunar pouco explorada.
Foto: Jin Liwang/IMAGO
Tortuosa missão japonesa
A ida do Japão à Lua em janeiro também foi um sucesso, apesar de seu Módulo de Aterrissagem Inteligente para Investigar a Lua (Slim, na sigla em inglês) ter aterrissado de forma errada. Um problema de motor durante o pouso fez com que os painéis solares ficassem no ângulo errado. Por isso, eles inicialmente não forneceram energia. Mas após nove dias, a energia voltou e o módulo iniciou sua missão.
Foto: Uncredited/JAXA/Takara Tomy/Sony Group Corporation/Doshisha University/AP/dpa/picture alliance
Um buraco negro que morde
Uma equipe de pesquisa europeia descobriu esse sistema composto por um buraco negro e sua estrela binária VFTS 243 – essa é uma imagem pós-processada. A descoberta fornece novas perspectivas sobre como os buracos negros se formam a partir da massa estelar. A VFTS 243 está localizada na Grande Nuvem de Magalhães, a cerca de 200 mil anos-luz da Terra.
Foto: Cover-Images/IMAGO
Quatro erupções simultâneas
Em abril de 2024, quatro erupções solares irromperam quase simultaneamente em diferentes locais da superfície do Sol. De acordo com a Nasa, que registrou o evento, isso quase resultou em uma tempestade solar em direção à Terra. Era a indicação de que a atividade solar atingia seu pico em um ciclo de 11 anos em 2024.
Foto: NASA/SDO/AIA/EVE/HMI science teams
Parece uma galáxia sem estrelas
Pesquisadores descobriram uma formação semelhante a uma galáxia que parece não ter quase nenhuma estrela. Os pesquisadores do US Green Bank Observatory encontraram a massa de poeira e gás por mero acaso. Ela consiste, em grande parte, de hidrogênio e matéria escura. Ela é invisível ao olho humano e só foi descoberta por sinais de rádio que a equipe captou por acaso.
Foto: STScI/NSF/GBO/P. Vosteen
Estrela em seus últimos momentos
Este é o primeiro registro próximo da estrela WOH G64, fora de nossa galáxia, em seu último estágio de vida. A WOH G64 está localizada na Grande Nuvem de Magalhães. A imagem, registrada pelo Observatório Europeu do Sul, mostra a estrela enquanto ela ejeta gás e poeira. "Esse é o último estágio antes de sua supernova", anunciou o observatório em novembro de 2024.
Foto: K. Ohnaka et al./ESO/REUTERS
Um raro eclipse anular
Outra raridade: o eclipse anular em outubro de 2024. Esses eclipses solares ocorrem quando a lua não cobre completamente o sol quando vista da Terra. A ocorrência desse "anel de fogo ao redor do sol" depende da distância da lua em relação à Terra e de onde o espetáculo é visto. Esta foto foi tirada na Ilha de Páscoa, no Chile.